Um Meio-Amor Meio-Mudo - Parte II

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Eu preciso dar uma resposta para ele. Mas não sei o que dizer, o que eu quero dizer, o que eu não quero dizer.

- Hein, diga! – ele me pressiona mais ainda com seu olhar. A única coisa que quero agora é chorar.

- Não sei – choramingo – Não sei, não sei, não sei ... – o que está acontecendo comigo? Eu tinha tanta certeza a poucos instantes atrás e agora eu to aqui, dessa forma.

Ele me abraça forte. Me segura como se nunca mais fosse me soltar. Eu nunca tinha me sentido tão confortável e seguro assim nos braços de alguém, e isso me deixa mais surpreso ainda pelo fato de que é o Juan Luis que está me fazendo me sentir deste jeito. E se ele realmente mudou? E se ele realmente me ama? Será que temos chances de sermos realmente felizes juntos? Parece que todo o meu conceito foi por água abaixo.

Ainda me abraçando, Maluma me pergunta:

- Você está confuso, Rafa? – ele me questiona mas não sou capaz de lhe responder, apenas respiro fundo e deixo algumas lágrimas descerem.

Sinto que ele está me soltando aos poucos e ele percebe que estou paralisado mas nada que seja preocupante. Não o permito que me solte e o puxo novamente para mim. O que é isso que está acontecendo comigo?

- Ei – dessa vez ele consegue se soltar de mim. Ele me caminha até o lado direito da cama, me senta, me deita de lado e coloca minhas pernas sobre a cama. Retira meus tênis e logo depois sobe em cima da cama, deita e me abraça por trás, ficando, a gente, de conchinha. Ele me abraça forte novamente e eu seguro um dos seus braços que está sobre mim. Não quero soltar ele. Ele encosta sua cabeça em mim e respira fundo – não vai dizer nada?

Apenas resmungo que não. Não quero falar nada. Não quero fazer nada. Apenas quero sentir todo aquele momento. Estou tão confuso, e eu não sabia que eu era capaz de chegar a este nível.

- Não sei se você se lembra disso, mas dias depois do acontecido eu liguei pra ti, era umas 2h30 da madrugada ... – ele começa a contar algo, bem próximo ao meu ouvido e bem baixinho – e você atendeu, estava com uma voz de sono – ele solta uma leve risadinha – Aí você dizia "alô? Quem está falando?" mas eu não tive coragem de te responder ...

- Porque? – minha curiosidade foi maior e eu acabei dizendo algo.

- Não sei ... Me faltou forças ou eu tive vergonha na cara ... Mas não tive coragem de responder e logo depois eu desliguei.

- Mas porque você ligou?

- Eu tinha sonhado contigo ... Mas não era qualquer sonho, era tipo um filme: a gente estava em um jardim enorme, todo florido, com o céu claro e o sol radiante ... A gente corria, se abraçava, se beijava, nos olhávamos, nos amávamos ... – amávamos? – E teve um momento que a gente estava segurando as mãos um do outro e girando ao mesmo tempo, olhando um para o outro e sorrindo, mas, de repente, a gente foi parando de girar e você foi ficando sério ... Não tinha mais aquele sorriso no rosto e nos olhos ... Percebi que você foi ficando mais triste e a gente parou de gira ... Quando eu olhei você caia de joelho em minha frente e eu te segurava pelos seus braços, no chão, e você caia em meus braços ... Você ficava cada vez mais fraco, mais pálido, parecendo que estava morrendo. Eu fiquei desesperado, não sabia o que fazer, e você morria em meus braços, do nada. Quando eu percebi você se transforma em poeira e sumia no meio daquele enorme jardim que continuava intacto. E aí eu acordei assustado, desesperado te procurando em minha cama, ao meu lado ... Mas você não estava porque ... – eu interrompo ele.

- Porque você não deixou.

- Porque eu não deixei, porque eu fui burro, porque eu só sabia pensar em mim ... Eu era egoísta.

- Era?

- Sim, era. Desde aquele sonho eu mudei, virei outra pessoa. Pode não parecer porque ainda tenho algumas atitudes idiotas como sair por aí pegando várias garotas, achando que elas vão tampar todos os buracos que eu mesmo fiz em mim ... De qualquer forma, eu mudei, Rafa.

- Mas você mudou por você ou por mim?

- Por você.

Me levanto, saindo da nossa posição de conchinha ficando sentado na cama e virado para ele, que estava atrás de mim – Mas você não tem que mudar por mim, tem que mudar por você. Você tem que sentir bem consigo mesmo primeiro.

- Mas só você é capaz de me fazer bem, Rafa – ele também se levanta, ficando sentado na cama e de frente para mim ainda.

Num impulso eu me aproximo dele e o beijo. Estou fazendo o certo? É isso que eu quero agora? O QUE EU QUERO?

Nos soltamos daquele momento, mas querendo continuar.

- Vamos dormir? – ele passa a mão pelo lado esquerdo do meu rosto – Você parece exausto, cansado disso tudo que eu te fiz passar ... Você me perdoa?

- Vamos dormir? – não quero respondê-lo, ainda estou com dúvidas e não quero iludi-lo, mesmo ele tendo feito o mesmo comigo.

Nos deitamos novamente, dessa vez um de frente para o outro e com as pernas entrelaçadas. Ele começa a fazer carinho em meu rosto, com suavidade e me presenteia com o único sorriso que me faz feliz na vida: o dele.

Um Amor Por ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora