Never Let Me Go

Friends just sleep in another bed

Eliza POV

Apesar do meu comportamento estranho no apartamento da Alycia, ela não parou de falar um minuto no caminho até o restaurante. Eram apenas duas quadras da casa da Aly, então resolvemos ir a pé.

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Até o vermelho da chama do meu isqueiro combinava com o contraste do rosto atrás de toda aquela chama. Eu observava a Alycia, sentada na cadeira do restaurante, enquanto ascendia um cigarro. Meu velho e péssimo habito.

''droga!'' – pensava comigo mesma. ''eu realmente não posso estar sentido isso. Não posso.'' – continuava minha luta silenciosa em minha mente, enquanto observava Alycia olhando para o celular, quase entediada por não ter ninguém pra conversar. O ''ninguém'' no caso era eu.

Apaguei a brasa do meu cigarro, mas na verdade queria poder apagar as coisas sórdidas que estava pensando. Mas só a chama do cigarro estava ao meu alcance.

''Uma chama de cada vez.'' – voltei a pensar comigo mesma e indo em direção a mesa onde estávamos sentadas.

- Voltei! – disse com o tom mais animado que podia naquele momento.

- Você nunca vai parar com isso, né?! – Alycia dizia com um tom firme. Parecia até que tinha escutado tudo o que eu tinha acabado de pensar.

- Isso o quê? – disse tão desesperada e por um breve momento, achei que Alycia, poderia ter poderes sobrenaturais.

- Cigarro, Eliza. Derrr. Você esta tão longe hoje. – Alycia soava um pouco desapontada.

- Ah, sim, claro. O cigarro. – deixei em aberto e fingi que não me incomodei com a ''critica'' de Alycia.

Mas ela continuou:

- Isso me parece tão pequeno e as pessoas demoram tanto pra fuma-los. – Alycia dizia referindo-se ao cigarro e a minha demora.

Ah, se ela soubesse que a cada trago daquele cigarro foi tão automático quanto os meus olhos quando se voltavam a ela.

- Você só diz isso porque não consegue ficar 5 minutos sem falar comigo. –disse cômica, quebrando o mar de gelo que estava sentindo há pouco.

- Nossa, Eliza, você realmente se acha. Mas é verdade. Não consigo mesmo. – Alycia disse mais cômica.

Pra quem tinha acabado de quebrar o ''mar de gelo'', depois dessa, o polo norte seria pequeno demais para o peso que causou essa ultima frase.

Eu só consegui dar uma risada sem graça e perguntar se os nossos pedidos iriam demorar. Era o que estava ao meu alcance naquele momento.

Ela conseguia quebrar todas minhas barreiras de proteção com tão pouco. Por um momento me perguntei, se eu ainda era a Eliza Taylor de antigamente. A que sempre teve tudo sobre controle. Inclusive, por quem ou não se interessar.

Eu já não sabia de mais nada.

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- Então, Eliza. Conte-me o que anda aprontando de tão grande que sempre que sai mais cedo das gravações, volta como se tivesse trabalhado a madrugada toda? – disse com um tom mais ousado, esperando uma resposta bem elaborada.

Fiquei muito surpresa com o que Alycia tinha acabado de me perguntar, porque ela nunca foi de perguntar sobre minha vida pessoal. Coisas que eu faço fora do trabalho, pra ser mais especifica.

Uma vez ela conheceu meu ex-namorado (na época atual) em uma festa junto com o cast de The 100, mas nunca se aprofundou em perguntas mais pessoais. E essa pergunta tinha me deixado bem inquieta (se é que tinha como ficar mais).