Pensei escrever-te um poema, uma carta
Que recordasse o dia
A chegada, a partida
Das lágrimas secas
Dos motes, das veredas
Do amor, da paixão
Dos sonhos
Que nunca
Se realizarão!
Pensei escrever-te um poema, uma carta
Que te falasse do dia, da noite
Dos desejos, do trabalho
Do calor, do soalho
Do jardim, das flores
Das que floriram no teu olhar
Da vontade inconsolável de te amar!
Pensei escrever-te um poema, uma carta
De um amor que tenha vida
De sussurros, arfados arpejos
De loucas mãos e frutados desejos
De uma noite longínqua esquecida,
De corpos suados nos abraços
Dos brados perdidos nos espaços!
Pensei escrever-te um poema, uma carta
Mas por que escrever
Se não tenho o que dizer
E tu nem vontade nenhuma
Para a ler!
Alberto Cuddel