V - A traição da mãe

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Pov. Izabella

− Eu espero que o Senhor Martins tenha um bom motivo para te chamar essa hora − reclamou Trice, logo depois que falei sobre a ligação do meu pai.
Ele me chamava em casa com urgência.

− Eu também − concordo, indo ate meu carro.

− Como vou comprar os tecidos sem você?

− Você sabe todas as minhas medidas. − Sorrio pra ela, entrando no meu carro. − Você vai fazer o vestido, escolha o modelo do tecido. Já sabe a cor.

− Tudo bem. Mas você não mudou nem um pouquinho os tamanhos? − ela se debruça na janela aberta do carro.

− Não! − Rio, empurrando ela para fora. − A última vez que me mediu foi no meu aniversário, e não faz muito tempo. Agora tenho que ir.

− Tudo bem. Dê notícias! − Grita ela, pois já estou me distanciando.

Aceno com a mão pela janela do carro para mostrar que entendi.

****
Quando entro em casa e não vejo ninguém, começo a pensar que meu pai furou comigo.

− Pai? Marina? − Chamo enquanto ando pela sala de estar.

− Acho que não tem ninguém − uma voz vinda na direção da escada diz, me fazendo virar assustada.

Minha surpresa não é ter alguém aqui além do meu pai ou da governanta. E sim por ser quem não esperava ver até o final do próximo mês.

− Mamãe?! − Grito, meio sorrindo, meio brava. Lógico que minha felicidade ganhou.
Saio correndo até ela, que vem descendo a escada com seu sorriso tão parecido com o meu.

− Acho que sou bem vinda − ela começa a falar, porém quase a derrubo com o abraço enorme que dou.

− Não acredito que está mesmo aqui − guincho de alegria, a apertando.

Ela ri, nos mantendo equilibradas.

− Também senti saudades, ursinha − diz ela, me apertando.

A solto e olho seu rosto com mais atenção. Ela fez uma franja no cabelo, que está mais curto, porém ainda tem os olhos escuros e sorriso aberto que puxei.

− O que faz aqui tão cedo? − Balanço a cabeça, incrédula.

− Seu pai me disse que estava prestes a começar um novo CD. Você sabe que eu nunca deixaria de vir − ela responde com simplicidade, sentando na escada e me puxando junto.

− Ah. E ele também disse que quer me fazer cantar com um desconhecido? − sento ao seu lado. Sua expressão muda automaticamente.

− Um desconhecido? Como assim meu bebê vai cantar com um cara totalmente estranho? − interroga ela.

− Ele insistiu. Eu ainda tentei dizer que não era legal, mas ele está irredutível! Acha que é uma ótima jogada na mídia. − Dou de ombros.

− Ah, mas o Romano vai se ver comigo − garante ela, ficando de pé. − Ninguém diz à minha ursinha com quem deve cantar. − Ela marcha em direção a porta. − Fica tranquila, meu amor. Mamãe vai resolver isso. − Ela solta um beijo e sai de casa.

Fico estática, olhando a porta fechar. Se tem alguém que pode convencer (lê-se forçar) meu pai a fazer ou desfazer algo, esse alguém é Miranda Martins.

Sorrio comigo mesma, enquanto me levanto e subo pro meu quarto. Será que devo contar a Trice a novidade, ou esperar até amanhã, pra poder ver a cara dela? Debato comigo mesma, entrando no quarto, pego meu violão, e meu caderno de Letras.

Cinderella Às AvessasOnde histórias criam vida. Descubra agora