Capítulo III - Um tempo

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(Bip bip)

Corri para o telemóvel. "1 nova mensagem de Oliver". Após horas e horas de espera, uma notícia.

"Estás bem? Desculpa a demora mas era impossível afastar-me dela sem levantar suspeitas e agora vim à casa de banho e ainda pensa que estou de diarreia ahah só espero que esteja tudo bem contigo, por aqui também está. Tudo resolvido. Vemo-nos amanhã. Boa noite Snow"

Sorri por dentro com as últimas palavras, aquecia-me o coração quando me chamava assim, sabia o quão especial era este laço que tínhamos criado e já não era capaz de me afastar de ti. A consciência pesou-me naquele dia e continuava a debater-me, mas aquelas borboletinhas no estômago não desapareciam e sobrepunham-se aos meus pensamentos racionais. Foi aqui que as mentiras e os segredos começaram.

"Está tudo bem. Estava preocupada contigo e obrigada por teres mandado mensagem. Amanhã podemos falar melhor?"

Fiquei a olhar para o telemóvel durante horas e nem um sinal de ti. Conformei-me e decidi esquecer por um pouco, estava na hora de começar o treino de Voleibol e eu precisava de desanuviar a minha mente.

No final do treino, ansiosa, peguei no telemóvel e continuava sem mensagens tuas. Estavas com ela e eu não podia interferir, não mais do que já tinha feito. Amanhã era um novo dia e quem sabe ele tinha decidido afastar-se. Eu não o podia impedir.

Na tarde do dia seguinte dirigia-me à associação quando senti uma mão puxar-me para uma das salas.

-Shh, sou eu – Oliver sorria enquanto me dava um beijo na bochecha, que me deixou instantaneamente corada.

- Assustaste-me, sabes? E se estás sozinho podias ter dado uma notícia. – disse com uma ponta de raiva, tentando esquecer o toque dele.

- Oh queria te fazer uma surpresa e sabes que falo sempre que possível. Estou num momento delicado no que toca à Sophie. – disse ele com um beicinho na cara que eu não podia resistir.

- Vou fingir que acredito mas ainda bem que tudo se resolveu entre vocês os dois. Eu e o Danny também estamos bem e queria te perguntar se... – fitei-o sem saber bem se devia continuar a frase, tinha medo da resposta que ele me poderia dar – queres continuar esta amizade que temos? – olhei para as minhas mãos enquanto as entrelaçava.

Ele aproximou-se de mim, pegou numa das minhas mãos e entrelaçou-a nela enquanto com a outra mão subia o meu queixo para me olhar nos olhos.

- Eu não vou a lado nenhum.

Esta frase ecoa-me nos ouvidos ainda hoje. Um sorriso cresceu no meu rosto instantaneamente e foi este sorriso patético que levei comigo nos dias seguintes que iria para Santa Cruz com a Molly estudar. Mas, esse sorriso, pouco a pouco, foi-se desvanecendo. Passavam horas, até mesmo dias, sem uma única mensagem dele e foi neste preciso momento que caí na realidade, o que eu sentia por ele não era passageiro, não era apenas platónico, era real e esta distância corroía-me, sentia que o perdia por entre os dedos.

Eu sentia a tua falta, acordava à espera de ver uma mensagem tua,
ficava o dia inteiro agarrada ao telemóvel ou à espera que
conseguisses falar comigo pelo Facebook. Adormecia quase a
chorar e sentia-me desamparada.

Molly olhava-me sem entender o que se passava comigo. Sim, eu ainda não tinha sido capaz de desabafar com a minha melhor amiga, porque sentia que no momento que o fizesse, ao contar em voz alta o que se passava que os meus sentimentos se tornariam mais reais e definitivos.

Voltámos para Lisboa para ir festejar os Santos Populares. Tinhamos combinado com todos da associação, ou seja, eu sabia que irias lá estar e tinha receio de te encarar.

Sincerely, your exOnde histórias criam vida. Descubra agora