Amigos Para Sempre?

1- Irresistível

Steve me beijava intensamente.
Seus lábios eram tão macios. Suas mãos variavam entre minhas costas e meus cabelos. Seus braços eram fortes, cheios de músculos e veias. Ele era estonteante.

Assim como Thomas, Lucas, Hale, Mark, Kaio, Will, Bryan, Austin, Leo ...

Realmente, a lista era incansável.

Confesso que eu era um pouco perigosa. Eu gostava das coisas do meu jeito. A opinião alheia não passava de esterco.

Meus amigos também faziam parte da grande maioria que achava que eu era uma completa tarada.

-Lisa diz que é mentira! Você não ficou com o Ethan na Festa do Gabe semana passada. - Erika disse, incrédula.

Eu sorria, despreocupada.

- Você acha mesmo que eu perderia a oportunidade?

Ela estava vidrada em mim. Sua expressão ficou mais dura.

- Lisa, você não tem jeito. Definitivamente é um caso perdido. - retrucou.

- Qual é! Vai me dizer que devo me guardar para alguém especial agora? Eu não te reconheço mais.

-Você está piorando com o tempo. Agora pega o primeiro homem que aparece na sua frente. Tudo tem limite sabia? - sua voz tinha um tom áspero.
Eu parei de sorrir imediatamente. Olhei dentro daqueles olhos inquietos.

- Eu sou Elisa Eliot. Eu não preciso de limites.

Meu psicólogo Barnet me disse uma vez: "Você é o resultado daquilo que as pessoas fizeram com você, Lis, e o fim disso pode ser deprimente." Eu beijei ele loucamente depois disso. Não vou entrar em detalhes. A verdade é que Barnet tem razão e isso me irrita. Ele sempre sabe exatamente o que dizer e o momento para isso. Nosso envolvimento só contribui com a minha teoria de que ele gosta de me estudar, sei lá, psicólogos não resistem a uma pessoa mentalmente ferrada, adoram afirmar os fatos e reforçar o que já sabemos. Bom, então por que eu ainda pago sessões de terapia com ele? Não tem a ver com aquele corpo desgraçado de lindo. Gosto de observá-lo enquanto fala da psique humana, de traumas emocionais e de seus pacientes em estágio irreversível, mas acima de tudo, gosto do modo como ele acha que me conhece perfeitamente.

Erika é como Barnet, acha que eu não deveria permitir que o meu passado influenciasse tanto o meu presente. É tão rápido para as pessoas concluírem que você é uma escrota quanto é para elas acharem que você já deveria ter superado as merdas que você passou. É mais fácil não deixar que vejam que você está em pedaços, tudo em nome das aparências.

O meu vulgar estilo de vida jamais se firmara na ideia de que um belo dia um "príncipe encantado" me salvaria da merda da torre mal assombrada que era a minha vida. Quem dera se meus problemas fossem tão banais quanto assuntos do coração. O teatro me curou em partes, ou melhor, ele me camuflou, me ensinou a abrir um sorriso amarelo quando os fotógrafos pedem.

Mas havia algo de errado no comportamento de Erika. Eu já sabia que ela nunca chegara no meu nível quando o assunto era ser uma massa inconstante e insensível com os caras. Sempre achei que ela era superior a tudo isso. Entendia o fato dela se preocupar comigo, mas ela nunca havia tentado pôr limites em mim.

Endireitei a coluna antes de perguntar:

- Então, quem é o cara?