Capítulo 1

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Aparentava ser um dia qualquer. Eliza saiu cedo de casa para a escola, como fazia todos os dias, mas sentia algo de diferente, um sentimento estranho desde a hora em que acordou. Um pressentimento de que algo ruim estava prestes a acontecer.

Seu coração disparou quando alguém da diretoria foi em sua sala a sua procura. Levantou, pegou suas coisas e acompanhou Ester, a supervisora da escola. Quando chegaram em sua sala, começou a falar:

- Eliza, imagino que esteja espantada por te chamar aqui, pois é uma excelente aluna e não tem motivo para reclamações... vou direto ao assunto... nesta manhã recebemos uma ligação de sua mãe informando que seu avô paterno faleceu, mas só ficaram sabendo da notícia depois que você e sua irmã já estavam na escola. Meus pêsames.

Então era isso. O pressentimento que ela tivera quando acordou não estava errado. Ela demorou um pouco para assimilar a informação e por um momento não conseguiu responder nada.

- Você precisa de ajuda? Quer uma água? – Perguntou Ester.

- Não precisa – ela respondeu. Tentou se fazer forte, mas na verdade estava destruída, afinal Tony era seu avô mais presente. Sempre contou história fantasiosas e isso fazia a imaginação de Eliza viajar por diversos lugares diferentes. Quando criança, até acreditava em tudo que dizia, mas agora, já tinha 17 anos e sabia que isso não passava de histórias inventadas por ele. Mas o amor por seu avô sempre foi muito grande.

- Seus pais estão ocupados tomando providencias para o sepultamento, por isso, eu mesma levarei você para casa agora, tudo bem?

Ela concordou com a cabeça e pegou sua mochila para ir.

___________

Era uma tarde de sábado, três dias depois da morte do seu avô, Eliza, seus pais e sua irmã Mia foram visitar sua avó, Eva. Ela tinha 65 anos e muita saúde. Por mais que ela dissesse para o pai de Eliza que estava tudo bem, ele sabia que não devia estar tão bem assim, afinal acabara de perder o marido.

Chegando lá, Mia, de 8 anos, correu para abraçar Eva. Ela tinha um carinho muito grande com a avó e mesmo sem entender exatamente o que aconteceu, sabia que um abraço era algo que sua avó estava precisando naquele momento. Depois os outros três repetiram o gesto.

Ficaram conversando por um bom tempo. Mas falamos muito mais sobre os projetos do seu filho e sua nora do que dela. Quando seu filho César ou sua nora Sandra direcionavam a conversa para Eva, ela sempre mudava de assunto e acabava sem dizer nada do que sentia. Ela serviu a eles um lanche mais tarde e quando viram que estava escurecendo, resolveram ir embora.

- Mãe, vamos porque já está ficando tarde e Mia parece estar cansada. Mas se precisar de qualquer coisa pode me ligar que venho ficar com você. - Disse César quando resolveram ir.

- Está tudo bem César. Mas será que a Eliza poderia dormir aqui hoje?

César olhou para Sandra e depois para Eliza e disse:

- Não vejo problema. Lizzy, se você quiser, pode ficar. Amanhã venho ver sua avó e te levo.

Eliza apenas confirmou com a cabeça que iria ficar e fazer companhia a avó.

Assim que seus pais saíram, Eva quis mostrar algo para Eliza.

- Querida, seu avô sempre te amou demais e ele queria que te entregasse uma coisa quando partisse... me acompanhe por favor.

Elas foram até o sótão da casa. Era tudo muito organizado, mas havia muita poeira também. Eliza ficou parada enquanto sua avó abriu um baú e tirou de dentro uma pequena caixa de madeira.

- Lizzy, o que vou te contar é algo muito importante e quero que saiba que tudo o que falarei é real. Preciso que realmente acredite nisso.

Eliza ficou assustada, mas sinalizou para sua avó que podia contar o que tinha para falar. Então Eva continuou.

- Pois bem. Nem tudo que você vê é real ou é apenas aquilo. Esta realidade em que estamos não é única, na verdade ela é apenas uma de muitas que existem. Fora da nossa realidade existem vários mundos, mas as pessoas daqui nem imaginam isto. Você pode achar que estou ficando velha ou doida, mas te juro que é verdade.

- Como isto possível? – Perguntou Eliza.

- Não há explicação. Apenas existem. E há portais em que pessoas dos outros mundos atravessam constantemente entre os mundos. Estou contando isso para poder dizer que seu avô e eu não nascemos neste mundo. Viemos de um lugar chamado Casaré.

- Então como vieram para cá? Que tipo de portais são esses?

- Aqui na Terra, o que vemos de mais poderoso usado pelas pessoas é a tecnologia e a conversão de recursos naturais em materiais altamente desenvolvidos que simplificam a vida de todos, mas nos outros mundos não existe esta tecnologia, o que temos é magia.

- Que tipo de magia? Já vi muita mágica aqui, mas sei que não é real. São apenas truques.

- Lá a magia é real, mas não são todos que a possuem. Apenas a linhagem de feiticeiros consegue desenvolver magia. Lá eles utilizam recursos naturais para criar feitiços e portais. E foi assim que viemos para cá. Tínhamos casado há pouco tempo e descobri que estava grávida. As coisas por lá estavam muito turbulentas e resolvemos vir para este mundo que estava desligado de tudo que acontecia nos outros.

Esperou que Eliza dissesse algo, mas ficou em silencio, querendo saber o que mais sua avó tinha a dizer. Então continuou.

- Esta caixa é algo que o Tony deixou para você. Ela não tem tranca, mas você só conseguirá abri-la quando acreditar realmente no que te contei aqui agora.... Não vou te pressionar. Deixarei a caixa com você e darei espaço para que absorva o que te disse.


O Diamante RoxoWhere stories live. Discover now