Capítulo Um - Lestranges

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-Rodolphus Lestrange. —A voz mal saíra e isso provocou um sorriso aberto e perverso no homem, assim como fez a mulher ao lado de Narcisa gargalhar.

          Belinda sentiu o mundo virar de cabeça pra baixo. Rodolphus a encarava entretido com aqueles insondáveis e assustadores olhos escuros.
-Então sabe quem sou? —Zombou.
-O necessário. —A voz estava baixa, porém os olhos continham uma leve mistura de medo e irritação.
-E o que seria esse necessário?
         Belinda engoliu a seco e respirou fundo.
-Sei que você é um partidário de Voldemort...
-Olha o respeito, sua insolente! —A mulher disse com uma fúria palpável e Belinda a encarou.
        Aqueles olhos escuros e cabelo, que antigamente era sedoso, a fez recordar da mulher da foto na mansão Lestrange.
-Bellatrix. —Sussurrou mais pra si, então pigarreou para limpar a garganta e voltou a falar em voz alta, encarando a mulher. —Você é Bellatrix Rosier Black Lestrange, não é?
         Belinda se viu refletida naquelas orbes escuras, que pareciam querer lhe tomar tudo o que havia de bom.
-A mulher quem te deu nome, garotinha estúpida. —Manteve o tom furioso e Belinda se arrepiou.
-Bella. —Narcisa pediu em voz baixa e a mulher bufou.
-Não se meta Ciça, essa garota precisa saber quem somos. —Bellatrix abriu um sorriso diabólico, direcionado a Belinda, que mantinha o olhar, mas a mente berrava um alerta de perigo. —Agora que eu voltei, as coisas vão mudar.
         Belinda sentiu a garganta secar e as mãos suarem frio, mas se havia algo que realmente aprendera com Mark, era não abaixar a cabeça e nem demonstrar medo. Podia odiar Mark, entretanto ele lhe ensinara algo que, apesar do medo, ela levava para tudo em sua vida. A garota respirou fundo.
-Sei que vocês são partidários de Lorde das Trevas. —Iniciou com a voz alta e falando de modo fluido. —Loucos que torturaram os Longbottom e várias outras pessoas, tanto Bruxos quanto Trouxas, ficaram em Azkaban por 14 anos e agora fugiram da prisão. —Disse ela, se surpreendendo com a firmeza em sua voz. —Infelizmente sei o suficiente para não me interessar pelo resto.
          Rodolphus a observava atentamente e havia uma diversão perversa no sorriso torto que ele mantinha.
-Língua afiada como a da mãe. —O homem de cabelo comprido, ao lado de Rodolphus, disse sorrindo e atraindo a atenção da menina, que o encarou de sobrancelha arqueada. —Creio que esteja se perguntando quem sou. —Ele sorriu mais abertamente. —Não nos conhecemos bem logo que você chegou aqui. —Bell manteve o olhar, mas a verdade é que desejava correr de volta para o quarto e se trancar lá até que todos tivessem ido embora da mansão. —Meu nome é Rabastan Lestrange, irmão mais novo do Rodolphus e mais calmo também. —Sorriu, como se esperasse um sorriso de retorno por conta da brincadeira.
-Não perca seu tempo, Rabastan. —Mark lhe alertou. —Belinda é uma criaturinha extremamente irritante.
-Provavelmente deve ter aprendido com você. —Rebateu ele alegremente, porém era uma espécie de alegria maldosa.
-Ou talvez ter o nome Lestrange faça isso com as pessoas. —Sugeriu Mark, parecendo muito entretido enquanto analisava Belinda e tentava captar suas emoções.
-Antes a irritação dos Lestrange do que sua cara feia, Mark. —Ironizou Rabastan e Mark bufou.
-Vocês não deviam estar fugindo dos Aurores ou algo assim? —Mark questionou levemente, encarando o outro.
-Tanto quanto você. —Rodolphus informou, se metendo na conversa dos dois. —Porém os Aurores são cegos e burros, o Ministro ainda acha que o Mestre não retornou e enquanto ele for estúpido a esse ponto, nós estaremos à salvo.
-Ele é realmente tolo o suficiente para não querer acreditar em Dumbledore. —Belinda comentou antes que conseguisse segurar a língua, atraindo atenção de Rabastan e Rodolphus.
          Belinda se arrependeu de ter dito aquilo no momento em que as palavras saíram de sua boca, se amaldiçoando por atrair a atenção dos dois homens recém-chegados e que ela estava louca pra que fossem embora, ambos os olhares estavam fixos nela e isso a fazia se arrepiar.
-Belinda. —Lucius repreendeu e ela o encarou, quase agradecendo ao fato de ter interrompido o olhar dos dois homens.
         Belinda cruzou os braços em frente ao peito e se calou. Rodolphus a encarou novamente e depois desviou para Mark.
-O que você ensinou pra ela? —Bell odiava que respondessem por ela, mas naquele momento estava grata que a pergunta tivesse sido dirigida a Mark.
-Ela, apesar de tudo, está ficando menos inútil em Feitiços. —Comentou tranquilamente. —Sabe o suficiente de Poções, mas é horrível em Transfiguração.
          Belinda vinha se fazendo de desentendida em Transfiguração desde o início dos treinos com Mark e usava seu potencial nas demais áreas no menor esforço possível, não queria que ele soubesse o quão ela andava aprendendo, mas apesar do ódio que sentia de Mark, não poderia dizer que não estava aprendendo nada com o homem.
-Teremos que fazer com que fique útil. —Bellatrix informou.
          Belinda sentiu o sangue congelar, não suportava se sentir observada por Bellatrix, a mulher tinha um olhar insano e que aparentava que poderia puxar a Varinha a qualquer momento e azarar, na melhor das hipóteses, todo mundo.
          Bell nunca chegou a pensar que acharia a presença de alguém mais insuportável que a de Mark, porém naquele instante notou que Mark era bem vindo se comparado aos três Lestrange.
          Draco queria poder fazer algo ou simplesmente sair dali e levar a amiga junto, mas não era possível. Os olhos de Belinda estavam fixos em Bellatrix, Rodolphus e Rabastan, mas os ombros em linha reta, os braços cruzados em frente ao peito com as mãos fechadas em punho e a boca em uma linha fina, indicavam todo o medo e horror que ela sentia.
-Eu quero ver até onde a inutilidade dela vai. —Rodolphus comentou e o irmão concordou alegremente.
-Sim, isso será interessante.
-Mas agora? —Narcisa questionou, encarando a todos de forma surpresa. —Ela treinou o dia todo com o Mark.
-Com o Mark e nós não estávamos aqui pra ver. —Rabastan disse se colocando de pé. —E eu adoraria ver.
         Draco viu a cor desaparecer do rosto da menina, as mãos em punho travarem tanto ao ponto de esbranquiçar as juntas e ela travou o maxilar. Belinda parecia que correria a qualquer momento.
-Vamos ver do que você é capaz. —Rodolphus falou com um pequeno sorriso de canto, enquanto se colocava de pé ao lado de Rabastan.
-Não acho que ela esteja com a Varinha aqui. —Lucius comentou levemente, como se, pela primeira vez, tentasse proteger Belinda de um treino que provavelmente a deixaria extremamente machucada.
-Que espécie de tola anda sem a Varinha? —Bellatrix exigiu saber, encarando diretamente a menina.
           Draco notou a raiva passar pelos olhos escuros de Belinda e ela erguer o queixo de modo altivo, enquanto soltava as mãos, ainda em punhos, ao lado do corpo e encarava Bellatrix de forma irônica.
-E quem disse que não estou com minha Varinha? —A voz trazia uma raiva debochada, o que provocou risos na mulher. —Lucius não sabe como costumo andar.
-Ah, está? —Bellatrix ria. —Vamos ver se você serve pra alguma coisa!
        Belinda rangeu os dentes e retirou os sapatos, logo caminhando para acompanhar os mais velhos para o jardim. Draco se colocou ao seu lado e viu a menina puxar a barra do vestido e pegar a Varinha, o que o fez franzir o cenho.
-Belinda, ela é uma bruxa...
-Das Trevas? —Interrompeu. —Partidária de Voldemort? —Bufou. —Eu sei, Draco. —Falou em um quase sussurro. —Mas eu não posso correr pro meu quarto e me trancar lá.
-Infelizmente não. —Suspirou com pesar e olhou o grupo que caminhava na frente. Bellatrix ria debochada, enquanto os dois homens pareciam entretidos ao lado de Mark. —Eles provavelmente arrombariam a porta.
-Exato. —Belinda parecia cansada enquanto retirava o broche do cabelo e entregava pra ele. —Belo primeiro encontro de família, não acha? —Debochou, mas parecia quase indiferente, se não fosse a preocupação e medo.
         Draco não disse nada, somente guardou o broche no bolso e a viu seguir para o centro do jardim, sozinha.
-Vamos ver do que você é capaz, garotinha inútil! —Bellatrix gargalhou e Belinda ergueu a Varinha, pronta para se defender e atacar.

A Filha Das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora