Capítulo 3

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'Oi meu amor' Dona Isabel, mãe do Tiago, falou quando me abriu a porta.

'Oi mãe' tratei-a carinhosamente, como eu sempre fazia.

'Tiago está lá no quarto' disse, logo sabendo qual seria o meu destino.

Assenti com a cabeça e passei por ela, subindo as escadas, em frete de mim, cuidadosamente e caminhei até a porta que tinha a letra T, moldada em madeira, pendurada sobre ela.
Foi uma prenda que dei para ele no natal que ele passou com a minha família, em nossa casa de campo, nos montes.

'Se arruma logo Ti, meu pai deve estar puto da vida' falei jogando mais algumas de suas camisetas na mochila.

'Tá, deixa eu lavar os dentes!' ele berrou do banheiro que ficava no seu quarto, me fazendo dar um suspiro de cansaço.

Ele saiu do banheiro ajeitando o cabelo, cinco minutos depois.

'Você tem a certeza que só vai levar essa mochila?' perguntei arqueando as sobrancelhas em direção a sua mochila que, para além de ser apenas uma a mochila, era bem pequena.

'Eu não sou como você que leva a casa toda' respondeu, num tom de deboche.

Por parte ele tinha razão, eu quase lotei o carro com as minhas malas, mesmo sabendo que a gente ia lá só por 4 dias.

A viagem até a casa de campo da minha família foi curta, mesmo com todas as paragens que a gente fazia para comer e tirar algumas fotos. Nos últimos momentos da viagem eu tinha a cabeça apoiada no ombro de Tiago enquanto a gente partilhava o auricular, escutando uma das nossas bandas de rock preferidas, Europe.

'Cherokee.... March none tail or tears' Tiago grunhia animado.

Não consegui me segurar e desatei a rir. Tiago nunca foi bom no inglês mas esperava mais dele.

'Canta a música direito idiota. Você falou um monte de merda' disse entre risos.

'Vinte pela língua' minha mãe esticou sua mão para receber o dinheiro.

Na minha casa, sempre que alguém falasse um palavrão tinha que dar uma nota de vinte para o nosso cofre, o dinheiro todo recolhido era dado para um orfanato diferente, a cada ano, na véspera do ano novo.
Entreguei-na enquanto revirava os olhos, embora não me importasse de estar dando o dinheiro.

'Como eu dizia, o certo seria: Cherokee, marching on the trail of tears' continuei, exibindo um bocado dos meus dores de inglês.

'Eu canto como eu quiser' exactamente a resposta que eu esperava.

Meus pais nos puseram em quartos separados, mas mesmo assim eu dava sempre uma escapadela para o quarto do Tiago durante a madrugada. As conversas que tínhamos a essa hora eram as melhores.

'Eu tenho certeza que ela vai convidar você para ir ao baile com ela' afirmei depois de ouvir as mais recentes histórias de Eliane e Tiago.

'E eu vou recusar' olhei para ele espantada, quem no seu juízo recusaria um convite dela para o baile ? Ela era tudo o que a rapaziada procurava, alta, loira, de olhos azuis, lábios rosa, roupas caras e um olhar esnobe de superioridade. Ela era a miúda mais popular do colégio.

'E porque?' Perguntei, ainda sem acreditar.

'Porque eu vou com você, Morena' ele sorriu para mim.

'Vai?' perguntei, sentido os meus lábios cederem ao sorriso que ameaçava surgir.

'Isto é.. S-se você.. Rhumm.. Quiser ir comigo'

Segurei na mão dele dentro do cobertor, com o sorriso crescente.

'É claro que eu quero' vi a sombra de um sorriso nos lábios dele.

Os dias passaram rápido lá, não havia muito para fazer, apenas brincar na neve, fazer delícias para o natal que se aproximava e se divertir a grande.
No terceiro dia, já era natal e, como em todos os natais, a gente se sentou no tapete da sala, enrolados nas nossas mantas, com as nossas canecas de chocolate quente, que eu e o Ti trocamos pelo nosso amado cappuccino.
O monte era muito frio e naquela altura chegava até a nevar, por isso o melhor ponto da casa para nós reunirmos era de frente para a lareira eletrônica.
Cada um tinha as suas prendas consigo e na hora de as abrir, Tiago foi o último. Ele ganhou  um Xbox do meu pai e uma camisola da minha mãe.
A minha prenda foi a última que ele abriu e os meus pais não ficaram tão impressionados com ela porque eles não viram o que estava gravado na parte de trás.
Tiago olhou para mim com um sorriso no rosto, ele viu.

Para sempre... T & C.

'Entre' ouvi do outro lado.

Entrei e apanhei Tiago deitado na cama, ainda de pijama e com os seus cabelos negros desarrumados.

'O que você ainda está fazendo assim? Você vai se atrasar Ti!'

Puxei ele para fora da cama pelo braço.

'Eu sei. Eu precisava de você aqui' ele falou me abraçando.

Respirei fundo me aconchegando em seus braços fortes. E, por mais delicioso e nosso aquele momento fosse, eu não conseguia afastar o lembrete de que, a partir daquele dia, aqueles braços fortes seriam o abrigo de sua mulher e mais ninguém.

'Você está linda' ele falou me soltando.

Sorri contente por saber que ele gostou do vestido que eu tinha usado.

'Obrigada, agora vá se preparar. Você não pode demorar se ainda quer passar tomar o cappuccino' era a nossa tradição, antes de qualquer evento importante, a gente passava tomar um cappuccino para relaxar.

'Ta' ele me deu um beijo na testa e caminhou para o banheiro.

Por algum motivo, Tiago quis ir dormir ali, antes do seu casamento, apesar de ele já ter o seu apartamento e a sua própria vida faz tempo. Talvez para viver pela última vez como o Tiago solteiro, o Tiago livre que durante muito tempo ele amou ser.
Sentei na sua cama enquanto ouvia o barrulho da água bater no chão.

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Oi amores.
Estou super me apaixonando pela história, espero que vocês também.
Ainda tem muito por vir nessa história de Tiago e Chris ( #ChrisTi - tem até alcunha gente), por isso fiquem ligados.
Vou deixar um agradecimento especial para você @laripfeijo que foi a primeira pessoa a ler e a votar na minha história, muito obrigada do fundo do coração (não sei se é possível identificar a pessoa aqui, mas na mesma, vou tentar).
Então é isso pessoal, deixem vossos comentários e votem, por favor.
Posto  em breve.
Um abraço,
Demi x

O Casamento Do Meu Melhor Amigo Onde histórias criam vida. Descubra agora