Capítulo 6 - Aqueles que se esquecem do passado...

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Depois de resolver enterrar novamente os restos da Mia, por respeito, todos voltaram a casa, já tinha escurecido e todos estavam muito nervosos, mas já tinham parado de chorar, nós reunimos na sala de estar, que por sinal só trazia más recordações, me sentei na poltrona enorme de couro, aquelas que fazem barulho de gases quando você senta, como todas as vezes que algo coisa ruim acontecia, todos ficaram em silêncio até alguem começar a falar e dessa vez foi Amanda que de todos, parecia ser a que menos se abalou:
- Ah, gente todos nós sabíamos que ela estava morta, não sei porque tanto drama.
- Talvez porque nós acabamos de encontrar os restos da Mia - Disse Victor fuzilando Amanda com o olhar, e então ela se encolheu na cadeia em que estava sentada.
- Um ano todo, e a Mia estava enterrada bem de baixo dos nossos narizes - murmurou Eddie olhando para o nada.
- T-talvez ... - falei compartilhando minha teoria - aqueles não eram os ossos da Mia, quer dizer pode ser ossos de qualquer pessoa que morreu na mesma época que ela.
- Mas os ossos estavam com a roupa da Mia, como o assassino conseguiria? - disse Cecília confusa
- Mas e se... - resolvi ficar quieta, aquele não era melhor momento para discutir isso.
- Não é como se tivéssemos visto um corpo - falou Eddie tentando animar a todos - eram só ossos.
Porém claramente não fez diferença nenhuma, nós não estamos tão triste como ontem, quando achamos o corpo da Sra. Dalkare, porque nós vimos o rosto dela, e acho que todos aqui já viu pelo menos uma vez ela, já com os ossos da Mia, parecia que não era real, como se não fosse ela é sim só um esqueleto, como aqueles que o Sr. Bigner, nosso professor de biologia usa em suas aulas. Depois disso Laila falou que queria tomar um ar e foi para a área da piscina e depois disso todos começaram a tentar agir normalmente, mas eu e os outro treze jovens nessa casa ainda estavam muito abalados.
Ainda faltava algumas horas para o fim do dia, e como todas as outras noites estava muito quente, fiz um coque improvisado em meu cabelo preto com mechas ruivas, meu cabelo é uma das coisas que mais me lembra a Mia, porque ela que foi comigo para fazer as mechas um ano atrás, depois de meu pais super-protetores não terem deixado eu ir a festa de Kimberly Sparcle, uma garota que dava as melhores festas da cidade, competindo só com as festas da Mia, nos fomos ao cabeleireiro para fazer uma mudança radical em mim, para provar que eles não mandam em mim, Mia tinha pensado em colocar um piercing em mim, mas lembrei em como meus pais adoram o fato de toda a família ter cabelos negros eu pensei em mudar o cabelo, estávamos indecisas em o que fazer até que Mia me mostrou uma foto de uma modelo de biquíni na praia com mechas ruivas no cabelos.
- Vai ficar lindo em você
E ela tinha razão, ficou espetacular mas não é por esse motivo que as mechas permanecem no meu cabelo depois de um ano e sim para eu me lembrar de Mia.
Fui em direção a área externa e me sentei á beira da piscina, a água estava fria. Fiquei olhando para um mosquito que ficava flutuando na piscina morte, era nojento mas me acalmou.
Laila e Chanel estavam conversando, porém como elas estavam quase susurrando não ouvi e nem queria, eu estava muito abalada ainda.
Quando estava voltando para dentro e cada, para conversar com Daniel notei que Mikaelly estava sentada na mesa da cozinha, sozinha e ela estava muito estranha, murmurava coisas que definitivamente não era português e ela estava tremendo muito, resolvi me aproximar para ver se ela estava bem.
-Ahh, Mikaelly você está bem?
Mas ela me ignorou e continuou murmurando coisas sem sentido então coloquei a mão na testa dela para ver se estava quente e ela segurou minha mãe antes que eu tocasse em sua testa, e derepente olhou pra mim e começou a murmurar coisas, porém dessa vez em português.
- Não acredito... entendi o que disse...tem certeza.
Ela estava me assustando, ela olhava pra mim mas parecia que estava falando com outra pessoa.
- Mikaelly o que está acontecendo? - perguntei tentando me soltar porém ela estava me segurando forte. - Ai! Está doendo,me solta.
Mas ela não soltou e começou a murmurar mais coisas.
- Fogo... fogo... é culpa sua... - ela ainda não parecia estar falando comigo mas então ela fechou os olhos por uns três segundos e quando abriu começou a apertar a minha mão mais forte ainda e dessa vez eu tinha certeza, ela estava falando comigo.
- Você... será a primeira... Mia me disse...
- Do que você está falando? - falei tentando me soltar mas ela não pode responder, Amanda e Letícia entraram na cozinha e correram pro lado de Mikaelly e Amanda falou alguma coisa no ouvido dela que acalmou ela e então ela me soltou e parecia estar voltando ao normal.
- Meninas, ela está bem?
- É melhor você sair daqui - Falou Letícia, essa era a primeira vez que eu ouvi ela falar alto assim e então Amanda me olhou como se fosse me esganar e admito que fiquei um pouco assustada mas eu não sai dali, estava preocupada com o que estava acontecendo com ela mas depois de ela se acalmar totalmente eu comecei a me afastar e então quando eu estava quase saindo da cozinha a Mikaelly falou um pouco alto demais.
- Espera - então eu me virei para ela e um sorriso sinistro surgiu em sua boca - está com medo das três patetas?
Ela começou a rir e eu sai imediatamente de lá, senti meu coração acelerar, como ela sabia que o apelido delas era "três patetas"? As únicas que sabiam disso são eu, Chanel e Laila, será que ela ouviu quando nos falamos dela? E sobre o que era aquele negócio da Mia? eu estou muito assustada, era garota não É normal, mas tem perfil de assassina? Será ela quem matou a Mia e a Sra. Dalkare?
Chamei as meninas para o nosso quarto, mas, Laila estava ocupada conversando com Olivia sobre uma amiga em comum que descobriram e só Chanel subiu e eu contei o que havia acontecido.
- Essa garota é louca, sabe eu sempre tive dó dela mas agora tenho medo.
Era estranho porque ela tinha sido tão legal na floresta e agora tinha surtado do nada.
- É, verdade
- Já sei, agora devemos começar a chama-lá de Carry, a estranha.
Nos começamos à ter uma crise de risos, Chanel sempre foi a melhor inventando apelidos, ela chamava Betânia, uma garota que sempre ia para escola com hálito de feijão de " bafo de estrume", e Damian, um garoto quem um dia foi todo de Rosa salmão para escola e agora era o " porco francês " porque ele era de Paris, Chanel sempre nos fazia rir mas nossas piadas sempre eram internas mas agora Mikaelly sabia o seu apelido.
-Então, você nunca chamou elas se "três patetas" um pouco alto?
- Claro que não, acha que eu sou burra? Pode ter sido a Laila.
- Não acho que foi ela, de todas ela sempre foi a que menos gostou de zuar os outros.
- Bom, pode ter sido a Mia, você sabe o quanto aquela vaca gostava de aborrecer os outros.
-Você deve ter razão. - concordei.
Quando Chanel ia começar a falar alguma coisa alguma coisa chamou sua atenção.
- Olivia, o que é isso em baixo do seu travesseiro?
Olhei para a outra ponta da cama e vi que embaixo do meu travesseiro tinha um pedaço de papel que parecia um envelope, levantei o traveseiro e era mesmo um envelope, sem nada escrito.
- Isso é seu? - perguntou Chanel
- Não é de manhã isso não estava aqui.
- Será que...
Ela nem precisou terminar a frase para eu saber que estávamos pensando a mesma coisa então olhei para ela denovo que disse para mim abrir e foi exatamente o que fiz, abri o envelope e dentro tinha um papel de carta mas não era uma carta e sim um poema, eu estava muito confusa então li em voz alta para entender o que estava escrito.
- A doce Olivia por muito tempo conseguiu seu segredo esconder... - eu estava começando a ficar tonta então fechei os olhos e quando abri novamente Chanel fez um gesto para que eu continuasse o poema - Mas depois que todos souberem, quem ao seu lado ela vai ter?
Chegou a hora de Olivia pagar por sua ação, pena que não vai conseguir voltar para a reabilitação.
Quando se arrepender já vai ter sido tarde, assim como Mia que agora no inferno arde, em baixo da terra você vai estar, e então Valentina finalmente vingada vai ficar.
Tudo começou a ficar turvo, não podia ser, como o assassino sabia disso? Era a única coisa que eu pensava na hora, a boca de Chanel mexia mas eu não ouvia nada apenas os gritos... mas não eram de Chanel e sim, de Valentina.
***
Quando abri meu olhos vi Laila e Chanel no meu campo de visão mas também estava ouvindo a voz de Eddie e Daniel, eles também estavam lá oque só piorava tudo, me sentei na cama e vi a carta na mão de Daniel, ela estava confuso, todos estavam.
- Você tá bem? - perguntou Eddie
- Estou, só fiquei bem tonta.
- Foi a carta não foi? - disse Chanel com um pano quente na minha testa.
- Quem é Valentina?
- Ah e-eu não sei... quer dizer... eu sei mas...- eu não pudia contar para eles, era muito perigoso.
- Quer saber eu acho que deveríamos queimar essa carta logo - falou Laila atenciosamente.
-Não, isso é uma prova - disse Daniel e olhou para mim pedindo desculpas por ter que ficar com a carta e eu falei que não importava, mas importava, e muito.
- Ele só está tentando brincar com você, Olivia - resmungou Laila - esse assassino que acabar com todos nós, fisicamente ou mentalmente, você precisa ser forte garota.
Eu sorri para ela, e olhei em volta, meus melhores amigos estavam aqui, as pessoas que eu mais amo e confio, talvez, eles não me odeiem se eu contar a eles a verdade, talvez ele possam me ajudar. O que eu estou pensando? É claro que eles vão me odiar e querer me entregar parano assassino e a por algum milagre nos sobrevivermos essa semana, eles nunca mais olhariam na minha cara, não posso contar.
- Desencana desde poema Daniel, o assassino com certeza mudou a letra pra fazer isso.
- Mas não é pela letra, e se alguém estiver escondendo mais papeis de carta ou uma caneta da mesma cor que essa? Saberíamos quem está por trás de tudo isso.
- Daniel, essa pessoa matou suas pessoas, acha que seria burra de deixar câmeras e papeis de carta por aí? A essa hora já deve estar jogado no meio da floresta. - falou Chanel e ela tinha razão, esse assassino nos prendeu em uma montanha, não seria idiota e deixar papel de carta por ai.
-Quer saber, você ter razão, vamos queimar isso.
Valentina, o nome que toda vez que era citado me dava calafrios, e naquele momento ele foi citado umas mil vezes, e toda hora eu falava a mesma coisa " eu não conheço nenhuma Valentina", mas eu conheço, e além de mim a única que também conhece é a Mia, quer dizer, conhecia, mas agora ela está morta e não tem como o assassino saber disso, era impossível, ele deve estar blefando e não deve saber a história toda, não tem como ele saber, eu fui tão cuidadosa, o único jeito do assassino saber disso é se a Mia contou a ele, ela me traiu.
Tentei ao máximo parecer normal e então descemos e combinamos de fingir que nada aconteceu, o que por sinal foi uma otima ideia, pelo menos, para mim e agimos naturalmente mas a ideia de que alguém que está nessa casa sabe meu pior segredo me provoca medo, e ainda por cima não consigo acreditar que a Mia, minha melhor amiga, foi capaz de me trair e de contar um segredo assim para alguém, para o assassino e para piorar tudo isso significa que o assassino era uma pessoa em que a Mia confiava, a pessoa que matou Mia foi a mesma com quem ela compartilhou diversos segredos, e talvez não só os meus e sim, de todos aqui.
Estava me sentindo desconfortável dentro dessa casa com toda essa gente aqui então resolvi ir na varanda e respirar ar puro, sai lá fora e me sentei no terceiro e último degrau da varanda e respirar fundo, e tentei pensar em tudo que havia acontecido até agora, mas não conseguia porque cada vez que eu fechava os olhos me sentia desprotegida, não pudia confiar neles, não pudia ser que nem a Mia. Olhei para a floresta e então lembrei dos acontecimentos de um ano atrás, quando eu só precisava me preoucupar em entregar trabalhos até o prazo e em que roupa eu iria sair, sem mortes e segredos mas tudo mudou tão bruscamente e agora eu penso que não tenho nem mais uma semana de vida, sem faculdade e uma casa só para mim, todos os planos que tinha feito desde os 13 tinham se esvaido, e agora é só questão de tempo até o assassino decidir que chegou minha hora. Derepente uma pergunta surgiu em minha mente, será que vão encontrar meu corpo? Será que vou ter um enterro triste e com bastante flores ou vou apodrecer assim como Mia, será que minha familia pelo menos poder se despedir e mim? Lágrimas começam a descer e meus olhos, lágrimas sem esperança alguma, não tem como algum de nós sobrevivermos a tudo isso, não temos esperança.
Alguns minutos depois eu volto para dentro e vejo que não há ninguém na sala e vou para os fundos onde encontro Malia e Eddie bebendo e percebo que Eddie deve ter bebido bem mais que ela, porque ele já não está mais falando coisa com coisa, me aproximo e eles sorriem aí me ver e então Malia me oferece um Redbull e eu aceito, sempre desaprovei o fato de Eddie beber toda hora mas agora parecia certo, nos não íamos durar muito, devemos aproveitar mas só mesmo tempo tenho medo e beber demais e correr risco à mais, afinal eu sei que não vamos sobreviver mas também não quero morrer no terceiro dia, só essa ideia me deixa angustiada e então falo que não estou muito bem e entro para ir ao banheiro mas fico em pé olhando pra meu reflexo no espelho e percebo que meus olhar está desanimado e meu cabelo está muito sujo, se fosse uma semana atrás eu não deixaria ninguém me ver assim mas hoje, não importa.
Quando vou sair do banheiro ouço vozes, muitas vozes, ao que parece a maioria deles havia descido e estavam conversando alto, me sentei no vaso sanitário porque eu não quero mais sair daqui, não com eles lá, mas eu tinha, eles são meus amigos e eu tenho que aproveitar o temponaue ainda resta, me levantei e quando coloquei a mão na macaneta percebi quem estava pisando em cima de alguma coisa, um envelope, fiquei muito nervosa, alguém tinha passado isso por debaixo de porta, o assassino estava bem ao meu lado.
Abaixei para pegar o envelope mas demorei para abrir, parecia que minhas mãos tinham controle própria e que não queriam a mexer, eu estava com muito medo mas criei forçar a abri e peguei o que tinha dentro, dessa vez não era um poema e sim, um bilhete.
Quem vai salvar você de mim quando eu contar a verdade sobre você ? Não se esqueça Olivia, você é tão culpada quanto eu, assassina.
Meu Deus, isso não pode estar acontecendo, o assassino sabia, ele sabia toda a verdade, Mia foi capaz de revelar o meu maior e mais obscuro segredo, e logo todos iriam saber e me odiar, não pode ser verdade, o assassino sabe tudo o que aconteceu, sabe que eu matei Valentina.

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