PREFÁCIO

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Tudo começou por volta de 1623 nas terras que hoje conhecemos como Six Grace. Não havia nada, além de uma densa floresta. Seis famílias montavam acampamento para descansar da longa viagem que faziam. O objetivo era chegar até o Canadá, mas a noite fria e a neve incessante castigava todos, até mesmo os cavalos. 

Os mantimentos já estavam chegando ao fim e ainda faltava muito para terminar o trajeto. Como se não bastasse quase terem morrido queimados, parecia que o destino seria morrer de fome e frio. Mas havia algo poderoso naquelas terras: Marie Grace — uma das anciãs — podia sentir a energia pulsando sob seus pés. A velha mulher resolvera convocar o ancião de cada família — naquele tempo, apenas os anciões possuíam a verdadeira essência da magia. 

Marie deixou claro que eles precisariam tomar uma decisão difícil, para assim, garantir a sobrevivência de seus remanescentes: abdicar da magia própria, mas isso custaria suas vidas. Não havia outra escolha, o circulo sagrado seria formado para dar inicio ao ritual, só precisariam aguentar mais alguns dias até a lua cheia.

Quando chegou a noite do ritual, todos deveriam se unir ao círculo, já que o intuito era compartilhar a magia. Marie preparou o terreno para dar inicio a cerimonia. Ela pegou um galho do carvalho e começou a traçar linhas no chão coberto por neve. Um pentagrama perfeito se formou e em cada ponta ela escreveu o sobrenome dos anciões. Nas pontas superiores escreveu Rook no topo, Austin na esquerda e Carter na direita. Nas inferiores, Sallas na esquerda e Ellister na direita. Bem no centro do pentagrama escreveu o nome  Grace. O círculo estava fechado. Todos trajavam vestes pretas; com exceção de Marie, que vestia um manto todo prateado e, em sua cabeça, pendia uma tiara ornamentada por pedras da lua. Ela se posicionou em seu lugar segurando um cálice prateado e uma pequena adaga. Passou a lâmina afiada por entre os dedos e derramou o seu sangue no recipiente. Entregou o cálice e a adaga para que os outros fizessem o mesmo.

"Com sangue foi feito. Só com sangue poderá ser desfeito". Foi a frase usada para a execução do feitiço. Estava feito, o sacrifício foi selado com a morte dos seis anciões. Mas ainda havia muito poder nos corpos sem vida, por esse fato, as famílias resolveram enterrá-los ao invés de queimar os corpos.

E em cada ponto estratégico, um ancião fora enterrado, para que o poder deles fosse perpetuado nos solos do que viria a se tornar a cidade de Six Grace.

Diz à lenda que não existem lápides marcando os túmulos. Que, somente os verdadeiros filhos da cidade conseguem encontrar a localização exata dos corpos e acessar a fonte inesgotável de poder.

Os Filhos da Cidade #2: O Caminho dos CorvosOnde histórias criam vida. Descubra agora