Capítulo 10

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Apesar de termos passado quase oito horas viajando, eu não me sentia muito cansado. Erick, por outro lado, estava entediado com a volta e já pensava em dar outra escapada para longe de suas obrigações. Lily me informou da rotina a que eu teria de me acostumar e meus ânimos foram por água abaixo. Pela manhã aulas da língua nacional, história geral, geografia e geopolítica, além de estratégias militares básicas e etiqueta; durante a tarde treinamento físico e mental com o uso de armas brancas e de fogo, para adquirir minha relíquia; já pela noite, Lilian e eu teríamos que treinar juntos porque eu seria designado para cuidar dela, já que temos a mesma idade e nos conhecíamos muito bem. A única parte que me deixava realmente feliz.

O pouso foi horrível. Como eu nunca havia andado de avião, tive a impressão que a fuselagem iria se partir com o impacto do pouso. Tirando a decolagem, essa foi a pior parte.

No aeroporto, uma limusine branca e dourada nos aguardava enquanto vários homens nos observavam e o povo olhava atordoado pelo alvoroço que aqueles quadrados faziam ao proteger nossa integridade. Lily mostrava sua simpatia: sorria e acenava para o povo que gritava loucamente para chamar sua atenção. Teria de me acostumar com isso, afinal, ela era membro da Realeza, não uma simples famosinha da TV. Chato de verdade era ver todos conversando e eu não entender nada. Volta e meia traduziam algo mas não era o suficiente para que eu pudesse comunicar como todo mundo. Se iria me empenhar em algo seria no aprendizado dessa nova língua.

Minha mente vagava nos sonhos e nas possibilidades na nova casa, que eu nem sabia onde seria. Na verdade, eu imagina monarquia = morar em castelo, logo, eu= morar em

castelo de Lily. Eu estava em meus devaneios, totalmente absorto em ideias que não paravam de rodar em minha mente, quando o motorista anunciou:

- Le palais est proche .

- O quê?

- Ele disse que o palácio está próximo –traduziu Erick.

Pelo vidro era possível ver o muro totalmente cor de creme com câmeras e guaritas em vários pontos e em vários pontos da estrada perfeitamente plana haviam soldados. Era possível ver algumas árvores com folhas alaranjadas e flores brancas e outras muito altas. Olhando mais ao fundo três bandeiras se destacavam ,mas não consegui reconhecer nenhuma. Percorremos mais um bom caminho até a entrada muito bem guardada.

Alguns homens pararam o carro e o motorista mostrou um cartão, que foi inserido em uma máquina que ficou coma tela verde após a inserção de uma senha. O mais baixo deles olhou pela janela e fez uma reverência quando entramos. Lily brincou:

- Bem vindo à minha humilde casa.

Muitos adjetivos descreveriam bem aquele lugar, exceto humilde. O caminho de paralelepípedos perfeitamente cinzas se contrastavam ao meio fio branco e aos arbustos floridos colocados propositalmente em vários locais do canteiro perto e ao redor de um linda fonte central que possuía a escultura de uma jovem assentada calmamente sobre o lombo de um leão. O prédio era deslumbrante: detalhes dourados em pilares coríntios, portas esculpidas em madeira negra e ouro, homens de terno em vários pontos e soldados pingados em todos os cantos.

Não era bem o castelo medieval que eu imaginava, mas não era uma simples Casa Branca qualquer -sério, engula essa tio Sam. A estrutura arrancaria suspiros de qualquer um só pela altura. Eu chutaria uns sete metros e meio de pé direito. E tudo, apesar das riquezas de detalhes era extremamente harmonioso com o exterior. A limusine parou e o motorista desceu para abrir a porta para nós.

Caminhamos até seu interior em um amplo salão e subimos até o escritório do rei por escadas e corredores que lembravam muito bem um labirinto. Erick se adiantou e bateu na porta e um senhor de idade abriu a porta se curvando em reverência. Seu português tinha um sotaque engraçado.

Sussurros ao VentoWhere stories live. Discover now