Capítulo Dezessete - Compactuando com o Inimigo

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           Belinda suspirou e puxou o casaco pesado, antes de sair do quarto. Fora uma decisão verdadeiramente difícil a se tomar, mas não havia outra solução.
           Bell atravessou o jardim da mansão e por fim encarou os olhos extremamente escuros do homem, que a encarou de volta com um sorriso zombeteiro.
-Você demorou a descer, Ferinha. —Rabastan provocou.
-Não achei que desejasse minha companhia tanto assim. —Revidou ela, com as mãos nos bolsos.
           Belinda olhou em volta, não imaginava que o jardim da Mansão Lestrange continuasse da mesma forma que era quando morava ali. As árvores bem cuidadas, assim como a grama e os arbustos. Tudo continuava igual, o que causou um calafrio na espinha da menina.
-Bellatrix não sabe que você tá aqui e nem que estamos com você. —A voz a atravessou como uma lança.
            Belinda virou ao som da forte voz de Rodolphus, que trazia as mãos nos bolsos do sobretudo e a encarava. Ela não esperava vê-lo, muito menos ali.
            Lestrange recordou tudo o que descobrira no dia de sua volta a Hogwarts e precisou de toda sua força de vontade para permanecer impassível.
-Deveria agradecer? —Perguntou ela, erguendo uma sobrancelha.
-Ela parece ter voltado mais afiada de Hogwarts, em irmão? —Rabastan brincou.
-Você nos chamou, diga o motivo. —Rodolphus falou, parando ao seu lado.
-Na verdade eu chamei o Rabastan.
           Os olhos escuros do homem ao seu lado brilharam e um sorriso de canto surgiu.
-Pelo menos não é mais uma criança assustada. —Retrucou ele.
-Que seja. —Disse ela. —O que tenho a falar, pelo que consegui entender até agora, é de interesse de vocês.
-O que nos interessaria, Ferinha? —Rabastan sorria, enquanto se aproximava.
-Você estão me treinando, então querem me ver evoluir de alguma forma. —Os dois a encararam. —Me interrompam se eu estiver errada. —A voz trazia a mesma ironia que ela demonstrava nas feições. —Aconteceu algo, recentemente, que eu ainda não sei controlar. —Belinda os encarou, ambos muito atentos a ela.
-Você quer nossa ajuda. —Rabastan sorriu, mas não havia nada de bonito ali, era extremamente maldoso.
-Mas tem um porém. —Concordou ela.
-Você veio até aqui pedir ajuda e quer impor regras? —Rodolphus riu, mas Rabastan parecia bem curioso.
-O que você quer em troca? —Rabastan perguntou.
-Que Bellatrix e ninguém mais saibam, não por enquanto. —Decidiu ela, sabendo que eles não iriam esconder nada de Bellatrix por tanto tempo.
-Não temos um acordo, sendo assim. —Rodolphus alertou.
-Que pena. —Ela estalou a língua. —Vou ter que pedir ajuda ao Ministério da Magia, então.
           Os dois homens ergueram as sobrancelhas, foi tão sincronizado que chegou a ser cômico.
-E por que não quer dizer a mais ninguém?
-Não quero jogar com Bellatrix. —Ela afirmou e ecanrou diretamente a Rabastan. —Eu a quero morta tanto quanto você quer.
           Os olhos de Rabastan brilharam com uma intensidade assustadora, assim como o largo sorriso maldoso que se espalhou por todo seu rosto. Mas pelo canto do olho viu a dúvida de Rodolphus.
-Você está blefando.
-Não mesmo. —Ela o encarou. —Não sei porque vocês me treinam e nem porque me adotaram quando mais nova. —Disse. —E no momento nem quero pensar nisso, mas sei que Rabastan odeia sua mulher e que você não é exatamente apaixonado por ela. E isso não me importa nem um pouco também, contudo sei que se você não aceitar, posso ir embora e depois me encontrar só com o Rabastan, porque ele gosta da Vadiatrix tanto quanto eu.
           Rodolphus notou que ela não blefava, estava no sorriso e olhar dela.
-Você a odeia, mas é até bem parecida com ela. —O sorriso dela permaneceu, mas os olhos estavam furiosos.
-Dizem que a gente acaba aprendendo com as pessoas que nos cercam, para o bem ou para o mal. —A voz era fria e calculada. —Vocês me ensinaram, cabe a vocês me suportarem agora.
          A troca de olhares era furiosa, mas por fim Rodolphus sorriu.
-Finalmente sei que você não é inútil. Diga o que houve.
           Belinda conteve a surpresa, vendo os dois homens sorrindo.
-E manterão segredo de Bellatrix?
-Como você mesma disse, eu a quero morta. —Rabastan falou.
-Ótimo então. —Ela deu um leve sorriso, mas que não dizia nada. —No início da semana tive uma conversa com Umbridge, a nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, na qual fiquei furiosa. —Narrou como se não fosse nada. —Entretanto após a conversa me afastei e estava tão exaltada que acabei me... —Bell se interrompeu, sem saber o que dizer. —Eu sou um animago. —Jogou e os dois a encararam mais atentamente.
-Você tá faltando sério? —Rabastan parecia surpreso.
-Não tenho controle. —Deu de ombros. —Não sei como controlar, no dia que me transformei precisei de Draco para me trazer de volta.
-Como ele fez isso? —Rodolphus interrogou.
-Usou um feitiço.
-Qual?
-Não perguntei, tava feliz o suficiente de ter voltado a ser eu. —A voz estava neutra de qualquer sentimento. —Depois disso tentei me transformar novamente, tenho tentado durante todo essa semana, mas não consegui.
-E por que você nos procurou? —Rabastan quis saber.
-Não confio no Ministério, muito menos em vocês, mas como disse, sei que você odeia Bellatrix. —Ela sorriu. —Isso seria o suficiente para você querer me ajudar.
-Por que acha isso?
-Quanto mais vantagem eu tiver, mais chances de matá-la terei. —Eles trocaram um sorriso. —A verdade é que nós três sabemos que nenhum vai ser honesto com o outro, mas que de alguma forma todos queremos nos livrar da Vadiatrix. Ninguém precisa dizer seus motivos, mas temos algo em comum.
-Bellatrix. —Rabastan concordou.
-Vocês podem me ensinar a ficar mais forte e eu... Bem, —Ela sorriu. —eu adoraria matar Bellatrix Lestrange.
           Belinda não imaginou que um dia compactuaria com alguém para matar uma pessoa. Mas a menina não sentia remorso e sabia que isso deveria deixa-la no mínimo preocupada, mas de certa forma sentia alívio.
-Nós não podemos fazer nada diretamente, já que não somos Animagus. —Rodolphus comentou.
-Não esperava que fosse assim. —Revidou ela.
-Mas conheço um animago ilegal e ele poderá treinar você.
-Era isso que eu esperava. —Ela falou, mexendo no cabelo. —Vocês tem contatos com pessoas que não irão correndo falar com o Ministro e é exatamente o que quero, mas a dúvida é, seu conhecido irá manter segredo?
-Eu resolvo isso. —A convicção dele era inabalável e Belinda assentiu.
-Que bom.
-Você ficará com Rabasta agora, vou atrás de nosso novo instrutor pra você. Estaremos de volta aqui no máximo no meio da noite.
-Estaremos aguardando. —Rabastan sorriu e Rodolphus se afastou. —Agora você vai me dizer o que te dá tanta certeza que eu odeio a Bella.
          Belinda sorriu e se virou complemente para Rabastan, que a encarava quase curioso.
-Você tem seus truques para saber as coisas, não posso ter os meus?
          Rabastan gargalhou.
-Você tá me saindo melhor que a encomenda, Ferinha. —Ele riu e puxou a Varinha. —Vamos ver o que você tá aprendendo em Hogwarts.
-Nada, pra falar a verdade. —Disse ela, pegando a Varinha também.
-Dolores não está deixando, é?
-Ainda não achei um lugar reservado o suficiente pra treinar sem que aquela Vaca do Ministério possa descobrir.
-Mais um motivo para treinarmos, não acha?
           Belinda não achava a presença de Rabastan cativante, mas teve que admitir que era contagiante quando ele decidia treinar de verdade.

A Filha Das Trevas - Marcados (LIVRO 2 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora