Escola do Medo

A escola

Meu nome é Flora, sou morena, com cabelos ondulados e castanhos, com olhos verdes escuros, e muito inteligente. Meu sonho é entrar para a escola do Calisto, a melhor do país, com professores estrangeiros, laboratórios, centros de pesquisas e auxílio a habilidade física. Fiz a prova e espero ser aprovada. Minha família conta com isso. É o sonho de ser formada e ter a educação que meus pais não tiveram. Em uma semana sairá o resultado.

Uma semana depois...
Eu fui aprovada na escola Calisto! Meus pais estão muitos felizes. Como a escola é em outro estado, partirei em duas semanas. Eu estou muito feliz! Vou fazer meu ensino médio em uma das melhores escolas do mundo.

15 dias depois...
Depois da arrumação das coisas, contratos, documentos, malas etc, fui deixada no aeroporto com o coração apertado por causa de meus pais. Sabia que aquilo era pro meu futuro mas era tão doloroso. Meu vôo decolou rapidamente. Cheguei a nova cidade e segui para a escola. Aquilo era incrível! Os prédios, o campus, tudo muito belo. Meu quarto era o 132E, no final do corredor do último andar do dormitório feminino. Fui andando para lá ansiosa. Abri a porta e me deparei com um dormitório muito ajeitado, com uma beliche, um banheiro, um guarda-roupa, uma cômoda e ao lado da cama um criado mudo com um abajur. Percebi que tinha uma mala ao lado da cama e deduzi que minha colega já devia ter chegado. Tive certeza quando vi uma pessoa vindo em minha direção. Era magra, com olhos verdes claros e cabelos castanhos lisos caindo pelos seus ombros. Seu andar era desajeitado, mas aparentava ser uma boa colega.
- Olá! Tudo bem? Você que é a... Flora né? Prazer! Eu sou a Luiza -
- Oi, Luiza! Prazer! Espero que sejamos boas colegas. Gostou de vir para o Calisto? -
- Claro! Só uma coisa me incomoda... - interrompi-a para perguntar com qual beliche ela queria ficar, ela respondeu que se eu não me incomodasse, gostaria de ficar com o de baixo e em seguida continuou.
- Já reparou que você nunca conheceu alguém que estudou no Calisto? Nem entrevistas com os alunos, nem nada... -
Eu gelei ao ouvir aquilo. Ela só podia estar enganada. Mas pensando bem o que ela disse era verdade.
Ela subiu até o beliche de cima e continuou.
- Eu estava pensando quando estava vindo para cá, o que será que eles fazem aqui? Com esses laboratórios, tantos alunos, tanta "perfeição" ou... -
Ela foi interrompida pela voz de uma mulher que falava através de um auto-falante.
- Alunos, por favor, dirijam-se ao auditório para a apresentação -
Puxei Luiza pelo braço enquanto falava - Vamos tirar essa idéia da sua cabeça agora.