Kiss me - Hayffie

Capítulo 8

Olho para ele boquiaberta e vejo ele se divertir com o meu estado.

- Cade os bons modos,Trinket? - ele pergunta sem tentar esconder o riso.

Atordoada,abro mais a porta e o deixo entrar.Fecho a porta e me viro para ele.

- O que faz aqui? - pergunto,tentando deixar minha voz firme.

- Também não sei. - ele responde simplesmente.

Me encosto na parede e cruzo os braços,enquanto ele observa meu apartamento.

- Teve uma boa noite? - ele pergunta se virando para mim.

- Sim.Victor é um homem muito gentil.

- Ah é?Imagino que ele tenha te deixado dormir com ele não é? Isso é realmente muito gentil. - ele diz em um tom sarcástico e levemente alterado.

- O que? - berro - Haymitch, eu não admito que você venha na minha casa e me insulte desse jeito.

Ficamos em silêncio,apenas nos encarando.

Até que ele começa a caminhar em minha direção.Ele se aproxima tanto que sinto o cheiro deliciosamente masculino que exala dele.

- Você gosta dele? - Haymitch pergunta por fim.

- É claro que não - falo baixinho e respiro fundo,tentando me concentrar em qualquer coisa que não seja seu cheiro ou na pequena distancia entre nós.

A mera presença dele causa essas reações em mim,é difícil ficar tão perto de Haymitch e ainda sim conseguir ter alguma sanidade.

- Por que você não me veio procurar? Antes? - consigo perguntar em um fiapo de voz.

Vejo-o fechar os olhos, respirar fundo e tornar a abri-los.

- Medo - eu o olho confusa e ele continua - tinha medo de chegar aqui e descobrir que você já tinha alguém ou que mesmo que não tivesse,não iria mais me querer.Eu sei que fui covarde.É só que eu simplesmente não sei se aguentaria ver você com outro,mas eu acabei fazendo o que eu mais temia que você fizesse.Eu simplesmente achei melhor seguir em frente,eu coloquei na cabeça que você já tinha me esquecido e fiquei com medo de ser rejeitado se te procurasse. Aí surgiu Aguida e eu tentei ama-lá para tentar te esquecer.Mas não deu certo nenhuma das duas coisas. Hoje eu vejo como fui um covarde idiota.

Ao terminar de falar,percebi que suas expressões mesclavam culpa,arrependimento e vergonha,enquanto eu apenas o encarava incrédula.

- Você estava com medo?Haymitch eu perdi a conta de quantas vezes eu simplesmente queria que você batesse naquela porta dizendo que sentia minha falta.Quantas vezes eu sonhei que você fazia isso e ao acordar percebia que você não estava aqui de verdade. - meus olhos se encheram de lágrimas - Quantas noites de sono eu perdi por sua culpa,e você simplesmente estava com medo?Você nem me telefonou.Nem uma única vez.Você nem tentou.Você concluiu algo que sequer tinha certeza.Simplesmente por medo?

- Você não pode me culpar por sentir medo - ele alterou a voz - Eu tinha medo de ser rejeitado porque eu sempre achei que você era demais pra mim.Sempre achei que merecia mais do que eu.Uma mulher como você com um bêbado inútil como eu. Até você já disse isso,lembra?E eu não tinha o direito de sentir medo?

Ele ainda continuava muito próximo de mim e pude ver sua mandíbula tremer ao terminar de falar.Eu fechei os olhos tentando controlar minhas emoções. Ao abri-los percebi que Haymitch tremia levemente.

- Aguida sabe que está aqui? - perguntei com a voz trêmula.

Ele hesitou.

- Não,não sabe - respondeu por fim.

Fiquei imaginando Aguida em casa,pensando que Haymitch tinha ido resolver algo,quando na verdade ele está aqui,no meu apartamento.

- Você vai continuar me afastando? - ele perguntou baixo.

- Haymitch, nós sabemos que não podemos ficar próximos. Alguém sempre saíra machucado,e dessa vez será Aguida.Você agora está com Aguida.Simplesmente não podemos. - me forcei a dizer e ao pronunciar cada palavra,senti o nó em minha garganta aumentar.

- Effie,esqueça Aguida. Por Favor.É você que eu... - ele hesitou - é você que eu amo.

Ele se aproximou mais,ocupando o mínimo espaço que nos separava e me beijou. O beijo não foi calmo como havia sido o da festa.Nele havia todas as emoções que queríamos extravasar:saudade,raiva,ressentimento,culpa e medo.

Haymitch me pegou no colo e enrosquei minhas pernas em sua cintura, enquanto ele andava até o sofá e me segurava cuidadosamente sem separar nossos lábios.

Ele se sentou de modo que eu ainda continuava sentada em seu colo e se afastou para recuperarmos o fôlego.

Fecho os olhos e encosto a cabeça em seu ombro.

- Effie? - escuto Haymitch me chamar.

Levanto a cabeça e o olho.

- Quando eu disse que...que te amava,eu não estava brincando.Você sabe disso,não é?

Para ser sincera,não sei o que responder. Então apenas sorrio e o beijo.

Sinto suas mãos em minhas pernas e estremeço ao seu toque.Passo minhas unhas em sua nuca e observo com prazer ele se arrepiar.

Minhas mãos descem até a barra de sua camiseta e eu a tiro.Passo as mãos por seu peitoral nú e por suas costas,enquanto ele dá leve mordidas em meu pescoço.

Até que suas mãos descem até o primeiro botão de minha camiseta e ele me olha,pedindo silenciosamente uma permissão.

Eu apenas assinto e quando vejo que ele terminou de tira-lá com suas mãos ágeis, percebo o que estamos prestes a fazer,penso em Aguida em casa esperando-o voltar e em como será depois que saciarmos nossos desejos e a necessidade de termos um ao outro.

Então sinto Haymitch colocar sua mão em minha nuca e me beijar novamente.E seu toque me faz perceber que há momentos em que não vale a pena pensar.

Só sentir.