POV Regina
Minha cabeça latejava e meu estômago estava andando às voltas. Parei o carro o mais rápido possível, abri rapidamente a porta do Mercedes e vomitei minha refeição anterior, que havia sido feita um dia antes do acidente. Sim, eu não comia fazia horas. A minha cara ainda estava encharcada de lágrimas e meus olhos ainda estavam extremamente vermelhos. A cerca de uma hora do apartamento de Neal, eu só pensava em o que dizer pra Lily. Eu tinha que acabar com isso. Tinha que achar alguma maneira de negociar o que quer que fosse para que ela me deixasse a mim e ao Henry voltar para Storybrooke, voltar para nossa família. No mínimo, deixar Henry voltar... a Emma não poderia viver sem ele...
O silêncio do carro havia me atormentado por três horas... mais uma hora não me iria matar, eu esperava. Tudo aquilo era um estranho território. Era como se eu tivesse entrado numa vida completamente diferente daquela que sempre havia vivido, principalmente em Storybrooke. O silêncio do carro me incomodava, mas todas as músicas me faziam lembrar de Emma. Sentia falta da minha loirinha cantando aos altos berros as músicas... ela sempre sabia a letra de todas elas. Saudades de ouvir ela falando sobre coisas da delegacia que eu realmente nem queria saber... saudades de tudo... Eu sabia que eu ia morrer sem ela. Não morrer fisicamente, não parar de respirar. Mas sim morrer psicologicamente, sentimentalmente.
- Regina... você está completamente acabada... - Me lamentei em voz alta. O meu celular tocou, e assim que o fez meu coração disparou a mil. Olhei para o ecrã. Era David. Respirei fundo, pelo menos a louca da Lily ainda não havia achado meu número. Mesmo assim não atendi. Não queria falar com ninguém sobre minha saída de Storybrooke pela sua própria segurança. Colocar os Charmings nisto só pioraria as coisas, tanto pra mim, quanto para Emma. Mas... e se Emma tivesse finalmente acordado e... Ahh, não pense nisso... Por mais que eu quisesse tirar a Swan de minha cabeça, era impossível. Ela ia acordar achando que eu a abandonei e que ainda levei o seu filho comigo. Ela vai me odiar e se algum dia eu conseguir resolver tudo isso e voltar para a cidade, ela nem vai olhar pra minha cara. Estou apostando isso comigo mesma...
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POV David
Emma ainda não havia acordado, mas pelo menos ela se havia mexido. Pelo que o enfermeiro falou, o corpo da minha filha não havia sofrido danos de alta gravidade, o que era ótimo. O facto de ela se ter mexido não significava nada. Isso pode acontecer a qualquer um que se encontra num coma, mas as esperanças são as últimas a morrer, e esperamos que Emma acorde logo. Tentamos ligar para Regina, para lhe informar do acontecimento súbito, mas ela não atendeu o celular. Já fazia um pouco mais de três horas desde que Regina havia saído para procurar o Henry, e tambémdesde que ela ligado pra mim uma última vez. Ela parecia mal, na verdade, ela parecia arrasada. Ela pediu para que nós não a odiássemos, e ainda nos agradeceu por tudo. Fiquei confuso, mas pensei que não fosse nada de especial.
Desde que voltámos ao hospital, Mary não havia se levantado do seu assento. Achei estranho. A maneira como ela estava reagindo fazia alguns dias. O quão calma ela estava era anormal. E mais bizarro ainda, ela havia chorado por dias mesmo antes do acidente de Emma. Apesar de estar completamente frágil, era algo que já havia acontecido várias vezes. Eram choros súbitos, e sem motivo. Ela não queria sair de casa por nada, e passava a vida no banheiro. Talvez ela só tivesse doente. Talvez nada estava acontecendo de grave com ela.
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POV Emma
Não sei como eu vim aqui parar... Não conseguia ver nada para além de preto. Não conseguia ouvir nada para além da minha voz. Toda aquela quietude me deixava realmente desconfortável. Não sei bem o que estava acontecendo, estava efetivamente confusa. Não me lembro de vir aqui parar nem sei o que estou aqui fazendo. Não lembro de nada.
Subitamente, uma grande tela surgiu bem na minha frente. Parecia agora estar numa sala de cinema, completamente a sós. Eu e a grande tela que estava branca mas iluminava o quartinho preto. Alguns segundos depois, algumas coisas começaram a passar no painel gigante. Lágrimas começaram escorrendo por toda a minha face, e eu não tinha ideia de como aquilo estava acontecendo. Estava dando uma espécie de filme, o meu filme. Um filme do que eu via, na minha visão, na minha perspectiva. Eu via e ouvia tudo pela segunda vez na minha vida. Eu vi novamente a vez em que Henry me encontrou, vi novamente a viagem e a chegada à casa de Regina, vi tudo novamente. Como se... não... aquilo definitivamente eram memórias. Aquele joguinho da garrafa que me fez demonstrar meus sentimentos por Regina... a noite do filme, o Natal... até aquele momento na banheira... Aquilo parou. A tela desligou e voltou a deixar o quarto completamente escuro. Eu estava devastada. Eu não lembrava o que tinha acontecido e eu definitivamente não lembrava do que eu estava fazendo ali! Não havia saída. Eu estava presa em minha mente, e as memórias estavam me matando por dentro. Eu sentia saudades. Eu não sei bem porquê, mas eu realmente sentia. Tinha a sensação de que parte de mim havia ido embora, me deixado. Não queria pensar...
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POV Mary Margeret
David não podia saber disso. A Emma estava em coma, nós não sabíamos nada sobre a Regina nem do Henry, tudo estava desabando. Eu realmente não posso contar isto para meu marido... ainda... Esta não é a melhor altura, mas conter todos os sintomas para que isto não seja perceptível está começando a se tornar difícil. Enfim...
Eu não consigo acreditar que a Lily esteja por de traz de tudo isso... mas se tiver, vou me certificar que ela não sai imune. Posso não aceitar minha filha com Regina, mas com certeza confio o suficiente em Regina para saber que ela certamente fará qualquer coisa para proteger minha filha. Mais uma vez, não aceito elas as duas, mas sei que elas se amam... Então, Regina vai dar um jeito. Ela vai achar o Henry e voltar, Emma vai acordar, e todos iremos para casa.
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POV Narrador
O que nenhum deles sabia, era que tudo isso seria mais difícil do que parecia. Regina não iria apenas achar o Henry e levá-lo de volta pra casa. Emma não iria acordar tão rápido assim. Snow... bem, a Snow esperava por uma coisa nova, mas o receio de ser o momento errado para contar é evidente. Emma está presa em suas memórias. Ela não consegue se lembrar de nada a não ser sua família. Seus pais, Henry e Regina. Ela só via coisas boas, logo não fazia ideia o que havia acontecido com ela própria. Restava esperar. Esperar e esperar naquele quarto escuro. Sem nada. Sem ninguém. Só com memórias, vozes, e sua mente limitada.

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The Bottle Game
FanfictionEmma e Regina têm a mesma relação que têm há algum tempo. Uma pequena amizade,que apenas se baseia em mostrar o melhor lado de ambas para seu filho. Inesperadamente, Regina é convidada pela loira para ir em uma festa no Granny's, onde estariam pesso...