Capítulo 4

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Valentina

Ajeitei minha roupa, retoquei meu batom, peguei minha pasta dando a última olhada se tudo estava ali e segui para a sala de reuniões, torcendo que tudo desse certo.

Caminhei com passos firmes e confiantes, eu estava segura quanto ao meu trabalho, ainda mais com os elogios de Alicia e Theo. Eu tinha a certeza que meu chefe iria gostar. Eu confiava nisso.

— Com licença senhor Whintes – digo colocando a cabeça para dentro da sala.

— Pode entrar – ele estava sentado na cabeceira da enorme mesa que ocupava praticamente todo o centro da sala. Com o olhar fixo na tela do computador, ele nem se deu ao trabalho de olhar para mim – fez o que eu te pedi?

— Sim senhor – respondo entregando a pasta com o meu trabalho.

— Sente-se – falou apontando para a cadeira ao seu lado direito.

— Obrigada.

Passei os dez minutos seguintes tentando interpretar a sua fisionomia, enquanto ele avaliava o meu trabalho.

Robert Whintes era uma pessoa indecifrável, não dava par saber com sua expressão facial o que ele estava pensando. Ele era uma caixa de surpresas, surpresas essas que a maioria das vezes era totalmente desagradável como Alicia havia me avisado.

— Bem senhorita Hammer – disse fechando a pasta, e cruzando os dedos bem na altura do seu rosto, segurando o queixo com os polegares. Seu rosto era no formato de um quadrado completamente másculo, o que fazia com que sua expressão se tornasse séria e completamente intimidadora. Uma onda de ansiedade estava lavando o meu corpo, provocando tremores imperceptíveis em minhas pernas – não gostei de nada que me foi apresentado aqui. Achei seus esboços fracos e amadores.

— Como? – eu não conseguia acreditar no que eu estava ouvindo.

— Isso que você ouviu – ele disse enquanto olhava a tela do celular que agora estava em suas mãos, onde digitava alguma coisa rapidamente – eu não gostei do que me foi apresentado.

— Você só pode está brincando comigo – falei soltando uma risada irônica sem pensar.

— Eu nunca brinco senhorita Hammer – ele me olhou sério enquanto falava, e levantou-se se dirigindo em direção à porta – faça novamente.

— Eu passei a noite toda fazendo isso – meus olhos já estavam pinicando pelas lágrimas que queria descer.

— Passe outra novamente. É assim que um publicitário cria, perdendo noites e mais noites de sono. Acostumasse – ele para quando chega à porta e me olha com aqueles malditos olhos azuis – e você deixou o celular na sua sala.

— O que? – não consegui entender o que ele estava falando.

— O telefone Hammer – ele disse sacudindo o seu próprio aparelho – nunca deixe o telefone fora do seu alcance, isso pode te prejudicar em algum momento.

Falando isso ele sai, fechando a porta atrás de si, me deixando completamente sem ação e com um ódio incontrolável, como nunca havia sentido antes.

Eu não sabia o que fazer tão pouco o que pensar. Aquele homem era um ser ruim, uma pessoa que sabia destruir tudo em sua volta, que sabia destruir as ilusões e os sonhos de quem estivesse por perto.

Sai daquela sala completamente desorientada. Meus olhos não conseguiam enxergar nada devido à quantidade de lágrimas que estavam ali. Meu rosto estava destruído, minha maquiagem estava borrada, e as teimosas lágrimas que desciam descontroladamente de meus olhos, não queriam cessar. A partir daquele momento eu passei a odiar meu chefe com toda força do meu coração. Nunca em minha vida eu senti tanto ódio de alguém como eu estava sentindo dele naquele momento.

Meu Melhor Pesadelo ( DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora