Eram 6 da tarde, e estava a anoitecer.
Depois de um longo dia a tentar perceber tudo o que a Caroline me contava, estávamos agora num bairro estranho e pobre, as casas era barracões e havia pessoas a jogar ás cartas no meio da rua, a mesa era um barril esverdeado e o grupo parecia estar a divertir-se. Uns jogavam como Pros enquanto outros estavam em pé a observar enquanto fumavam.
Parecia um bairro um pouco perigoso para Caroline mas ela olhava em volta e sorria, eu apenas a seguia.
-Boa tarde Dona Maria!- Ela acenou para uma senhora que estava a varrer um dos seus tapetes na rua, a senhora retribuiu o sorriso e acenou, era um pouco gordinha e idosa mas parecia ter muita energia para dar.- A Ann está?
-Ela está um pouco atrasada mas já lá vai ter. E o professor, já recuperou?
-Está melhorar.- Caroline pareceu ler-me a mente, não conseguia responder a uma pergunta destas.- O Josh, já foi?
-Sim, ele levou as chaves, já deve lá estar.
Caroline agradeceu e mais uma vez continuou a andar, eu acenei para a Senhora que parecia muito amigável, ela acenou de volta.
Mais uma vez estávamos a andar naquele bairro pobre mas amigável, não posso dizer que me pareceu assim quando cheguei, na verdade, assim que ali chegámos, as minhas pernas começaram a tremer. A rua do bairro era uma longa estrada de pedra, esta estava rodeada de casas maior parte dos grupos eram adultos com cervejas nas mãos mas pareciam ser amigáveis tanto para mim como para Caroline. Aquele sítio era como uma aldeia onde todos se conheciam e conviviam.
Finalmente chegámos aos final do Bairro, não havia mais casas mas, havia um campo de futebol com areia e duas balizas, mesmo ao lado do campo, depois dos seus muros brancos, havia uma barraca (que surpresa!) com um portão e um terraço. As luzes da barraca estavam acesas e cá de fora conseguíamos ouvir um solo de guitarra eléctrica. Estava a ser tocada extremamente bem, tão bem que conseguia ouvir perfeitamente a música 'Não me toca'.
O portão estava aberto por isso, eu e Caroline não tivemos problemas a entrar. A música ficava mais forte e apetecia-me dançar pelo som.
Quando entrámos os meus olhos abriram de espanto.
Estava um rapaz de cabelos pintados de vermelho e olhos fechados a tocar numa guitarra eléctrica azul turquesa, ele podia estar de olhos fechados mas não errava uma nota! Tinha argolas nas orelhas, dois furos numa orelha que lhe davam mais estilo do que eu alguma vez terei. Estava a vestir uma sweatshirt preta com calças de ganga escuras. Ele estava tão entusiasmado que balançava com a guitarra de um lado para o outro enquanto mordia o lábio.
Mas Caroline tinha de interromper.- Estou a ver que tens andado a treinar, Josh!- Ela bateu palmas.
O rapaz parou imediatamente e olhou para nós em choque, conseguia ver o rosado das suas bochechas.
-D-D-Desde quando é que estão aí?!- ele pausou e olhou para mim, parecia espantado por me ver.- Professor?
-Vou fazer uns telefonemas, deve chegar mais alguém.- Caroline deu-me um beijo na bochecha e saiu deixando-me a mim e a Josh a sós.
Ele estava a olhar para mim como se estivesse a lembrar-se de qualquer coisa, ao contrário de mim, que neste momento não me lembrava de nada.
-Josh...certo?- perguntei hesitante. Não tinha nada para começar a conversa, e isso deixou-me nervoso. A única coisa que eu sabia era que ele tinha mais Swag que eu algumas vez terei e que tocava Guitarra.
-Professor...certo?- Ele perguntou-me de volta.
Eu sorri ligeiramente para que ele não reparasse no meu nervosismo.- Acho que sim.
Assim que respondo, vejo o rapaz a tentar prender uma gargalhada, mas não resultou, assim que a soltou lançou a gargalhada mais inocente e engraçada que já tinha ouvido. Ele tinha levado as mãos ao estômago e virou a cabeça para cima. Eu não sabia o que estava a ser tão Hilariante mas também queria rir, acho que o riso dele é exactamente o tipo de riso a que chamamos de Contagiante.
-Realmente! Se o verdadeiro Tom me ouvisse a chamá-lo de Professor ele matava-me.
Neste momento uma memória apareceu, lembrei-me de alguns momentos que tinha passado com este rapaz, e a maior memória que eu tinha dele era quando ele era muito mais novo e ainda tinha cabelo preto.
Estava abaixado ao lado da rapariga, ambos estavam a olhar para um insecto no chão.
-Nojento!- A rapariga dizia.
-Tu és nojenta.
-haha! Pois sou igual a ti.- A rapariga pega no escaravelho preto pelas costas e pós-lo mesmo à frente da cara do rapaz e este lutava contra a força e o sorriso da rapariga. Estava completamente assustado.
-Haaa! Tira isso daqui!
-Meninos, deixem lá o bicho em paz, estamos atrasados.
A pequena memória desvaneceu. Mas essa era apenas uma das memórias que me vinha à cabeça, a mais importante...mas também de lembro de que:-Oh! Tu pintaste o cabelo!
-Só agora é que reparas?
-Joshua Mckenzie , não estavas assim à 6 semanas atrás!
Ele olha para mim surpreso.- Agora lembras-te?! Tu lembras-te sequer?! Não era suposto teres amnésia?
Trocamos os dois olhares, a mesmo pergunta a ecoar entre nós.
-Boas!- Ouvimos uma voz vinda da porta atrás de mim, olhamos e lembro-me de ver a sua cara nas fotografias.
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Amnesia
RomanceJá imaginaram como seria? Como seria se vocês tivessem de começar tudo de novo, as vossas memórias, deixadas para trás tal como o nosso brinquedo favorito, como um músico muito famoso dos anos 20. Digamos que eu me sinto perto disso, o único problem...