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K E E L Y

"Eu não estou com animo para sair hoje à noite."

"Keely, você está dizendo isto a semana toda. Vamos."

"Eu não posso ficar no carro?"

"Você irá esperar por horas."

"Eu não me importo. Eu tenho meu telefone."

"Seu telefone só tem 30%." Rebecca zombou, inclinando-se para espiar a minha tela. "Não irá sobrar nada."

"Eu irei ouvir musica no radio."

"Eu não vou deixar meu carro destrancado para que algum lunático o roube enquanto você escuta uma porcaria de musica." Ela rolou seus olhos impacientemente. "Nós já estamos aqui de qualquer maneira. Então só lhe resta entrar ou ir a pé para casa."

Eu suspirei enquanto saia do carro. Não me surpreendi quando vi a rua toda cheia de carros. Eu estava no meio de um grupo de pessoas que conhecia todo mundo e todo mundo os conhecia. Eles nunca faziam festas "pequenas".

Quanto mais perto eu me encontrava da porta, mais forte era o cheiro de álcool e eu me senti instantaneamente mal. Eu queria dar as costas e voltar para o carro, mas Rebecca levou-me através da casa cheia de corpos até um grupo de pessoas que ela conhecia e instantaneamente se enturmou na conversa.

Fiquei sem jeito por Rebecca, escutando vagamente enquanto prestava atenção em meus pés. Todos rapidamente notaram-me ali e viraram-se para mim.

"Ei, você é a Kelly, certo?" Uma loira alta, qual nome eu reconheci como Rachel, perguntou.

"Keely." Eu corrigi balançando a minha cabeça. O rosto dela liberou um sorriso.

"Eu não lhe vejo há décadas! Por onde você andou?"

"No meu quarto." Eu a respondi sinceramente.

"Oh, as festas nunca mais foram às mesmas desde que você nos deixou! Lembra-se da vez que você dançou com um poste de iluminação?"

Eu sabia disto. Eles não sentiram falta da minha presença. Eles sentiam falta das minhas loucuras.

Minhas memorias de quando eu ficava bêbada voltaram à tona. Eu encolhi-me de medo com essas lembranças. Eu queria esquecer todas elas e bloqueá-las, mas estas pessoas não estavam ajudando.

"Foi ela quem fez isto?" Alguém disse atrás de mim.

"Sim, Keely Murphy!" Outra pessoa disse.

"Ela vomitou nos meus sapatos uma vez."

"Foi ela a garota que beijou o Mark?"

"Licença, eu já volto." Eu murmurei e fui em direção à cozinha.

Eu pus para mim agua da torneira em um copo e bebi suavemente o liquido, desfazendo-me do gosto estranho que surgiu em minha boca.

Enquanto eu bebia minha água, eu me encontrei examinando todas estas pessoas daqui desdenhosamente, igual a uma professora quando observa alunos que se comportaram mal, perguntando-me como eu já pude estar no lugar deles. Parecia tão aborrecido e inútil agora que eu sei que era desse jeito que eu ficava toda semana. Chega a ser engraçado o modo em que você pode perder o interesse em alguma coisa.

Enquanto os meus olhos passeavam pelo cômodo, eles encontraram-se com um par de brilhantes olhos verdes. Eles me observavam aflito, os mesmos acompanhavam um garoto de cachos escuros que caiam pelo seu rosto.

windows [h.s] (Tradução)Onde histórias criam vida. Descubra agora