Meu Melhor Pesadelo ( DEGUSTAÇÃO)

Capítulo 5

Robert

Eu não conseguia entender a fascinação que meu irmão Theo tinha em querer ajudar as pessoas. Os seres humanos metem, mesmo quando você vai se ferrar por eles, eles ainda continuam mentindo. As pessoas não precisam ser ajudadas, não merecem compaixão. É isso que eu acho, é isso que eu aprendi, e aprendi da pior maneira possível. Nunca pensei que uma mentira contada por terceiros poderia mudar a vida de uma pessoa, fazer com que essa pessoa desacreditasse no amor, no afeto, na compaixão. O ser humano não merece ser amado. Nunca mais amaria ninguém na minha vida. O amor é para os fracos, e eu não sou fraco.

Para mim o que realmente importava hoje em dia são os resultados da empresa. Não sou o tipo de pessoa que se importa com os outros, eu não ligo a mínima para o que a outra pessoa possa querer, não ligo a mínima para o que possa sentir, o que me importa são os resultados que dão a minha empresa e que eu ganhe dinheiro com eles. Se não puderem atender as minhas expectativas e necessidades, eu simplesmente as substituo por alguém com qualificação maior. Sempre quero o melhor, e isso eu sempre consigo.

Você pode está pensando que tive alguma coisa na minha infância que posso ter me levado para um lado tão egoísta como esse. Acho que irei te decepcionar, eu nunca sofri nenhum tipo de abuso, nunca fui pobre, nunca fui rejeitado. Eu sou assim: antissocial, mesquinho, exigente. Só apenas uma vez fui injustiçado, e isso me mudou pelo resto da vida, me transformando nessa pessoa forte e inabalável, mesquinha e cruel. Esse sou eu. Robert Whintes.

Meu irmão Theo realmente é o meu oposto. Mas isso não me importa, o que importa é que a empresa está indo de vento em polpa, e para mim é isso o mais importante. Não preciso de pessoas me rodeando somente pelo que eu tenho, ou pelo nome que eu assino.

***

— Robert, estou com uma ideia para completarmos nosso quadro de funcionário – disse ele em uma das nossas reuniões semanais. Nossa empresa estava com déficit de dez funcionários, pois os que ocupavam essas vagas não aguentaram a pressão, e pediram pra sair.

— E o que seria? – perguntei curioso com mais uma das ideias malucas do meu irmão, mas devo confessar que mesmo as mais loucas são maravilhosas.

— Abrir uma seleção para jovens sem experiência – aquilo era um tanto quanto arriscado, mas continuei a ouvir sua ideia.

— E porque isso? Não seria mais fácil termos os mais experientes do mercado? – ele sorriu e continuou.

— É ai que eu queria chegar – ele bateu com a caneta na mesa – os mais experientes já são moldados de alguma forma, agora os que nunca trabalharam, poderemos deixá-los do nosso jeito.

— Olhando por esse lado seria uma coisa muito boa – eu concordei com meu irmão – e como seria essa seleção?

— Colocarei o anuncio em um jornal de circulação nacional, e vamos ver o que dá – ele encostou na cadeira largando a caneta em cima da mesa.

— Você adora aparecer Theo – e isso era mesmo, meu irmão adorava aparecer.

— Sou um narciso nato! – disse ele com a sua tradicional gargalhada.

A ideia do meu irmão era boa, pois eu sabia que melhor coisa a ser feita seria moldar os novos do que tentar mudar com velhos.

Após dois dias que o anuncio foi publicado, os currículos começaram a chegar à empresa. Theo ficou responsável pela seleção e depois de alguns dias conheceríamos os quinzes selecionados, porém apenas dez ficariam conosco.