Eu estava abismada,mamãe não podia desconfiar que eu criava um animal em casa, ou pior,no meu quarto . Vovó já havia partido,e ela era a única que podia me defender,
Se eu contasse a verdade,ela poderia ficar furiosa comigo,eu não iria gostar disso.
Estava tarde da noite, eu não estava conseguindo dormir.Estava muito frio,meus pés estavam desenrolados...virei um pouco meu rosto e vi o quanto o cachorrinho estava tranquilo.
-Ao menos alguém consegue dormir.-pensei silenciosamente enquanto levantava-me da cama
Desci as escadas lentamente,a sala estava escura,mais conseguia-se ver as luzes piscantes da televisão,então eu peguei meu casaco que estava pendurado no cabide e me vesti com ele.Passei pela televisão em direção a cozinha,sem tentar fazer nenhum barulho,meu coração estava acerelado.
Era 1:00 da madruga ,e estava passando um filme estranho,continuei indo para a cozinha, mas algo me chamou a atenção, começou a passar um jornal,falava algo sobre uma nova guerra, a 2 guerra mundial,eu me assustei na hora e desliguei a televisão . Fiquei paralisada e voltei correndo para o quarto,minha respiração fumegante e meu coração acelerado
-Não pode ser!-disse enquanto me enrolava nos lençóis e tentava dormir
Quando finalmente consegui dormir,escutei papai conversando com a mamãe e desci para ver.
Fiquei entre o meio da escada e me sentei em um dos degraus,abracei minhas pernas contra o peito e ouvi a conversa.
Eles estavam falando sobre o exército e sobre a nova guerra,minha mãe falava com um tom de voz triste,enquanto meu pai falava estressado.
-Você não pode ir! Precisamos de você!-mamãe, com a voz balanceada
Eu estava confusa,e continuei em silêncio ouvindo.
-É o meu dever agora,Martha!-explicou o papaiSilêncio total
-Mas,e a nossa filha?-Mamãe falou chorando
-estou fazendo isso para protegê-la.-explicou pegando o seu casaco do exército.
Minhas lágrimas desceram desesperadamente mesmo tentando escondelas,coloquei uma das mãos no rosto e fui ao encontro do papai,o abracei com toda força que tive,não consegui esconder minhas lágrimas.
Ele me abraçou e sorriu,eu vi em seu rosto sorriso,mais seu coração estava triste .
Mamãe nos abraçou e também chorou,eu com certeza estava feliz com o papai e com a mamãe, ele iria servir o país,ao mesmo tempo eu estava com o coração apertado.
Vi o papai saindo de casa e dando seu último adeus,eu acenei e logo após entrei correndo em casa,sentei na cama e fiquei com minha cabeça baixa,chorando em silêncio . Mamãe chegou perto de mim,me abraçou e me cosolou,com um doce beijo na testa.
Eu adormeci novamente,enquanto a mamãe arrumava minhas roupas,quando se deparou com uma figura indesejada.
-Oque? ELIZABETH! O QUE É ISSO?-Mamãe falou estressada ao olhar dentro da minha caixa de sapato
Dei um pulo da cama e fui logo explicando (...)
- ele estava sozinho,e com frio-expliquei-ele não pode ficar?
Fiz uma cara triste e lacrimejante,enquanto a via me encarando.
-hm? um cachorro né? Ele pode nos fazer companhia...-ela disse com um pequeno sorriso no rosto
Eu me alegrei depressa e a abracei apertadamente.
-obrigada,obrigada!-agradeciMamãe tentou sorrir,não foi muito convincente, mas tentou.
Ela arrumou nossas coisas e estava pronta para partir.Eu vi em seu rosto,uma lágrima descer e segurei a mão dela com delicadeza,enquanto que com a outra mão, segurei a caixa de sapatos.
-Mamãe, estou aqui-falei com alegria
Mamãe me olhou,e sorriu,me beijou na testa e entrou no carro.
Observei a casa pela ultima vez,e também entrei no carro,sentei-me no banco de trás e coloquei ao meu lado,a caixa de sapatos com o cachorro dentro.