Capítulo 5 - Problemas Resolvidos?

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Marina chegou mais cedo no dormitório de Alice, e ela já estava lá. Ela contou sua história pela segunda vez naquele dia e Alice não teve medo de interromper com algumas perguntas, ela estava interessada. Quando Marina acabou ela encostou na cadeira e suspirou profundamente.
"Não posso acreditar, eu sempre ouvi rumores, mas honestamente? Sempre duvidei que fosse verdade"- Respondeu Alice.
"Eu posso jurar que tudo que lhe contei é verdade"- Disse Marina

"E como é agora? Quando você está lá?"- Perguntou Alice.
"Nós não ficamos lá durante a noite, mas durante o dia escutamos arranhões nas paredes, alguns sussurros baixinhos e ás vezes nós ainda escutamos as janelas abrindo e fechando. Em plena luz do dia, mas toda vez que eu olho as janelas ainda estão abertas"- Respondeu Marina.
"Bom, eu não acho que você esteja em perigo, mesmo sabendo que incomoda, é simplesmente acaso, poderia acontecer com qualquer outra pessoa. Vocês só precisam ficar fora do quarto 733."

Marina bufou.
"Você está brincando? Eu nunca entraria lá."
"Eu acredito que você acredite nisso, mas seja o que for isso, é manipulador, inteligente e mentiroso. E é mais esperto que você."- Disse Alice.
"Estou tentando não ficar ofendida com isso"- Disse Marina.
"Não fique, eu não quis ofender"- Disse Alice.
"O que você acha que é?"- Perguntou Marina.
"Algo muito antigo e muito maldoso"- Respondeu Alice
Marina analisou a resposta e deixou seus olhos passearem pelo quarto dela pela primeira vez desde que entrou, ela não havia notado a decoração antes, mas observando melhor dava pra perceber que ela tinha muito interesse no oculto.
"Eu não consigo imaginar nenhum tipo de situação que me colocaria naquele quarto"- Disse Marina.
"Eu sei, mas você tem que estar preparada que em algum momento você terá que tomar uma decisão sobre entrar ou não naquele quarto. Afinal, com o que você está lidando? Já matou 5 pessoas"- Disse Alice.
"5? Eu achei que fossem 3!"- Disse Marina espantada.
"Bom, nem todo mundo fez o tipo de pesquisa que eu fiz. Vamos ver, teve Ellen Burnham em 1961...ela pulou da janela e foi a primeira de todos. E então, Tad Collinsworth em 1968...ele pulou também. Marissa Grigg, em 1975, ela se enforcou. Erin Murphy, em 1979...saltou da janela. E finalmente Erik Dousten, em 1992...se enforcou"- Disse Alice.
"Cinco suicídios? Como ainda existem alunos morando naquele quarto?"- Perguntou Marina.
"Não existem, aparentemente é um quarto de suprimentos"- Respondeu Alice.
"E antes?"
"Os que sabiam se graduaram e os novatos não sabiam de nada, a internet não era o que é hoje, então eles chegavam aqui sem saber de nada sobre isso... Até a última morte, Erik Dousten...foi aí que eles fecharam a ala norte e construíram a ala sul."
"Então o que ele quer?"
Alice deu de ombros. "Caos, mortes, almas... Quem sabe? Ninguém nunca soube o que é."
"E o que nós sabemos?"- Perguntou Marina?
"Bom, nós sabemos que tem uma conexão com o quarto e pouca influencia fora dele, sabemos que os que morreram estavam sozinhos e sabemos que ele é esperto. Só isso."
Não era suficiente. "Você tem um palpite do por quê?"- Disse Alice.
"As vítimas?"- Perguntou Marina.
"Tudo que eu sei é o que está nos arquivos de evidencia, todos os suicídios foram encontrados com fotos e imagens que naquela época eram ilegíveis. Elas continham coisas horríveis e diabólicas que provavelmente fariam você se sentir mal só pela leitura."- Respondeu Alice.
"E foram essas pessoas que desenharam e escreveram isso?"- Perguntou Alice.
"Aham, seja o que for que esteja lá, os deixou malucos"- Respondeu Alice.
"Isso é assustador, vocês já consideraram chamar alguém para benzer o lugar?"- Perguntou Marina.
"Bom, talvez vocês demorem pra pegá-lo, mas quem sabe... com ajuda de alguém da igreja"- Respondeu Alice.
"Você está falando sobre um exorcismo?"- Perguntou Marina.
Alice deu de ombros novamente. "Talvez. O rumor nos anos 70 foi que tudo começou com uma partida de Ouija que deu errado em 1961"- Respondeu Alice.
"Sério? Aquela merda é feita pela Hasbro"- Disse Marina.
"Não nos anos 60... Mas de qualquer forma é apenas um rumor. A única pessoa que saberia disso é o Tom Moen, da administração. Eu tentei falar com ele, mas ele se recusa a me ver."- Disse Alice.
"Ele estava aqui em 1961?"- Perguntou Marina.
"Sim, e ele estava no seu prédio"- Respondeu Alice.
"Nós precisamos falar com ele, precisamos saber o que diabos está acontecendo ou eu não conseguirei viver o resto da minha vida como uma pessoa normal"- Disse Marina.
"Nós podemos tentar achar ele no campus"- Falou Alice.
"Podemos falar com ele amanhã?"- Perguntou Marina.
"Podemos tentar"- Respondeu Alice.
Sr. Moen não às viu nem naquele dia e muito menos no próximo. Elas tentaram falar com ele na hora do almoço e novamente quando ele estava saindo do trabalho... Estava claro que o velho às evitava.
Letícia e Marina não se viram muito depois que decidiram continuar dormindo em outros dormitórios. Marina ia ao seu quarto duas vezes no dia...uma vez de manhã e outra de tarde. O quarto geralmente estava silencioso, mas isso não fazia ela se sentir melhor. Ela sempre sentia algo errado do outro lado da parede, algo à observando. Parecia a calma antes da tempestade.
Na Quinta-Feira antes do Halloween Marina foi ao dormitório tomar banho, um pouco mais tarde do que o normal, mas ainda assim não era noite. Ela tinha visto Letícia mais cedo e ela disse que tinha muitas roupas no outro dormitório então Marina sabia que não a veria essa noite.
Ela tomou banho no final do corredor e foi para seu quarto trocar de roupa. Ela ia encontrar o Ian e ir para uma festa, então Marina só queria dar o fora o mais rápido possível.
O silêncio também estava à deixando nervosa então ela ligou seu Ipod e AC/DC começou a tocar.
Marina se vestiu e ficou na frente do espelho secando seu cabelo, ela abaixou sua cabeça por um momento e começou a correr seus dedos nos fios do seu cabelo, tentando dar algum volume. Assim que ela olhou para o espelho novamente, percebeu que a música já não tocava mais.
Mas isso não foi a única coisa que ela percebou.
Não era mais o seu quarto, atrás dela estavam as cabeceiras das camas enferrujadas e empoeiradas e as enormes janelas do 733. Ela olhou pra trás em pânico e percebeu que ela realmente estava no seu próprio quarto.
Ela olhou para o espelho novamente e viu o 733 ainda refletido lá, ela ficou paralisada por um momento pensando no que fazer, mas um pequeno movimento perto dela foi o que à fez correr.
Ela agarrou sua bolsa e o celular e saiu do seu quarto batendo a porta atrás dela, assim que o elevador chegou, Marina ligou para Alice.
"Não posso fazer mais isso, não posso voltar naquele quarto outra vez, nunca mais"- Disse Marina.
"O que aconteceu?"- Perguntou Alice.
Marina contou a ela.
"O que você quer fazer?" Alice perguntou.
"Eu preciso falar com alguém que saiba o que está acontecendo, Tom Moen é o único que estava aqui em 1961?"- Respondeu Marina.
"Que eu saiba o único, talvez a gente consiga falar com ele amanhã pela manhã? Nós vamos encurralá-lo e não vamos sair de lá até eles nos contar algo. Ele sempre chega ás 6:30, você quer me encontrar na frente do Starbucks no Atrium?"- Perguntou Alice.
"Quero! Eu tenho aula ás 7:30 mas eu vou matar"- Respondeu Marina.
"Ok, vejo você lá"- Finalizou Alice.
Marina nunca gostou muito de festas, mas ela estava feliz que foi pra uma, assim que chegou lá pediu a Ian uma bebida. Ela não é muito de beber e ele deu um copo com as duas sobrancelhas erguidas.
Ela explicou o que havia acontecido brevemente pra ele, esperando que ele não à chamasse de louca.
Ian deu uísque e coca, apenas a primeira dose de muitas.
Marina saiu da casa pra fumar e olhou seu celular, tinha uma mensagem de voz da Letícia, deixada ás 23h04min.
"Oi, Marina. Escute, eu só... ugh. Eu tive uma briga com o Abraham. E ele, quer dizer, eu acho que a fraternidade dele decidiu que todos os calouros têm que passar a noite no quarto do suicídio, no nosso dormitório, eu simplesmente não entendo... Ele sabe o que têm acontecido conosco e ele ainda assim aceitou isso. Ele agora quer me convencer de que Sigma Chi está por trás disso tudo que vem acontecendo no 733 porque eles já vem preparando todos para a brincadeira de Halloween. Eu não..."

Marina finalizou a gravação e botou seu celular na bolsa, era compreensível que a Letícia estivesse puta, isso não era bom. Não mesmo.

Marina achou Ian e pediu que à levasse pra casa, ela estava muito estressada, muito cansada e muito bêbada.
Quando o alarme tocou ás 06:00 ela teve que usar todas as forças do seu corpo pra sair da cama. Ela se vestiu com as mesmas roupas que usou na noite passada e atravessou o campus em direção ao Atrium.
Alice já estava lá à esperando com um copo de café preto nas mãos.
"Achei que você fosse precisar disso"
"Como você sabe?"- Perguntou Marina.
"Suas mensagens"- Respondeu Alice.
"Eu mandei mensagem pra você ontem?"- Perguntou Marina.
"Sim, ás 01:00,você me contou sobre Sigma Chi."- Respondeu Alice.
"Ai, meu Deus. Sim..."
Marina tirou os óculos.
"Aqueles caras são uns idiotas! Lembra quando eu te disse que aquilo era esperto? E se o motivo de estiver mexendo com você era fazer o quarto ficar provocativo, entende? Pra seduzir a pessoas e fazer com que elas entrem. Ninguém entra lá há anos, você pode imaginar o quão desesperado aquilo está?"- Perguntou Alice.
"Você acha mesmo que eles estão correndo risco?" Marina perguntou e sentou no meio-fio do prédio.
"Sim... na verdade a única coisa a favor deles é que todas as outras vítimas estavam sozinhas na hora que morreram"- Disse Alice.
"Então fica menos poderoso quando tem mais gente?"- Perguntou Marina.
"Teoricamente. Nós saberíamos muito mais se tivéssemos uma idéia do que é, e nós não podemos saber o que é sem saber como chegou lá, e é por isso que precisamos do Moen"- Respondeu Alice.
"Que horas ele chega?"
"Na verdade, 20 minutos atrás." Alice disse com um sorriso nos lábios.
Elas Levaram 1 hora e meia pra perceber que o Sr. Moen havia às evitado novamente, elas foram ao escritório e imploraram por uma visita com ele de qualquer jeito.
A mulher na recepção as recebeu friamente.
"Sr. Moen não está vindo hoje, nem algum outro dia. Ele pediu demissão ontem, parece que vocês não irão incomodá-lo mais."
"Não estávamos incomodando ele nós só precisávamos falar com ele desesperadamente"- Disse Marina.
"Ainda precisamos." Alice completou.
"Bom, vocês não vão conseguir nada sobre a vida pessoal dele comigo."- Disse a moça da recepção.
"E agora quem poderá nos ajudar?"- Marina perguntou a Alice.
"Com o Sr. Moen não temos mais nada a fazer"- Respondeu Alice.
"Alice, merda, eu não posso voltar naquele quarto"
"Bom, então espero que você fique feliz em saber que suas transferências chegaram"- Disse Alice.
"Chegaram?"- Perguntou Marina.
"Sim, eu vi a noticia quando chequei meu e-mail hoje mais cedo. Você vai para Morton e Letícia vai para Tinsley"- Respondeu Alice.
"Ah, obrigada Deus"- Disse Marina.
"Eu achei que você fosse gostar disso, eu convenci meu chefe a não colocar mais ninguém no quarto 734"
"Ainda bem"- Disse Marina.
"A única coisa é que você não pode se mudar pelo menos até Segunda"- Disse Alice.
"Eu posso durar um fim de semana, especialmente agora que sei que acabou. Tenho que contar pra Letícia"- Finalizou Marina.

Quarto 733 Onde histórias criam vida. Descubra agora