Darkside | l.s

courage

Queria dizer que nesse capítulo tem a cena que eu estou esperando para postar desde que Darkside surgiu na minha mente.
Espero mesmo que gostem! xx

   Como de costume, por volta das quatro da manhã, a cidade voltava à ativa. Os prédios permaneciam apagados, mas os ônibus e carros começavam a formar o fluxo infernal que levava aos engarrafamentos. Apesar de ser domingo de manhã, o sono havia abandonado Logan mais cedo do que o esperado. Este arrastou uma cadeira até a varanda que unia todos os nossos quartos, sendo ela extensa e coberta pelas portas dos outros cômodos que também davam acesso à mesma – algo que pensou cedo demais. Mal sentou-se sobre o banco e a voz grossa, impossível de não se reconhecer, ecoou em tom não muito alto.

   — Já pensou que poderíamos ser reduzidos a nada com uma bomba?

   Analisando a expressão pensativa de Jason, imaginou se álcool ainda corria por suas veias.

   — Eles não nos destroem porque não querem, entende? Sabem onde nos encontrar, talvez até mesmo tenham informantes por aqui, – ele ergueu rapidamente seus largos ombros. — Mas não o fazem porque gostam deste jogo de gato e rato. Pelo visto, ainda não enjoaram de serem vitoriosos às nossas custas.

   — Você é esquisito. Esse é um péssimo assunto para se tentar flertar.

   — Hm – sua risada nasalada atingir em certo sua nuca. — Pensei que uma conversa inteligente atrairia seu cérebro peculiar.

   — Antes de tudo, vindo de você, nada me atrai.

   Logan precisou virar o corpo para tapar seus lábios, tamanho era o volume de sua risada.

   — Escandaloso. Não contei nenhuma piada.

   — A cada dia que passa, sinto que estamos regredindo ao invés de evoluir.

   — E o que significa evoluir para você? Entrar nas minhas calças?

   — Ah, estou quase desistindo disso. Acho que uma admissão de que você sente algo por mim já seria o suficiente.

   Aquela fora sua vez de gargalhar da frase.

   — Ainda bem que está quase desistindo. É mais do que prudente.

   — E quem está falando de prudência, Logan? Porque, se isso se trata justamente da falta dela, então estamos indo pelo caminho certo. Não cansa do preto no branco? De ser tradicional o tempo inteiro?

   — Hm... Deixe-me pensar... – encarou o fundo de seus olhos por alguns segundos, tentando lembrar do que estavam falando antes de ter seus braços cercando sua cintura. Um único momento e seus pensamentos se embrulharam com facilidade, por ele. — Não.

   A ventania fresca começava a incomodar – ou talvez fosse apenas uma desculpa que seu corpo o forçava a inventar. Desviou do maior, adentrando o quarto novamente, e sentando na beirada da cama, esperando que o outro o seguisse. Seu rosto de perfil, banhado apenas pelos raios de sol que começavam a aparecer, fazia dele quase uma pintura, pelos traços delicados na pele escura. Queria poder admirá-lo sem sentir seu estômago se revirar. As mãos gelavam e o peito já não parecia comportar o coração, de tão forte batia, mas, mesmo suando frio, precisava forçar-se a não se deixar levar.

   — Jason? – levantou-se novamente ao não obter uma resposta. — Está frio aí.

   Manteve o olhar sobre seus braços cruzados, observando os músculos forçando a camisa e deixando sua clavícula aparente, enquanto caminhava em passos curtos para dentro do cômodo. Cada ato seu parecia feito perfeitamente para lhe arrancar suspiros. Sua boca avermelhada roubou sua atenção quando entreaberta, mas nenhuma palavra escapou por ela. Sua língua umedeceu os lábios antes de se fecharem num sorriso de canto.