Marina pegou seu celular e ia discar o numero da Letícia, mas sua atenção foi chamada para o '1' vermelho no canto da tela, que indicava uma mensagem de voz. Ela apertou play, era o resto da mensagem da noite passada.
"...nem olhar mais pra aquela cara estúpida dele então eu vou pra casa. Não se preocupe, vou ficar bem, estou bêbada o suficiente pra conseguir dormir e ignorar qualquer barulho do quarto vizinho. Só estou realmente irritada agora, eu ia preferir lidar com a Maura Prostitutes do que com Abraham !"
"Merda."
Alice à olhou, questionando silenciosamente.
"Letícia dormiu no nosso quarto."- Disse Marina.
"Mas ela está bem, não está?"-Perguntou Alice.
"Se ela não entrou no 733."-Respondeu Marina.
"Ela não entrou."
Marina pensou nas grandes janelas nas paredes, só aquilo faria com que Letícia ficasse bem longe daquele quarto.
"Hum, então ta. Já que não temos nada pra fazer, quer ir à biblioteca e olhar uns livros de teologia? É a única coisa aberta á essa hora"- Perguntou Alice.
"Claro"- Respondeu Marina.
A senhora que estava na biblioteca parecia ter mais de 1000 anos de idade, Srª. Stapley. Os olhos dela eram pequenos e aguados e a pele do rosto dela parecia derreter o tempo todo.
Ainda assim, ela era lúcida e mandou as duas para a ala certa quando perguntamos sobre demonologia, mesmo estando com um olhar curioso no rosto. Elas leram algumas coisas, mas não se encaixava com o caso delas e o que talvez pudesse encaixar, estava em outras línguas.
30 minutos depois elas retornaram para a mesa da velha.
"A senhora tem alguma coisa relacionada ao ocultismo?"- Perguntou Marina
"Ah, o oculto. Sim...Logo ali á direita"
"Obrigada."
"Eu não acho que ela goste de nós." Alice sussurrou enquanto elas iam em direção aos livros.
"De nós ou dos nossos interesses?"- Perguntou Alice
"Os dois."- Respondeu Marina.
Uma hora depois elas retornaram a mesa da senhora e ela às fitou enquanto as meninas andavam, ela parecia estar suspeitando de algo.
"Hum, desculpe. Mas a senhora sabe onde nós podemos encontrar algum tabuleiro Ouija ou..."- Perguntou Marina antes de ser interrompida.
"Escutem aqui, garotas...eu realmente espero que isso seja para alguma aula."
"E é"- Marina disse.
"Não é não, é uma pesquisa pessoal"- Alice disse.
"Pesquisa? Que tipo de pesquisa?"- Perguntou Srª. Stapley
"Olha, nós não vamos destruir nada com o tabuleiro de Ouija ou algo do tipo..."- Marina disse.
"Bom mesmo, porque eu não posso ter esse tipo de coisa aqui" Ela disse e ajeitou a roupa antes de sentar novamente.
"De novo?" Alice retrucou.
A mulher pareceu desconfortável por um momento e começou a analisar uma pilha de livros que estava em sua mesa.
"Talvez nós tenhamos algo..."
"Srª. Stapley, nós queremos informações sobre o que aconteceu em 1961"- Disse Marina.
Alice interrompeu.
"E também sobre o que vêm acontecendo desde então."
"Não é um segredo, é? Um estudante cometeu suicídio naquele quarto, horrível, mas não é raro em nenhum campus universitário."- Disse Srª. Stapley ironicamente.
"5 estudantes."- Marina a corrigiu.
Alice começou a falar rápido.
"Mas a senhora sabe disso, não é? Porque você soa como se você soubesse muito bem essa história. Por favor, nos diga como começou e talvez nós possamos pôr um fim"
"Pôr um fim? Não seja arrogante, mocinha. Você não pode pôr um fim nisso. Pessoas sempre morreram naquele quarto e elas vão continuar morrendo, não existe fim e é melhor você ficar fora disso."" Srª. Stapley falou e sua voz parecia mais calma e concentrada.
"Mas talvez se nós soubéssemos como começou..."- Disse Marina.
"Começou como você acha que começou, mas todos os envolvidos ou estão muito velhos ou mortos hoje. Apenas fique longe do quarto, se concentre nos estudos."- Disse a senhora.
"Eu adoraria, mas eles me colocaram junto com a minha amiga no quarto vizinho, talvez você consiga esquecer sobre os suicídios, mas nós não, aquilo não deixa"- Disse Marina.
"Mocinha, eu nunca esqueci...Minha amiga Ellen foi a primeira a morrer naquele quarto. Ela era minha melhor amiga, e não tem uma noite que eu não pense nela tentando sair daquela janela minúscula e depois pulando do sétimo andar do prédio."
Srª Stapley disse e sua voz estava ainda mais calma do que antes.
"Desculpe, eu não sabia"- Disse Alice.
"Bom, são apenas memórias, querida. Agora garotas, eu sugiro que vocês peçam outro quarto urgentemente, ninguém deveria estar no sétimo andar daquele prédio, e isso é tudo que eu vou dizer sobre o assunto."- Disse Srª Stapley.
Alice suspirou e não disse nada, apenas acenou com a cabeça. Elas não iriam descobrir mais nada ali, mas mesmo assim, estavam em uma situação melhor. Pelo menos tinham alguma informação.
Alice começou a andar e Marina quase a seguiu, mas tinha algo à incomodando no que a Srª. Stapley havia dito. Só um pequeno detalhe.
"Srª Stapley, por que você se referiu ás janelas do 733 como minúsculas? Porque eu já vi aquelas janelas e elas são gigantes, tipo, 1 metro de altura."- Marina disse e a cansada velhinha à olhou.
"Querida, você está falando do quarto de suprimentos. O quarto 733 é do lado dele."
"N...ão, não. Aquele é o 734."
Marina estremeceu.
"Bom, é agora, quando eles construíram quartos na ala sul todos os quartos diminuíram um número."- Finalizou Srª Stapley.
Marina se senti tonta e parecia que ia cair a qualquer momento.
"Merda." Alice sussurrou.
"Letícia."
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Quarto 733
HorrorMarina e Letícia são recém chegadas na universidade, a faculdade seria ótima se não fosse por algo, elas ficaram com o quarto 734 ao lado do 733 que é um lugar que não tem boa reputação. O cômodo é conhecido por uma série de misteriosas mortes e est...