Depois daquela visita, todas as tardes Pedro e Eliza iam para a casa de Eva. Ela contava a eles características do lugar para onde iriam e ensinava técnicas de luta, ataque com facas e espadas e defesa pessoal. Estavam aprendendo rápido e percebeu que aos poucos a magia que estava dentro de Eliza se aflorava e vendo isto, passou a explorar mais esta magia fazendo com que ela se focasse mais no seu interior e assim conseguiria pôr para fora a magia herdada.
Eles já iam até a casa da avó de Eliza há cerca de 2 semana e neste dia já estavam a caminho de lá mais uma vez.
Chegando lá, encontraram a porta entreaberta e ao entrar, viram a casa revirada. Correram por toda a casa gritando por Eva, mas não ouviam resposta. Resolveram ir até o sótão e a viram lutando para manter o baú fechado.
- O que aconteceu aqui vó?
- Um deles nos localizaram e veio pegar o diamante. Consegui prendê-lo antes que voltasse para informar aos outros. Venham me ajudem!
Eles seguraram a tampa do baú com força para não abrir, enquanto Eva colocava um feitiço que selava para que não abrisse.
- Chegou a hora de vocês irem! Não podemos esperar mais. - Disse Eva inquieta.
Eles trocaram seus uniformes escolares por trajes de batalha. Eliza segurou a mão de Pedro e colocou o colar no pescoço, pensou em Casaré e fechou os olhos, quando abriu, já não estavam mais na casa da sua avó. Guardou o colar e percebeu que estavam em meio a árvores longas e grossas. Começaram a andar e explorar o lugar. Já andavam há alguns minutos, mas não viam movimento algum. De repente das árvores saltaram pessoas que estavam camufladas. Os jovens levantaram suas armas e ficaram em alerta, mas de nada adiantou, pois, dardos com uma substancia sonífera os atingiram e apagaram instantaneamente.
Quando Eliza acordou estava presa numa cela escura e fedorenta. Estava deitada, levantou e viu que Pedro estava em uma cela em frente a sua. Havia um guarda do lado de fora e quando a viu acordada entrou na cela e foi até ela.
- Quem é você? O que quer de mim?
- O príncipe quer interroga-la. - Respondeu o guarda.
Ele algemou suas mãos e conduziu até uma sala pequena e quase vazia se não fosse por uma cadeira que havia no centro. Ela se sentou e um homem alto e moreno entrou também.
- Primeiramente, quem é você? Sei que não é das terras verdes, pois conheço todos aqui.
- Meu nome é Lizzy e sou das terras roxas... me perdi andando por aqui.
- Como pode ser das terras roxas e estar aqui? Não sabe do limite das terras e as consequências de atravessa-las?
- Como disse, me perdi...
- Tem algo estranho em você, garota... sabe que sou o príncipe Castro e se quiser posso matá-la aqui agora! Portanto não minta para mim!
- Você é filho do príncipe Augustus?
- Não. Sou neto. Por acaso não sabe que meu pai morreu em batalha contra as terras roxas?
- Claro. Só não estava reconhecendo...
Castro foi chamado lá fora e disse á Eliza:
- Não terminamos. Estou de olho em você.
Colocaram-na de volta na cela e saíram.
-Pedro! - Chamou Eliza.
- Finalmente você voltou! Já estava preocupado.
- Temos que sair daqui. E tem que ser esta noite.
- O que aconteceu?
- Nós estamos nas terras do príncipe Augustus e é governado por seu neto. Foram eles que começaram esta guerra. Se descobrir a verdade sobre nós, estamos mortos e as pessoas do nosso mundo também.
- Alguma ideia de como sair? - Perguntou ele.
- Tenho sim.
Os dois fingiam dormir e quando tudo estava quieto, começaram a agir. Eliza se concentrou o máximo que pode e fez a chave do guarda levitar até ela. Abriu a porta da sua cela e depois a de Pedro. Viu que ainda tinha o colar. Segurou a mão de Pedro e imaginou um outro lugar descrito por sua avó, um lugar que sabia que seriam bem recebidos. O castelo das terras roxas.
Quando abriram os olhos, estavam em frente ao castelo. Estava tudo muito escuro, mas haviam tochas na porta principal e guardas vigiando a entrada. Um guarda foi até eles, que apenas levantaram as mãos em forma de rendição.
- Quem são vocês? De onde são? - Perguntou o guarda apontando uma lança para eles.
- Calma! Sou herdeira destas terras e vim ajudar!
- Como pode ser uma herdeira? É impossível!
- É uma longa história.... Será que podemos conversar com o atual líder?
Mesmo desconfiado, o guarda levou-os para dentro. Outro guarda saiu para chamar alguém e ficaram de pé esperando que voltasse. Após alguns minutos o guarda voltou acompanhado por um homem alto, forte e de barba curta.
- Quem são? - Perguntou o homem.
- A garota se diz herdeira das terras. - Respondeu um dos guardas.
- Como você pode ser herdeira, se Magnu e todos os seus descendentes estão mortos? - Perguntou o homem para Eliza.
- Sou neta de Tony. O filho mais novo de Magnu. Ele fugiu com o diamante a décadas atrás e eu sei onde está guardado.
- Como isto é possível?
- Ele fugiu com a mulher para outro mundo e levou o diamante. Ele faleceu há poucos dias e vim para ajudá-los...- respondeu Eliza e continuou - Se todos os herdeiros já morreram, quem é você e por que governa estas terras?
- Sou Tovis e governo estas terras pois sou o chefe da segurança. Sua história parece verdadeira, mas como pode provar?
Eliza mostrou-lhe então o colar que recebeu de sua avó. Tovis reconheceu as pedras entalhadas nele e acreditou no que dizia.
- Sou Eliza e este é Pedro. Agora que já acredita em mim, pode contar o que está acontecendo e o que eu posso fazer para ajudar?
- Claro. - Respondeu ele. - Tony namorava ás escondidas com um feiticeira, mas sua família era contra, pois a família real deveria ser composta de guerreiros. Depois que eles fugiram com o diamante, as coisas que estavam ruins, se tornaram pior, pois Magnu passou a culpar a família de Eva por terem levado o bem mais precioso deles e assim ganharam a inimizade de todos os feiticeiros de Casaré. E estas terras foram amaldiçoadas. E as mulheres da família real se tornaram estéreis, impedindo que novos herdeiros nascessem. Alguns morreram em batalha e outros por doença. Parece que o outro mundo deixou Tony imune. As vezes conseguiam um bom ataque contra as outras terras, já chegaram até a matar membros das famílias reais inimigas, mas acabavam perdendo a batalha. Depois que assumi o comando tenho lutado apenas para nos defender. É o máximo que consigo.
- Nossa! - Exclamou Pedro.
- Depois de décadas de batalhas e mais batalhas, o povo de Casaré não sabe o que é paz. As terras azuis e vermelhas estão tão destroçadas como nós, perderam todos os herdeiros do sangue real também. Não foram amaldiçoados, mas não suportaram a força sanguinária das terras verdes.
- Eu conheci Castro hoje e entendo o que disse. Se ele é o único herdeiro do sangue real, por que não se tornou rei ainda? - Perguntou Eliza.
- Porque lhe falta o diamante roxo para assumir. Já tem os outros três, mas sem o quarto, não pode fazer nada.
- Então temos que derrotá-lo e pegar os outros diamantes para dar um fim a esta guerra. - Disse Pedro.
- Como iremos conseguir vence-lo se nossas terras são amaldiçoadas? - Perguntou Tovis.
- Eu tenho uma ideia. - disse Eliza.
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O Diamante Roxo
Short StoryApós perder alguém que amava muito, Eliza faz descobertas sobre a história da sua família e consequentemente sobre ela. A herança de um diamante muito raro mudará sua vida. E se torna a esperança para dar fim a uma guerra que tem se estende por déca...