IX - A seleção (parte 1)

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N/A: Os acontecimentos desse capítulo ocorreram durante os acontecimentos do capítulo anterior.

Pov. Izabella

Eu não queria ficar na escola.
Onde eu parava, um garoto aparecia do meu lado cantando, e eu tinha que dar um perdido sério em cada um.
Trice me ajudou a fugir de alguns.
Eu notei também o olhar de um loiro da minha aula de história - lamento, nessa aula só me concentro em saber os nomes dos caras do passado - me encarando no refeitório. Eu estava ficando seriamente com medo.
Então, quase no fim da última aula, Trice disse algo que realmente me fez querer não sair mais da sala.

— Lembre que depois daqui, vamos ver os garotos que seu pai escolheu! – ela ginchou animada.

— Que maravilha – respondo com a animação de quem acabou de saber a sentença de morte. — Acho que estou passando mal. Não vou poder ir.

— Deixa de besteira! – ela me repreende. — Você vai poder escolher 3 deles.

— E meu pai vai poder escolher um. E eu tenho certeza de que sei quem vai ser.

— Ótimo. Ele canta bem? – Ouvimos o som do alarme indicando fim do período e ambas começamos a guardar as coisas.

— Não faço idéia, nunca vi o cara. Mas é filho de um amigo do meu pai. – Suspiro, me levantando.

— Ele deve ser bom. Talvez goste desse. – Ela se levanta também.

— Talvez. Se vamos, vamos logo. Quanto antes isso terminar, melhor.

E com essa frase de ânimo, nós seguimos da escola até a produtora.

☆☆☆☆☆

Eu devo admitir: meu pai sabe o que faz.
Os rapazes que ele selecionou tinham realmente um talento. Mas poucos tinham aquilo. Eles não tinham amor. Eu não consegui sentir a emoção. É como se eles estivem ali por obrigação.

Um tentou me impressionar cantando Sorry, do Justin Bieber.  Eu teria preferido Sorry da Cloney.
Outro cantou Be Still, que eu amo, mas não sei quem parecia ter mais sono: ele, eu ou o cara do som ao meu lado.
No final, escolhi o que cantou Far Away, outro que ficou com Couting Stars e, só pra irritar meu pai, um que cantou Cool for the summer, que obviamente era gay.

— Você não está levando isso a sério, Izabella! – acusou meu pai, quando viu os rapazes que escolhi.

— É claro que estou! O senhor disse que eu podia escolher três. Eu escolhi. Se não gostou, não posso fazer nada. – Dei de ombros, me defendendo. — E quem vai cantar com um deles sou eu, então respeite minha decisão. – Cruzo os braços.

Ele suspira e põe as fichas dos rapazes na mesa. Me olha por um tempo, com se avaliasse a situação. Por fim, acaba abrindo um pequeno sorriso.

— Você é parecida com a sua mãe. Decidida. – Eu sorrio com a comparação. — Tudo bem. Por hoje... Acabou. O garoto que vou trazer pediu mais um tempo. Ele quer... Descobrir a música certa, o algo assim. – Ele faz um gesto com a mão, como se não aquilo não importasse. — Você está liberada. Sei que tem... Um baile no fim de semana e mulheres precisam de tempo para essas coisas, então... Você e sua amiga podem ir fazer suas coisas. – Ele termina e se levanta, pegando as fichas novamente.

Depois de me despedir, pego a Trice e saímos do estúdio. Tudo que ela sabe falar é sobre os rapazes. Eu estava pensando se fazia algo para estragar as gravações que começariam em algumas semanas, ou se me esforçava ao máximo para fazer um bom álbum.

Nós duas fomos ao shopping. Ela queria olhar a promoção de calçados. Não aceitava que nenhuma de nós, principalmente eu, usasse qualquer coisa que não fosse extremamente perfeito pro Baile. Eu apenas segui o fluxo.
Não que eu tenha apenas andado de lá para cá como uma boneca, eu na verdade foquei naquelas buscas. Qualquer coisa para tirar a idéia do que eu tinha que fazer mais para frente.

Quando demos uma pausa para fazer um lanche, já eram 18h da noite.
Saimos do shopping e fomos para a nossa lanchonete preferida, a Pop's Chock'lit Shope, inspirada nos quadrinhos do Archie Comics, e sentamos em uma cabine mais afastada, perto do JunkBox (Trice ama contar a história de como o local aderiu ao objeto), e eu botei Big Girls Don't Cry para tocar.
Fizemos nossos pedidos e eu fiquei me concentrando na música.
Era questão de tempo até Beatrice notar meu jeito. Eu sabia e estava pronta. Mas quando aconteceu, desejei que não tivesse.

— Nunca te vi tão desanimada com a gravação de um álbum – comenta ela, me olhando preocupada.

Eu a olhei sem saber exatamente o que dizer. Pensei na situação toda achei a resposta.

— Eu nunca tive que fazer um álbum de um jeito que não estava a vontade. – Minha resposta é clara e verdadeira. Eu ainda não tinha percebido que era isso. Eu não estava a vontade com outra pessoa, uma pessoa desconhecida, cantando ao meu lado. — Cantar pra mim é... algo que vem de dentro. Do coração. Pra cantar com outra pessoa tem que haver uma conexão. – Olho ela, abatida. — Eu não vou ter tempo de conhecer esse rapaz, quem dirá _criar_ uma conexão com ele. Seria tão mais fácil se fosse com você.

Ela sorri e pega minha mão.

— Fico honrada. Mas não somos um casal. – Ela ri. — E vocês meio que vão parecer um cantando músicas românticas. – Ela encolhe os ombros. — Mas tenta não pensar muito nisso. Quando conhecer o cara, pede ao seu pai um tempo pra vocês dois se conhecerem. Ele não vai negar. – Ela solta minha mão quando o pedido chega.

Ela tinha razão. Não devo ficar me martirizando. Tenho que ser sábia, como Minerva seria.
Trice põe uma música animada que eu não conheço, e muda de assunto enquanto comemos.
Para quem pensou que o assunto foi o Baile, parabéns. Mas dessa vez eu ouvi e participei.
O Baile seria em 3 dias, começando a contar de amanhã.
Ela estava animada com nossas roupas, e eu com a decoração.
Eu a forcei a não ir acompanhada de ninguém além de mim. "Se quiser dançar com alguém, por mim ótimo, mas você vai e volta comigo."
Ela concordou de bom grado.
Quando fui para casa, tudo que eu conseguia pensar eram nas músicas que queria no álbum e me perguntava como conseguir inspiração para escrever novas.

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N/a.: Aqui está o capítulo 9. Sei que demorei, mas continuo enfrentando momentos difíceis. Não há previsão para o próximo capítulo, lamento dizer. Minha saúde continua ruim, e isso me impede de escrever e até mesmo de ler qualquer coisa. Então só espero que não desistam de mim. Agradeço quem continuou até aqui. Amo vocês de coração. Um abraço, um beijo e até o próximo capítulo. 👋 💋

Cinderella Às AvessasOnde histórias criam vida. Descubra agora