Oscilamos, à todo instante, neste labirinto de sentimentos. E quando já perdemos as esperanças enxergamos o todo e cai a ficha de que nunca saímos do lugar.
Contando Prantos
Sou tormento de outros dias
Fruto do meu ego
Ando vagando por aí
Sem rumo e sem juízo
Aliás, ele está longe
Longe de um nada ambulante
É muita ambiguidade
Em oitavas.Cansei de não me cansar
Durmo vadio
Não sei organizar esse amontoado
São muitas possibilidades
E a dúvida me alfineta
Ou seria a madre preguiça?
Não sei, não sei
Só sei que não consigo.O fardo é grande
E minhas forças me escapam
Mas é maior o meu orgulho
E a dor é mais dolorosa
Sofro calado
Finjo não estar
Alto estima não existe
Somente um vazio imenso e faminto.E ainda me vem esses dentes
Esses paladares com sede
Sede de extrato do mal encarado
E, simplesmente, dissimulados
O chão é mais valioso que seus pés
Minha cabeça é muito frágil
Aos ataques mal humorados
E que culpa tenho eu?Talvez algum dia
Quando o céu não for mais azul
E a grama não for mais verde
Eu me regenere
Mas é sempre tarde
Tarde demais pra mim
Estou perdido
Perdido estou.É a lei da imperfeição
Somos tirados de nossas casas
E mortos em campo minado
E mesmo que pareça uma conclusão
É mera coincidência
Pois a carga é pesada
E a gasolina ilimitada
Triste estadia.De longe nos observam
Querendo mais um pedaço
E ferve a minha barriga
Ânsia de desespero
Quero fugir
Covardia me unge
Não quero mais
Socorro!E me vem a dúvida
Por que eu?
Logo eu
Que mal ando com as minhas pernas
Que mal falo com gente
Que mal sou entendido
Mas que fique claro
Não sou infinito.Névoa
Sem eira nem beira
Com os olhos ofuscados
de tanto procurar
Me somem as ideias
É um desafio grande
Desconhecer o que é meu
Desconhecer o que sou
Como barco sem vela.Sinto dor pertinente
Sem saber onde dói
E o remédio maldito
Ao tempo pertence
E ele não espera
E ele não dá trégua
Como manco vou correndo
E mais feridas vão se abrindo.Sangue frio derramo
Desejos profanos
Sentimentos de culpa
De não saber o porquê
Ou simplesmente não querer
Se é que se entende
O incompreensível
Maldito coração.Baixo
Não se engane
É perigoso tal como é o inferno
A arte de subestimar
E mais ainda,
Retrocesso,
Quando é posto a ti mesmo
Tu te impressionas com a ilimitação
Da inquietação da tua capacidade.E agora, que percebes,
Chegou a hora de limpar
Os resíduos estúpidos da tua alma
A boiada que tu ferraste
Com inveja carnuda
Se impressiona com os teus feitos
Apesar de tudo,
Eles não te subestimaram.Já previa Inês Brasil
"Bata na sua cara,
Antes que eu bata"Múmia
Como água derramada
Que evapora solta, sozinha por aí
Jorra pelas minhas entranhas
Todo o desgosto e toda confiança
que a ti confiei
Estou seco, desidratado
de todas as expectativas e entusiasmos encorajadoresE não venha com frases de efeito
Aquelas velhas antiquadas
Que tu usas para ignorar
Ignora a tua culpa que ela cresce como um tumor
Que se aloja na tua alma
Que, por metamorfose, tona-se câncer
E corrói o teu caráter.Que o teu ego te engula
Comprimindo toda a tua língua
Que, em outros tempos, cuspia
todas as merdas que tu almejavas.Tártaro humano
Como nuvens de chuva
Circula pelo ar
Um período híbrido
Amor e ódio espiralando em sintonia
Troveja o cara ruim
com seus olhos colossais
prontos para ti engolir
Como trovão seu vozeirão estronda
E estas ondas, meu caro, batem nos tímpanos com violência
e não há força nem estômago que possa suportar.
Talvez fosse falta de escoamento de estresse.E lá vem a outra
Com seu sofrimento e agonia
Lamentando a sua maldição
Sugando a paciência do lugar
E eles chamam essa terra de lar
Privilégio de forças
E bem no meio do caus
Cresce a semente do mal
A ovelha negra da qual eles nunca reparam com sutileza
Esta que vos escreve.Miragem
Espero a brisa que se foi
O caos calmo que está longe
Levado pelo vislumbre da corrente
Que arrastou todas as salas.Por gritos de guerra a energia palpita
Uma tríade de dias longos e quentes se alastra sobre minha cabeça
Cada minuto é uma chance a menos de libertar palavras de agonia ou seria desejo?A contagem regressiva do meu óbito ou dos meus tempos de glória acelera os passos.
Dreamland é um privilégio de poucos.A porta dos fundos se abriu e novos brancos mancham o preto da paz.
E as entrelinhas são aliadas, os bronquíolos do meu pulmão.Espero que entenda o meu fardo.
Valentina
É nos dias em que a chuva chega
Sem o anúncio das nuvens
Aqueles de luto
O sangue coagula no leito do peito
Aperta o corpo delgado
E sufoca a alma menina
Querendo sair
Árdua vida, vida Severina
Suores correntes da face varrida
Tempos corridos, tinindo o chinelo
Debaixo da brasa do sol
Leva contigo a certeza certeira
Que em meio aos pesados pesares
Valeu a pena viver.
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Descendo As Escadas (Não Terminado)
AcakPrólogo Soneto Vocês, desses dias varridos, fujam Adentrem o reino das palavras Da menina soneto Do menino poema Rasguem-se e sintam Pois é assim que o poeta faz E não há mundo algum Que possa lhe tirar de si Pois a beleza da vida É uma estrofe i...