Alycia POV
Quando eu lia sobre a dor voraz e destruidora da desilusão amorosa, pensava comigo mesma que era muito exagero. Ninguém poderia morrer de amor e continuar vivendo. Era um paradoxo muito contraditório, a necessidade humana não chegaria a tal ponto.
Minha mãe sempre dizia que você precisa ver pra crer e eu viu. Mas não só nesse sentindo de visão que eu pude acreditar, mas no sentido da dor também. Dor física, psicológica. Dores que não existia mais lugares pra doer, entretanto doía.
A dependência do cheiro, do contato, do abraço, dos olhos, cabelos e voz me devastava a cada segundo. O misto de saudade e raiva era constante, estava tudo muito junto, mas se pudesse balancear, o peso da saudade era maior, muito maior. E aquilo tudo acontecia depois de minutos, depois de ter encostado, em um bar qualquer e ter pedido a quinta dose de tequila já.
- Mais uma! – pedi depois de ter jogado todo o liquido no meu estomago.
- Acho que você deveria ir com calma, moça! – disse a mulher que estava atrás do balcão, enquanto servia a sexta dose da bebida mexicana para mim.
Ah, como eu odiava a Mercedes naquele momento, por ter me mostrado aquela bendita bebida e ter falado que era só pra tomar em casos extremos. No caso, esse era o caso extremo.
- Hey, está tudo bem. Só me sirva ou irei pra outro lugar. – disse amarga.
Fui horrível com aquela moça naquele momento e me sentia mais horrível por Eliza ser o motivo daquilo tudo, por ela ter influencia em mim e por ela ter desencadeado aquilo.
- É-é, me desculpa. Eu não quis dizer isso. Não desse jeito. É que, tá tudo tão bagunçado aqui. Aqui dentro, sabe? – disse com tom mais brando e mais desabafado.
A moça me olhava enquanto eu falava. Ela parecia atenta nas minhas palavras, absorvia tudo com os ouvidos e com os olhos.
Seus olhos eram castanhos escuros e sua pele morena. Acho que ela parecia bastante com a Rhiannon. Seus cabelos se prendiam em um coque desajeitado, mas ao mesmo tempo no lugar. Os fios estavam no lugar em que deveriam estar.
- Você não é nada comparada aos brutamontes que vem aqui. E além do mais... Você ainda não soltou nenhuma cantada ridícula me comparando com aviões. Sério, você ainda esta muito acima. – ela soava sincera, enquanto dizia as palavras mais confortantes em que eu pudera ouvir aquela noite. E com certeza, ela tinha mais que aparência física com a Rhiannon... Ela era gentil igual a ela.
- Então você pode me ver mais uma? Afinal, a pior droga sempre será o amor, não é?– disse com o rosto franzido por ter tomado o resto da tequila que existira na tulipa e por aquelas palavras serem mais amargas que a bebida alcóolica.
- Acho que a gente pode fazer coisa melhor. – ela soava simpática e convidativa.
- A-aaah. – eu estava sendo convidada por uma mulher? Estava tão na cara assim que eu estava gostando ''desse lado''?
O misto de raiva e saudade foi tomado por vergonha e timidez.
– E-eu n-não.
- Hey, espere, eu só queria te chamar pra gente dar uma volta e conversar. Eu acho que você precisa de alguém com quem conversar. Ou não? – ela parecia cômica porque sabia que eu tinha levado o convite pra um lado mais intimo.
Meu rosto estava quente e eu sabia que estavam vermelhos como pétalas de rosas e aquilo não me deixava nada confortável, mas por um momento, pude esquecer o que Eliza fizera comigo naquela noite, naquele começo de noite, e também, meu orgulho era muito grande para perder todo o resto.
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Never Let Me Go
FanficQueria saber o que aconteceu depois daquele bendita música ''Marvin Gaye'', o que mudou a partir daí? Nem era uma música que fazia você parar e refletir sobre o quanto aquela pessoa era sexy ou bonita, ou qualquer coisa sexual. Não era mesmo. Mas co...