CAPÍTULO 9

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Islla Thompson

Visto uma calça branca de cintura alta, um moletom azul por cima de uma blusa preta de alça e um tênis cinza. Me vestir depressa para não chegar atrasada na universidade devido o congestionamento que sempre fica quando chove. Pela minha felicidade, o trânsito estava livre. Então, chegamos no horário certo.
Ao caminhar no corredor com Anne ao meu lado percebi que faltava apenas quinze minutos para começar a minha aula. Sem hesitar, fui direto para a sala.
Me aproximo da porta a passos largos mascando um chiclete de menta que comprei em uma lanchonete na frente da universidade. Encosto a mão na maçaneta e empurro a porta que não se encontra fechada me deparando com Dylan sentado na cadeira com os braços apoiados em cima da mesa, enquanto folheia um livro desconhecido por mim. Por um momento me recuso a entrar por acreditar que ele está sozinho, porém noto uma mulher no fundo da sala mexendo no seu celular com o fone no ouvido aparentando está bem concentrada no que está fazendo. Suspiro. Volto a observa-lo disfarçadamente lembrando da nossa conversa que tivemos no restaurante.
- Bom dia! - cumprimento os dois educadamente evitando contato visual com ele.
- Bom dia, Islla! - A menina retribui com um sorriso tímido. Sorrio.
Dylan ergue o olhar lentamente e me olha com um semblante sério me cumprimentando com um "Bom dia", em um tom voz tranquilo. É... Pelo visto, está realmente lidando com naturalidade. É o que devo fazer também.
Sento no lugar de costume e começo ajeitar as minhas coisas quando penso que preciso passar na biblioteca para pegar um livro de anatomia. Marcus e Diego chegam, logo em seguida, conversando sobre as viagens que pretendem fazer nas férias. Olho na direção deles sorrindo.
- Olá, rapazes! - eu disse, alegre.
- Chegou cedo hoje. - Marcus fala em tom de brincadeira, assim que coloca o braço direito em volta do meu pescoço depositando um beijo na minha testa.
- Você acha? Estou começando a detestar segunda-feira. - eu disse rapidamente aos risos, percebendo o que acabei de dizer. Merda!
"Dylan com certeza vai pensar que essa indireta foi para ele", penso. Que saber? Que se dane. Não importo com o que ele pensa.
- Nisso preciso concordar.- acrescenta Diego sorrindo, enquanto mexe em seu celular. Logo lembro da conversa que Anne e eu tivemos. Será que ela já o chamou para encerrar esse assunto de uma vez? Coitado! Espero que eles não mudem o jeito de ser um com o outro por causa do beijo que deram na boate. Dou uma leve disfarçada, e olho para mesa do Dylan que continua concentrado lendo o livro. Passo a mão na nuca sem jeito.
- Estou indo na biblioteca, vocês querem ir comigo? - Pergunto, conferindo as horas no relógio do celular.
- Vou acompanha-la, mas temos que ir rápido. A aula daqui a pouco começa.- Diz Marcus me abraçando por trás. Sorrio.
- Vão vocês... Eu vou... Passar na sala da Anne. Ela está me chamando.- Diego avisa com os olhos fixos no visor do celular, provavelmente conversando com Anne no WhatsApp.
- Nos vemos daqui a pouco.- eu disse, pondo-me a caminhar até a porta com o Marcus ao meu lado.

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Termino de escrever no caderno o último slide que o professor Dylan passa, enquanto explica para a turma. Marcus está sentado na cadeira ao meu lado concentrado na explicação. Diego está logo a sua frente mexendo no celular sem parar com um semblante pensativo, talvez, a conversa com Anne não foi uma das melhores. Ela ainda não me disse nada a respeito, mas acredito que a distração do Diego é Anne.
- Olha para isso, amiga. Esse homem é perdição.- Lorrayne sussurra no meu ouvido sentada logo atrás de mim. A encaro por cima do ombro sorrindo.
- Está falando de quem? - Pergunto em tom baixo com a testa franzida.
- Para o professor. Não tem homem mais lindo que ele nessa universidade. Olha lá... Que homem.-ela volta a elogia-lo mordendo os lábios. Nisso ela tem razão.
- Disfarçar doida. - a repreendo com um sorriso fraco.
- Não tem como evitar, amiga. A beleza dele é indescritível.
- Bom turma como já encerrou o horário, a aula de hoje fica por aqui. Qualquer dúvida podem mandar um e-mail ou marcar um horário comigo aqui na universidade, okay? O e-mail é esse aqui... Deixarei no canto do quadro.- Dylan avisa, assim que pega o piloto vermelho para escrever. Não perco meu tempo para anotar. A única coisa que não quero é ficar a sós com ele de novo. Chega! Qualquer dúvida que eu tiver do assunto vou procurar no Google ou darei alguma olhada no video aula do YouTube.
- Okay! - A turma responde em conjunto arrumando as suas coisas para se retirar da sala.
- Nossa, professor! Mandarei sim, estou de cheia de... Dúvidas.- Lorrany confessa em voz alta fazendo todos da sala darem risada devido a sua intenção com o professor. Começo a rir.
- Está bem! - Dylan assente envergonhado por entender quais foram as verdadeiras intenções da Lorrany.
- Você é doida. - Comento, aos risos.
Sem esperar meus amigos que continuam nas suas cadeiras, pego a minha mochila depressa e saio da sala rapidamente indo em direção ao banheiro para retocar a maquiagem.
***
Levanto da cadeira da praça de alimentação da universidade ajeitando a mochila nas costas decidida a procurar por Anne. Como não tenho o segundo horário na segunda-feira pretendo voltar para casa, mas antes preciso saber perguntar a Anne se ela vai comigo.
Ando pelo extenso corredor devagar. Tiro o aparelho do bolso da calça e abro a conversa da Anne pelo WhatsApp. Dígito a mensagem distraidamente quando meu corpo se choca com alguém me fazendo perder o equilíbrio. Caio de bunda no chão.
Que dor! Meu celular solta da minha mão com a queda caindo parando ao meu lado com a película trincada.
- Merda! - resmungo ao sentir uma dor fina nas nádegas.
- Você de novo? - a voz familiar da pessoa chama a minha atenção. Ergo a cabeça rapidamente vendo Dylan parado na minha frente com a testa franzida ao perceber que me atingiu. Não consigo mexer o corpo. Estou mais surpresa do que ele. Até nessas situações iremos nos encontrarmos?
Meu Deus! Isso só pode ser algum tipo de brincadeira. Não consigo falar nenhuma palavra. Estou perplexa de mais para raciocinar.
- Gosta do que ver? - Ele pergunta ao perceber que meus olhos continuam observando-o. Finjo uma tosse seca, e me levanto do chão as pressas, após pegar o meu celular de volta.
- Deixa de ser idiota. Só estava observando o nível de lerdeza que você tem. - resmungo, examinando o meu celular. Espero que não tenha quebrado nada além da película de vidro.
- Bela resposta, Islla! Mas devo lembra-la que eu não estava concentrado no celular ao invés de olhar para frente ao caminhar por um lugar repleto de estudantes.- ele rebate com um semblante sério. Reviro os olhos.
- Pois é, mas meu corpo não se chocou sozinho. Já que você estava olhando para frente poderia ter desviado de mim. - retruco, irritada.
- Esta de mau humor? - Ele pergunta entediado ao perceber o nível do meu tom de voz. Suspiro.
- É que só de olhar para o seu rosto me faz perder a paciência. Enfim, preciso continuar a minha caminhada.- respondo, ironicamente dando-lhe as costas.
- Não foi isso que aparentou quando olhou para mim na boate.- Dylan ressalta com um sorriso de canto. Ergo as sobrancelhas parando se andar. Volto a encara-lo. Por que ele está falando sobre o que aconteceu na boate sendo que suas palavras foram bem claras ao citar, "o que aconteceu na boate fica na boate". Por que lembrar desse acontecimento novamente?
Olho em volta disfarçadamente para conferir se tem alguém por perto e me aproximo dele ao ver que o corredor se encontra vazio nesse momento. Não quero ser flagrada com o meu professor.
- Oh! Desculpa se passei a mensagem errada. Eu estava bêbada professor, porque na minha consciência normal eu nunca teria te beijado.- eu disse, com um ar esnobe. Ele assente surpreso com a minha resposta e se aproxima cada vez mais me deixando desconfortável pela sua aproximação. Nos olhamos.
- Meu beijo foi tão ruim assim? - Ele pergunta com um olhar intenso e ao mesmo tempo curioso. Sorrio, sarcasticamente.
- Quer um conselho? Beija mais bocas por aí, talvez, você chegue no ponto mais elevado do melhor beijo até a perfeição, já que na minha humilde opinião... Foi um beijo bem... Fraco. - eu disse, pausadamente fazendo uma careta de caridade na tentativa de afeta-lo.
Dylan ergue uma das sobrancelhas demostrando surpresa com a minha resposta e observar em volta do corredor para saber se tem alguém por perto. Reviro os olhos.
- Esse assunto está chato. - eu disse, voltando a caminhar novamente quando sinto sua mão agarrar o meu pulso me fazendo recuar.
Arregalo os olhos assustada.
Sua mão segura a minha cintura com firmeza juntando os nossos corpos.
- O que está fazendo? Ficou louco?- indago, abismada tentando afasta-lo. Olho ao redor preocupada em saber se alguém presenciou essa cena.
Dylan me puxa para o outro corredor sem bisbilhotar para saber se seremos flagrados e me guia até uma porta abrindo-a de imediato. Vejo que é uma das sala dos funcionários da limpeza. Fico de boquiaberta. Sou colocada dentro da sala rapidamente sentindo minhas costas baterem contra a parede de leve.
Engulo em seco.
- O que é isso?! Estamos na universidade, quer que as pessoas vejam a gente juntos? Logo você que não queria que ninguém descobrisse?- Pergunto com a voz alterada, mas ao mesmo tempo nervosa com essa nossa aproximação.
- Você não me deixou escolhas.-ele rebate.
- Como assim? Você queria manter distância, estava desesperado pedindo para ninguém saber daquela noite e agora você me puxa dessa forma no corredor da universidade achando que ninguém viu? Você ficou louco, só pode. - eu disse, com rudeza com medo de alguém descobrir.
- Me mostra como é um beijo bom. Se sou fraco, faça melhor. Me mostre. - Ele ignora totalmente as minhas reclamações encarando a minha a boca com um semblante sério.
Franzo a testa.
- Isso é ridículo. Está brincando comigo?- Indago, surpresa.
- Não estou brincando, apenas estou pedindo que você mostre.- Dylan repete mais uma vez, encostando seu rosto no meu. Meu corpo estremece - eu não quero beija-lo, mas meu corpo mostra o contrário - Eu quero, eu preciso beija-lo mais uma vez. Não sei o que é isso que estou sentindo. Talvez, atração. Só espero que seja passageiro já que mim sinto conectada a ele fortemente. Continuamos em silêncio por alguns segundos quando Dylan toma a iniciativa de se aproximar primeiro. Congelo. Meu corpo não quer me obedecer. Não consigo controlar os meus instintos. Sua boca vai se aproximando cada vez mais fazendo meu coração acelerar rapidamente.
Não mexo o corpo.
Independente do que aconteceu na boate. A forma como me comportei depois de enxergar o David ou como foi o rumo da nossa mini-conversa. Eu vou fazer o que tenho vontade.
Fecho os meus olhos sentindo a palma fria da sua mão encostar no meu rosto.
Adrenalina corre pelas minhas veias copiosamente assim que sinto os  seus lábios úmidos e macios tocarem nos meus lentamente. Abro mais boca para ter uma precisão maior na hora de sentir a sua língua roçar na minha e inclino a cabeça para o lado.  Sei que isso é um grande risco o que estamos fazendo, mas não consigo resistir. Coloco meus braços em volta do seu pescoço timidamente adentrando os dedos da mão direita no seu cabelo liso.
   Não imaginei que ficaríamos pela segunda vez. Ele era um homem estranho para mim, jamais pensei em encontra-lo, ou tentar ter alguma amizade. Não! Isso estava fora de cogitação.
Sinto o beijo cessar quando sua boca se afasta da minha por alguns minutos. Dylan me olha de uma maneira estranha, e tento decifra-lo sem sucesso.
- Estou vendo que o meu beijo não é ruim como descreveu. - Ele murmura, arqueando a sobrancelha. Afasto um pouco o rosto para encara-lo.
- Sou uma pessoa humilde.- rebato.
- Por que saiu daquele jeito na...- ele pergunta se referindo a minha saída brusca da boate, porém eu me nego a falar sobre isso. Nós já encerramos esse assunto no restaurante. Por que ele ainda insiste?
- Chega, Dylan! Tenho que sair daqui. Isso não deveria ter acontecido. Além do mais, não sou qualquer uma. Não pode me pegar da forma que fez e me beijar assim.- eu disse, me afastando dele ignorando totalmente o seu interesse de saber o que de fato aconteceu comigo.
- Na boate você ficou comigo. Nem me conhecia.-  Ele fala com a testa franzida. Nisso tenho que concordar. Não vi seu rosto, apenas dançamos juntos e quando me dei conta já estava em seus braços.
- Okay! Mais uma vez você cita a boate sendo que já damos esse assunto como encerrado. E olhe aqui... Eu estava bêbada naquela noite, e não devo explicações a você do porque agir daquela forma.
- Me deve explicações a partir do momento se a culpa por sair daquele jeito chorando e assustada foi minha. Se eu fiz algo eu preciso saber, Islla!- Dylan repreende impaciente.
- Não foi você. Não tem nada haver com você, okay? Satisfeito? Agora que isso que acabou de acontecer não vai se repetir de novo, não estou disposta a perder a minha faculdade. Tenha um bom dia, professor Dylan! - eu disse com um semblante sério. Passo por ele para alcançar a porta quando sua mão segura o meu braço me fazendo olha-lo.
- Tudo bem! Mas não culpe a bebida pelos seus atos. A primeira impressão é a que fica e a que você passou foi de uma mulher que pega qualquer cara na boate. Por isso  que a julguei no início mesmo sem querer julgar.- Dylan tenta explicar. Assinto.
- Não costumo fazer o que eu fiz. Como você foi... Foi... Esquece.- murmuro, desviando o olhar do seu. Ele solta o meu braço e gira a maçaneta da porta saindo, logo em seguida. Decido ficar na sala por alguns minutos para ninguém notar que estávamos juntos. Se tiver alguém lá fora, vai pensar que ele está sozinho. Solto um imenso suspiro.
Encosto-me na parede fechando os meus olhos ao pensar no beijo que demos. " respira Islla, respira", penso. Não acredito que nos beijamos de novo. Não dá para acreditar.
A maçaneta da porta começa a girar me assustando e por um momento penso ser o Dylan que voltou para dizer mais coisas, porém uma mulher com uma touca nos cabelos usando uma farda de limpeza para entra na sala tomando um susto.
- O que está fazendo aqui? É restrito,  só os funcionários de limpeza que tem acesso a essa sala. - ela fala gesticulando. Logo reparo nas suas unhas que estão pintadas em um amarelo bem chamativo. Noto em sua roupa que no lado esquerdo do peito tem seu crachá com seu nome escrito.
- Oh! Perdoe-me, Julieta! Eu não estava me sentindo bem e precisava respirar um pouco.- eu disse, dando uma mentira esfarrapada.
- Respirar nesse lugar fechado? Aqui é um cubículo.- ela retruca desconfiada.
- Mesmo assim ajudou. Agora estou indo. Desculpa mais uma vez.- eu disse com um sorriso fraco nos lábios.
- Não tem problema! - Julieta retribui com um sorriso amigável dando passagem para eu sair. Abro a porta ainda nervosa com o beijo. Se ela chegasse um pouco antes iria flagrar nós dois. Merda! Apresso os passos para o caminho do estacionamento pensando se Anne está liberada. Não é possível que não esteja. Era apenas nas uma reunião.
Preciso ligar para ela. Tiro k celular da mochila rapidamente e disco o seu número.
Tum, Tum, Tum.

Ligação ON:
- Amiga? - eu disse assim que a ligação é aceita.
- Oi, Bob esponja. - ela atende no terceiro toque.
- Engraçadinha, cadê você? - Pergunto.
- Na lanchonete, procurando por você doida. - ela comenta confusa.
- Agora estou indo para o estacionamento. Venha logo! - ordeno a fazendo gargalhar do outro lado da linha.
- Ui! Está revoltada? - Anne pergunta sorrindo.
- Apenas venha logo, okay?
- Estou indo.
Ligação OFF.

Fico alguns minutos no estacionamento aguardando minha amiga chegar. Olho ao redor. Faço um coque de qualquer jeito no cabelo quando a encontro de aproximar perto de um carro preto. Sorrio.
Anne caminha saltitante na minha direção segurando um saco na mão. Franzo a testa.
- Que felicidade é essa? - indago.
- Trouxe comida para você revoltada.- ela responde me entregando o saco e logo sinto o cheiro de hambúrguer. Meu Deus! Amo amo e amo.
- Obrigada, baby! Por causa disso estou mais calma. - eu disse, em tom de brincadeira.
- Quero saber o motivo dessa revolta.- ela comenta curiosa, enquanto entra no carro para irmos embora. Sabia, não tenho como fugir. Entro no carro vendo Anne por a chave na ignição.
- Aconteceu uma coisa louca. Literalmente, não estava preparada para tal situação, me sinto nervosa só de imaginar, porque...
- Você está me enrolando, amiga. Conta logo! - Anne pede dando risada.
- Não estou enrolando, é que estou mastigando o hambúrguer, está vendo? - Abro a boca para mostrar o alimento ser triturado pelos meus lindos dentes.
- Credo! - Ela faz uma careta de nojo.
- Tudo bem... Vou contar agora. Escuta... Eu... É... Falar em voz parece mais loucura ainda.
- Desse jeito está me fazendo pensar que é uma coisa pior. O que aconteceu, Islla?
- Dylan e eu nos beijamos novamente dentro de uma sala do  funcionário de limpeza.- eu disse, mas rápido que o carro de corrida. Ela arregala os olhos abismada.
- Para tudo produção! Não acredito, amiga! Vocês se beijaram de novo? Como foi isso? Me conta mulher
Anda, anda... Não estou acreditando nisso. Está me trolando ou...
- É verdade.- confesso.
- Me conta como foi isso agora.- ela grita aos risos.

🌼Meu Milagre é Você - REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora