Capítulo 1: O fim começa no começo

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Um grupo de pessoas se reúnem em um casebre. Todos se vestem com um manto escuro por fora e vermelho por dentro, ouve-se os gritos de um porco quando um homem, que vestia uma túnica diferente dos demais traz um coração em uma bandeja e a cabeça do animal na outra. Estes elementos foram adicionados a um altar.
O que estava com uma túnica diferente conjurava uma antiga oração celta e disse:
_Oh! Poderoso Bile. Te conjuramos que envie teus guerreiros mais poderosos para subjugar aqueles que sujam esta nação com um sangue que não conhecemos. Sabemos que o sangue de animais não te satisfaz, mas juramos pelas nossas vidas que derramaremos o sangue destes que te provocam a ira nos altares que temos te edificado...
Enquanto os seguidores entravam em transe e respondiam o conjúrio, uma nuvem espessa apareceu e os cobriu. Um ser com forma humanóide e pele vermelha como brasa caminha no meio deles, ele está cercado de demônios, seu rosto é afilado, no seu queixo há dois chifres curtos que formam um tipo de cavanhaque negro, ele se gaba diante dos outros demônios:
_Vejam o reconhecimento de centenas de anos, acredito que o próprio Valente tem promovido isto para me honrar.
De repente, figura imponente surge de um tipo de ferida que dá acesso ao abismo. Ele tinha uma face de boi com um corpo humanóide. Usava calça preta e dos seus pulsos até as suas mãos eram negros. No seu abdomem, havia inscrições de sacrifícios humanos, no qual crianças eram assassinadas em honra ao valente. Seu peito, abdomem, braços e focinho são brancos, seus chifres são negros e sempre sujos de sangue. Ele vem pisando firme sobre as cabeças dos pagãos que continuam a praguejar por Bile.

_ Não conte com isto Pazuzu. Tenho outras ordens.
_ Moloque? Estou surpreso que tenha vindo._ Fala com ar arrogante.
_Estou montando um exército para tomar de assalto a este país. Preciso dos teus anjos.
_ Te darei qualquer coisa, ainda que seja a metade do meu reino.
_ Você não tem reino nenhum. (Voltando -se para os anjos caídos) Estes são todos os que você tem?
_ Não são suficientes? Se quiser mais, vá pedir ao Valente. Você quer tomar este país? É o meu reino. Você e mais quem pretende tomá-lo de mim?
Os demônios se colocam na posição de ataque, um riso fino e debochado brota de um canto escuro e sombrio.

_ Eles são dispostos e leais. Com estes aqui dá para começar. Quanto a quem mais estará comigo? Veja com seu próprios olhos.
Do canto escuro surge uma figura que parece ser feita de sombras, ele se esgueira entre a penumbra, parece ser um colapso na luz do ambiente, ninguém sabe ao certo o seu nome, mas é conhecido por Complacência. É esguio, tem braços e pernas longos e dedos finos e longos. Da sua testa brota um chifre muito grande de ébano. Seus olhos e bocas são brancos. Com uma voz debochada cumprimenta Pazuzu, se encurvando.
_ Majestade...
_ Quem é este verme, Moloque? Pensei que você andava melhor acompanhado. (Dá ordens ao seu exército de demônios) Dêem uma boa surra nestes dois e, depois podem bani-los para o abismo
Os demônios assumem posição de ataque, Complacência levanta as mãos e todos o exército cai de joelhos e encurvado diante deles. Pazuzu se volta para Moloque e Complacência com ar assustado.
Com tom ameaçador Complacência se dirige a Pazuzu.
_ Você não tem noção da autoridade que me foi dada, não é? Moloque, por favor, posicione (fazendo sinal de aspas e com voz de deboche) o "rei" para que eu possa me apresentar.
Pazuzu fica apreensivo. Moloque agarra os chifres do queixo de Pazuzu e o joga no chão, os pagãos escutam um barulho e notam duas marcas sendo feitas no chão no local onde Pazuzu cai com o queixo em terra. Os pagãos interrompem o seu conjúrio para observar as marcas no chão, quando um deles se aproxima nota que onde as marcas terminaram estão se formando dois buracos que vão afundando vagarosamente, é Moloque pisando a cabeça de Pazuzu, fincando seu chifres na terra. Enquanto isso, Complacência começa a se apresentar como se estivesse interpretando, mudando o tom de voz a cada frase.
_ Sabe o que dizem sobre conquistar? Você deve ser obsecado pelos seus resultados, não importam os meios, mas os fins. Isto é tudo o que importa. É claro que eu vou querer que mintam pelo bem da minha empresa, afinal de contas, o mundo é dos mais espertos. Que é isso? é só uma mentirinha branca. Esta caneta não vai fazer falta, ninguém vai nem notar. Hohoho, passou troco a mais, me dei bem. Que bença, vou contar na igreja. Vou guardar lugar para meu amigo. Se tem alguém aqui? Sim, ele foi ao banheiro, mas já volta. Só estou olhando, não estou fazendo nada. Sabia que já inventaram a camisinha? Eu sou homem, Deus conhece as minhas necessidades, vou trocar uma de 40 por duas de vinte. Haha, muito prazer, sou Complacência.
Pazuzu, preso pelo queixo cravado no chão, resmunga.

_ Me tira daqui, seu verme asqueroso.
Complacência pega a mão de Pazuzu, coloca o pé no seu rosto e começa a puxá-lo pela mão.
_ Moloque esse cara está bem preso. Dá uma ajudinha aqui.
Moloque pega no pescoço de Pazuzu arrancando-o do chão, com o movimento brusco, um de seu chifres se quebra. Pazuzu pragueja:
_ Maldito seja, Moloque. Sabe quanto tempo isso demora para crescer?
Complacência responde a Pazuzu rasgando o ambiente com seus dedos finos abrindo uma passagem para o abismo.
_ Não importa, meu caro. Para onde você vai é bem difícil de achar a saída. Terá tempo de sobra para deixar crescer de novo. Se bem que você é tão ausente que nem vai fazer diferença. Eu sei por que já estive lá.(Dirigindo-se ao exército) Façam exatamente o oque Pazuzu disse... Mas com ele, por favor.
O exército se lança contra Pazuzu e depois de surrá-lo o entregam a Moloque afim de que seja lançado no abismo através da passagem que foi aberta por Complacência. Moloque se lança contra Pazuzu e o agarra pelo pescoço. Inicia um breve discurso.

_ Um reino dividido contra si mesmo não prospera. Toda divisão começa com grupos isolados que colocam seus interesses individuais acima da causa maior. Que Pazuzu sirva de exemplo, pois ele usurpou um reino que é do Valente, julgou sobre si mesmo de forma inconveniente e plantou divisão entre nós. Hoje eu estou restabelecendo a nossa causa e estou a deixando bem clara. Aquele que divergir dela sofrerá a mesma pena de Pazuzu, ou coisa pior.
Moloque lança Pazuzu no portal aberto por Complacência que o fecha.

_ Hoje começa um novo tempo, em que lutaremos e levaremos conosco o quanto for possível.
Os demônios do exército urravam de empolgação em um odioso alarido que pôde ser ouvido a distância por Uryyah e Shemu'el. Eles são anjos verdadeiros que estavam espionando e apreensivos pelo que estaria por vir.
Shemu'el disse:
_ Eles precisam orar. Eles não tem a menor noção do que está por vir.
_ Ainda que avisássemos eles não entenderiam neste momento. _ Corrigiu Uryyah. _ Precisamos informar ao comando imediatamente.
_ Mas eles precisam orar. _Retrucou Shemu'el.
_ Eu sei, mas não temos tempo para persuadir a todos. Fique tranquilo, o comando não nega socorro, e eles vão precisar. Vamos.
Os dois anjos voam para o sul onde uma base celestial funciona, em uma casa simples, lá mora uma família que sempre se reunia com o propósito de orarem juntos.

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