Epilog

9.6K 483 182
                                    




Eu havia assistido esse vídeo milhões de vezes...

Ele era meu tudo, do começo ao fim. Desde os sorrisos que eu via, até as danças loucas no meio da festa e a fugidinha básica que haviam dado. Elas eram tão jovens e tão lindas, enchia meu peito saber que aquelas mulheres eram as minhas mães.

E eu sabia todos os detalhes, cada sorriso, cada gesto.

No momento eu havia congelado a imagem enquanto o homem que gravava focou em Lauren e no olhar que ela dava para Camila.

É "AQUELE OLHAR", sabe? O olhar que diz tudo, os lábios dela estavam em um sorriso meigo emocionado, as lágrimas escorriam e ela olhava para Camila como se ela fosse a única mulher no mundo capaz de fazê-la feliz.

E acredite, ninguém no mundo seria capaz de negar ou contradizer.

Eu as amava com todo meu ser e eu me sentia miseravelmente falha ao não acreditar que existiria alguém no mundo que pudesse ter aquele tipo de amor por mim e vice-versa.

Sim, eu acredito nelas. No que transborda de seus olhos e bocas. E no meu amor por elas.

Mas não, como a boa (e também maldita) Cabello que eu era, realmente tinha minhas dificuldades para acreditar nesse sentimento saindo de mim. Para minha noiva.

E Theo ficava embasbacado com isso, como ele dizia: "Você é filha do amor Charlz, não é possível que não consiga sentir isso por outro ser humano". Mas no fundo, eu sabia que eu tinha medo de um destino parecido com o das melhores mães que poderia existir no mundo.

Eu era e ainda sou uma mistura avassaladora de Lauren e Camila. Isso resulta em sangue latino correndo em minhas veias, um fogo incontrolável para aprontar todas, mas ao mesmo tempo a responsabilidade latente, os medos e a segurança da mulher que tinha os olhos verdes mais acolhedores que uma filha poderia pedir.

E eu sentia tanta falta delas.

Já sei que nesse momento você se pergunta sobre Carol. Eu a amo, mas não sei se dessa forma. Não sei se com essa intensidade e muito menos se com toda essa confiança.

Mas não, viver com minhas mães não fez com que amor se tornasse um fardo, e sim algo verdadeiro que eu não via em quase ninguém.

Me levantei do sofá para pegar alguns lenços para meu nariz.

Todos os planos que eu fiz naquele dia de meu aniversario foram mudados, de alguma forma comecei a ficar incomodada por estar na casa da tia Luna, então comecei a mudar tudo até que tivesse em minha casa.

E tudo o que fiz quando entrei naquele lugar foi chorar. Porque aos 12 anos eu perdi minha família e meu amigo de infância, Spock já estava velho e ficou doente, falecendo dias depois.

Naquele momento eu chorei, porque eu não havia chorado quando elas partiram, chorei por todas as vezes que quis elas comigo, chorei por cada dia das mães que passei na escola encolhida no canto da sala por não ver elas ali. Chorei por todas as vezes que quis correr para os braços acolhedores delas ao conquistar algo para minha vida e por todas as vezes em que me deitei no colo dos meus enormes ursos de pelúcia desejando que fosse elas, porque pra mim Teddy era mais acolhedor do que abraços humanos cheios de pena.

Mas sinceramente? Eu só estava remoendo minha vida pelo fato de que no dia seguinte eu me casaria. E era a pergunta do milhão: "Eu realmente estava pronta para isso?"

Pronta ou não, tinha alguém batendo na minha porta.

- Já vou! - Gritei secando o rosto na toalha, após jogar água gelada para melhorar minha situação. O que foi falho.

Registro de Amor - "My Sin"Onde histórias criam vida. Descubra agora