Fault

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Ally Brooke.

Notar sua foto iluminando a tela do meu celular me fez engolir em seco, capturando-o dentre meus dedos trêmulos.

Estou aqui. - Falei olhando para o corredor caótico da minha empresa, meus olhos perdidos no caos completo enquanto tentavam solucionar o que acontecia, a lista dos passageiros já haviam sido emitidos pela imprensa, era um ato correto dar transparência ao que estava acontecendo, há muitas famílias preocupada com seus entes queridos, pedi que fizessem tudo o que estivesse a nosso alcance para facilitar.

Quero saber como está, fiquei sabendo pelo noticiário, alguns acionistas da KCE me ligaram muito preocupados. - A voz de Ally me fez apertar os lábios. Era claro que se preocupavam com seus rendimentos antes de qualquer coisa. Pensavam no peso que uma empresa ligada a mim envolvida em uma possível tragédia teria em seus negócios.

Estúpidos e egoístas.

Não há a possibilidade de eu estar bem em qualquer circunstância, pessoas estão desaparecidas sob a minha responsabilidade. Lauren está entre elas. - Minha revelação pareceu tocar-lhe ainda mais.

Oh meu deus, Camila! Eu não fazia ideia que ela estava entre os desaparecidos, eu estou indo para o aeroporto, eu quero acompanhá-la. - Sua preocupação me fez engolir em seco, sentindo minha garganta doer tão quanto minhas têmporas, eu não posso negar sua companhia, Ally é meu braço direito, somos publicamente indivisíveis.

— Vou pedir que liberem sua entrada, te espero. - Falei tentando manter meu controle emocional intacto sem desabar. Eu precisava pensar melhor.

Ao desligar sua ligação eu solicitei que os membros da comunicação da empresa viessem a meu encontro, pedi que um pronunciamento público fosse feito, que eu seria responsável em falar ao vivo para a mídia local qual era nossa atualização sobre o caso e quais medidas já havíamos tomado e quais ainda tomaríamos.

Eu não vou descansar até encontrá-los, até encontrá-la.

Tudo foi organizado com muita rapidez, a própria movimentação do aeroporto e o contato de outras empresas aéreas querendo saber do caso, disponibilizando ajuda, movimentou ainda mais os corredores da sede administrativa de nossa empresa. O pequeno auditório para eventos internos foi organizado com rapidez devida a busca incessante da imprensa, e somente esperei Ally chegar para que pudesse sustentar uma carcaça impenetrável e me jogar entre alguns abutres para tentar dar algum alento às famílias que agora sofrem.

O abraço de minha melhor amiga foi o ponto que mais me derrubou diante dos acontecimentos.

— Vamos resolver isso, vai dar tudo certo e todos vão sair bem. - Seu tom esperançoso ao acariciar meus cabelos e me olhar a face me fez assentir sem voz para verbalizar seu rompante de boas possibilidades.

Ela me guiou de mãos dadas até o auditório, ficando exatamente a meu lado assim que os flashes cegavam-me a ponto de não olhar para câmera alguma, tentando entender com o que lidava ainda.

— Boa noite, estou aqui para emitir uma nota sobre os acontecimentos que estão sob nossa ciência em relação ao voo AIR-AA-7213. - Falei olhando para os papéis debaixo de minhas mãos que estavam no palanque de madeira, a equipe de comunicação havia feito um levantamento que eu solicitei sobre horários, quantidade de pessoas e informações que fossem relevantes para todos saberem naquele momento.

— Próximo do meio-dia em Nova York e quatro horas da tarde em Barcelona, nossa equipe de controle perdeu contato e o monitoramento do voo AIR-AA-7213, assim que ocorreu nossa equipe da América do Norte, a qual pertence a sede da empresa, foi notificada via sistema e já nos movemos em relação a buscas sobre a aeronave. A integridade física e psicológica dos passageiros e funcionários nesse momento é o mais importante para todos nós. - Falei olhando rigidamente para frente, sentindo-me gélida, havia muito que precisava para conseguir falar aquilo sem desabar dentre meu desespero em saber o que estava acontecendo e se todos estavam bem.

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