Capítulo 5

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Pedro já estava na porta quando acionei o alarme para descobrir qual carro ele havia liberado. Achei o carro e fiquei escorado na lataria quente da caminhonete até meu primo voltar.

-Roug, me ajuda aqui?

. Pedro sempre fora responsável e cauteloso, mas assim que completou dezenove anos e começou a dirigir resolveu deixar de trabalhar como um condenado para viver sua juventude, afinal, ele ainda não havia assumido a empresa, apesar de ser o sucessor.

E acabou que me preocupei tanto em conseguir o carro que esqueci de explicar ao motorista aonde iríamos. Já estava cansado de repetir a mesma história, mas me esforcei a dar o máximo de informações, mas ele pegou a ideia rápido.

-E os pais dela já sabem de você?

Olhei entre sobrancelhas com um sorriso brincalhão estampado na cara.

-Nem eu, muito menos ela, quanto mais os pais dela. E me parece que você também não está mal, já notou a Júlia?- provoquei.

-Deixa isso quieto,cara.

Juntos,éramos ridículos, duas versões ridículas de membros de uma mesma família.Um tipo de dupla dinâmica Hércules-Quasímodo ou Romeu-Vagabundo, Príncipe-Mendigo (óbvio que eu era sempre o mais feio). Olhando pelo lado bom: consegui o que queria.

Já fazia cinco minutos que havíamos entrado na rodovia, e o belo caminho de árvores enormes e verdes davam um ar exuberante com aquela paisagem de morros e planícies , com flores e pássaros de várias cores. Tudo conspirava para que hoje fosse um sucesso: o clima bom, o céu aberto com nuvens aqui e ali, dando uma pausa para o incessante sol. Já o vento , soprava um ar inspirador e calmo de outono, calmo e fresco.

Percorremos o resto do caminho até uma clareira à beira da rodovia, forrada de folhas e cascalho, na qual paramos para esperá-los. Pedro estacionou com a traseira virada para a estrada, embaixo de uma das enormes árvores.

Sentamos na lateral da lataria e ficamos lá, olhando para cada carro , esperando por... Acertou quem falou Lily .

-Mas e aí, qual é a da secretária? – disse, tentando quebrar o clima tenso.

Respirou fundo e soltou lentamente, pensativo:

-Faz um bom tempo que ela fica me olhando, sempre que eu chego ou saio. Ela pensa que eu não percebo, mas faz uns seis meses.O que é um pouco chato, já que não penso em me apegar agora. Mas a peteca tá com você, e essa tal de Lily?

Chegou então a minha vez de respirar fundo e pensar.Lily. Como poderia explicar? Seria melhor começar pela vinda dela e pular todo o drama de descrever.

Estava pronto para abrir o falatório, até que um Sedan preto surgiu ao longe. No meio de tantos outros , eu sabia que era o dela, afinal, eu já tinha o visto milhares de vezes. Dava para ouvir meu coração palpitando , me ameaçando de um enfarto. Pedro já havia percebido e agora me olhava em tom de chacota, que ignorei, porque agora ela estava mais perto, só isso me importava agora.

Quando ela estava a uns duzentos metros da caminhonete, pulei da caçamba e cobri meus olhos com a palma de minhas mãos .Passaram três carros antes do Sedan. Havia um caminhão e alguns carros . Quando os dois carros passaram , ele acelerou devagar.

Foi tudo muito rápido. O caminhão antes longe se aproximou rápido demais, não parecia rápido o suficiente.


Sussurros ao VentoWhere stories live. Discover now