Capítulo 3

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Aqui estou eu, no ônibus indo pra casa do meu pai. Hoje é sexta-feira, nove horas da manhã em ponto. Já havia me despedido da Luna no  dia anterior e contei para ela tudo o que eu e Theo conversamos, lembro das duas caindo na gargalhada. Ele e Ashley realmente se merecem e eu mereço coisa muito melhor.
São aproximadamente quatro horas de estrada, se tiver sorte de não pegar trânsito, o que é quase impossível. Dormi a viagem toda, só acordei com uma senhora esbarrando em mim quando havíamos chegado ao terminal rodoviário. Só levei uma mochila comigo com um kit-sobrevivência: celular, fones de ouvido,  barra de cereal, chiclete, carregador, uma blusa, dois livros e meu óculos de sol. O resto estava na mala no ônibus.

Sempre odiei rodoviárias por serem lotadas e porque é praticamente impossível achar alguém lá. Mas dessa vez não foi difícil achar meu pai. Ele estava com um cartaz rosa choque (sim, aqueles rosas que parecem uma lanterna de tão chamativos) escrito "MACKENZIE". Sempre gostei do meu pai por isso, ele sempre me surpreendia, me fazia rir e me fazia bem. Quando era pequena a melhor parte do meu ano, era quando chegava o verão, que ficava três semanas com ele. Mas com o passar do tempo, eu deixei de vê-lo com tanta frequência.
  Sai correndo na estação e pulei nele, como sempre fazia. Demos um abraço bem demorado, daqueles que parece que o tempo para quando você abraça a pessoa e a única coisa que você sente, são suas respirações e seus corações quase pulando para fora da boca por causa da emoção:
  - Como consegue? A cada ano que vem aqui você está mais bonita - disse ele me olhando e cima a baixo.
- E cada vez que eu venho aqui você fica mais careca - disse rindo e passando a mão na cabeça calva dele.
- É a consequência de envelhecer, um dia você vai saber!
  Ele levou minha mala de viagem até o carro, onde entramos e seguimos até a avenida. Já era uma hora da tarde, estava faminta.
- Como eu conheço muito bem a filha que eu tenho, eu já comprei o seu almoço, está na mesa da cozinha.
- Por isso eu amo você! - eu disse rindo - Você continua morando perto do cemitério de Bethel? Aquele lugar me arrepia.
- Ah não! - disse ele caindo na gargalhada - me mudei ano passado. Consegui uma transferência para uma área melhor. Agora moro perto do East Cambridge Park, que para sua felicidade, é do lado do porto da cidade e poucos quilômetros da praia.
- Hmmm... Interessante!
- Um interessante bom, ruim ou mais ou menos?
- Veremos.
- Chegamos! Bem-vinda a sua nova/temporária/quase casa.

410, Maryland Avenue, esse era o endereço. A casa era fantástica. Era feita de madeira, tinha um tom amarelo bem claro, um telhado acinzentado. Uma varando enorme, com cadeiras e rede. O primeiro cômodo da casa ao entrar era a sala, o chão era de madeira, dois sofá vermelhos virado para uma televisão de plasma que ocupava quase a parede toda ficou encantada com aquilo, até meu pai percebeu
- Se achou tudo isso lindo, espera pra ver seu quarto...
- Jura? - eu disse com um sorriso de orelha a orelha - Meu quarto?
- Sobe a primeira escada, vire a esquerda, depois a segunda escada e estará lá. 

  Ele mal terminou de falar, larguei minha mochila no sofá e subi correndo. Quando terminei de subir a segunda escada havia uma porta, quando abri, foi como se estivesse sonhando. As paredes eram todas brancas, e a parede onde ficava minha cama, havia um papel de parede da cidade, que tinha luzes de verdade, sim elas acendiam! O meu teto eram cheias de estrelas que brilhavam no escuro, tinha minha própria mesa para estudo, e MEU DEUS um closet só meu! O chão era de carpete, sim aqueles peludinhos, que sonho.

- Gostou? - disse meu pai encostado na porta com um sorriso no rosto.
- AMEI! - o abracei forte. - Você é o melhor pai que alguém poderia ter, obrigada.
- Vamos comer pequena, antes que esfrie! - disse ele já descendo as escadas.

  Só tinha uma coisa que eu amava mais que pizza: comida japonesa. Meu pai sempre comprava quando vinha passar o verão com ele. Aquilo tudo, de eu e ele, sozinhos no verão, me trazia ótimas lembranças, e acho que ele estava pensando o mesmo:

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