Nota II

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Nota II

Eu tive esperança. Realmente acreditei que tínhamos uma chance de começar de novo. De reconstruir. Hoje, as palavras da música de Lenine, gravadas em minha mente como poesia, tem um sentido diferente. Um sentido real. "A vida é tão rara". Serão 15 mil anos de avanços entre as primeiras ferramentas e o smartphone. 15 mil anos de superação, de conquistas. 15 mil anos do ser humano firmando e reafirmando sua supremacia no Planeta Terra. E tudo isso destruído em dois meses.

Eu tive esperança. Fechei os olhos para o óbvio. Jamais teríamos conseguido. Não percebemos o calor crescente. Ignoramos o cheiro de enxofre. Ignorei em meus relatos as pessoas que sentiam mal estar, achando que era consequência da condição precária que nos encontrávamos. Mas a esperança finalmente acabou. Escreverei o último relato da humanidade. Escreverei sobre o nosso fim tão próximo.

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