Hoje comecei a tomar uns anti-depressivos recomendado pelos médicos, mas é claro que eles não o deixam comigo, porque acham que eu poderei me matar.... E sim eles estão certos.
Dia 7 de novembro de 2015
Assim que cheguei em casa casa já mandei mensagem para Flavia, sem me importar se iria parecer um idiota, ou "fácil" como o Felps me chamou quando eu contei o que tinha feito. Durante uma semana a gente ficou apenas conversando por chats e de uma certa forma se conhecendo mais, e é eu não estava errado, ela é realmente incrível.
No dia 10 eu resolvi chamá-la para sair, não era bem um encontro, e não tinha nem um lugar marcado, eu apenas vou buscar ela em sua casa e deixar as coisas rolarem.
Eu nunca nunca, nunca, fiquei tão nervoso pra sair alguém, eu já estava na 15ª muda de roupa e não tinha achado nada que fosse bom pra sair com ela, meu quarto estava uma bagunça com roupas para todo lado, e restavam apenas 15 minutos para eu não sair atrasado, decido então finalmente, usar um jeans, um blusa neutra, um moletom, e meu velho e bom all star, com apenas cinco minutos restantes saio de casa correndo pego a minha bicicleta e pedalo na velocidade da luz, chegando em sua casa exatamente as 16:30, eu toco sua campainha e como se ela estivesse esperando, a porta se abre no mesmo segundo.
—Nossa você é bem pontual—ri saindo de casa com uma bolsa— estou levando umas coisas pra gente comer!
—Ah ótimo —sorrio— você vai vir na minha bicicleta ou vai pegar a sua?
—A minha bicicleta estragou... Tem problema se eu... Ir com você?— ela me olha e desvia o olhar pra baixo.
—Não! Imagina, por mim tudo bem—Subo na minha bicicleta, ela olha sorridente pra mim e com a minha ajuda sobe sentando-se no guidão—Só chega um pouco pro lado pra eu poder ver a rua.
—Calma Rafinha—ela me encara— Não estou afim de morrer hoje—ri meio nervosa.
—Você está sendo levada por um ótimo motorista, só confia—ri meio confuso— "Rafinha"?
—Posso te chamar assim não posso?
—Pode— me chamar do que quiser penso— Flavinea.
—hmmmm flavinea. Gostei. Esses vão ser nossos apelidos particulares.
***
O sol já estava se pondo, em tons vermelhos e laranjas o céu nos iluminava, isso só deixa sus cabelos mais ruivo ainda, ela estende um pano quadriculado no chão e se senta colocando doces e salgados para fora da bolsa, me sento de frente pra ela apreciando a cor ruiva de seu cabelo e notando que uma mecha de seu cabelo era roxa.
—Não tinha visto essa mecha—ela olha pra mim ainda meio perdida—é linda.
—Ah obrigada—sorri meio corada—eu acho cores fortes tão lindas.
—Ficam ainda mais bonitas em você— coro um pouco e me envergonho por ter falado sem pensar.
—Para que eu fico com vergonha—ri e coloca o cabelo atrás da orelha, observo suas sardas clarinhas que só a deixam mais adorável.
O silêncio começa a predominar mas ao contrário do que eu sinto com outras pessoas esse silêncio é confortador, não a necessidade de assunto, pois só ao estar com ela já bastava, eu realmente nunca tinha sentido isso com, e eu a conhecia a tão pouco tempo e parecia que a conhecia de outras vidas, é clichê eu sei mas é exatamente assim que eu me sentia, completo como nunca jamais estive.
— Você sabe atirar pedrinhas na água e elas sairem quicando? Como nos filmes?—diz ela me tirando do transe enquanto encara o céu meio roxeado.
—Sei... E você?
—Me ensina?!?—ela se levanta em um pulo e fica na minha frente— Por favorzinho?
—O que eu ganho em troca?—zoou ela me levantando.
—Tem presente maior do que a minha companhia?—Ela me olha com um sorriso convencido, segura minha mão e me puxa para a margem do rio.
—Bom não é tão difícil—me abaixo pego a pedra e me levanto— É só você pegar uma pedra e fazer assim—pego impulso com o meu braço e jogo a pedra fazendo-a quicar três vezes— Viu?
—Acho que entendi— Fala concentrada pegando uma pedrinha— Hmmm —meio desengonçada joga a pedra que logo afunda ao acertar a água— Fail — ri e olha pra ele.
—Acho que não fui um bom professor — coço a nuca e faço uma cara de frustrado.
—Claro que não—ri e pega outra pedra—Eu só tenho que pegar o jeito—joga de novo e não acerta— Fail 2.0
—Deixa eu tentar te ajudar—Vou até ela e pego uma pedra, me posiciono atrás dela e passo a mão pelo seu braço instruindo a posição em que ela deve ficar, estão tão perto dela que consigo sentir o leve aroma de seu perfume— Então agora é só jogar...—saio de trás dela e me paro ao seu lado, percebo que seu rosto está meio corado, rapidamente ela joga a pedra que quiça duas vezes e afunda, ela me olha com felicidade em seus olhos e me abraça, rio com a sua atitude.
—Eu sempre quis fazer isso!—me solta e arruma o cabelo— Muito obrigada!
—Imagina Flavinea— sorrio e olho pra cima vendo a primeira estrela surgir—é pra isso que servem os amigos.
—O melhor amigo—ela pega outra pedra e faz quicar na água, tento não demonstrar mas por dentro estava explodindo em felicidade, não vejo problema em ficar na zona de amizade, eu só quero ficar com ela.
*****
A deixo em frente seu portão.
—Então acho que é isso—ela diz para mim com a bolsa no ombro escorada no portão— A gente se vê amanhã?
—Amanhã?—falo meio surpreso—Amanhã. Claro.
—Perfeito—ela sorri e se inclina pra perto de mim, ficando na ponta do pé e me dando um beijo na bochecha, ela me olha corada mas sem arrependimento— Até —acena, abre o portão entra e se vira para me olhar.
—Até—aceno de volta e começo a pedalar sem olhar para trás, durante o caminho para casa deixo um sorriso bobo dominar meu rosto, sentia algo que nunca havia sentido, acho que era bom, só faltava saber se era recíproco.
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Sunset
RandomHistericamente. Histericamente caia a chuva, eu a observava através das janelas gradeadas do manicômio, estou frio em meu pequeno quarto com apenas um fino lençol me tampa, mas eu não me importo, esse frio me traz boas lembranças de quando eu espera...