CAPÍTULO, 52

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Anne Viegas

   Assim que termino de explicar para Islla como funcionará o plano. Começo a pensar em uma maneira de falar com o Guilherme já que o mesmo pensa que a minha amiga traiu o Dylan e não quer falar com ninguém. Sento no sofá pensativa. Mexo os pés toda hora na medida em que vou tentando encontrar um jeito.
- Tenho que ligar para ele. - ela sugere.
- Guilherme não vai atender.- aviso.
- Posso ligar no privado. Não saberá que sou eu.
- Meu plano é muito bom. Pena que temos que encaixar esse infeliz. - comento a fazendo gargalhar.
- Você é ótima, Anne. Estou nervosa... Mas é o jeito. Ligarei e pronto. - Islla fala decidida. A observo discar o número dele bastante ansiosa. Sorrio. Sento no sofá ao seu lado esperando ouvir sua voz.

Ligação ON.
- Alô? - a ligação é aceita. Islla e eu nos entreolhamos rapidamente.
- Sou eu, Gui... Islla.
- Por que está me ligado? - ele pergunta com frieza.
- Preciso conversa com você. Tem um tempo? - ela pergunta, nervosa.
- Não, não tenho tempo. Além do mais, isso não é entre você e eu. - Guilherme fica na defensiva.
- Eu sei, mas eu preciso que...
- Precisa? Não me peça para fazer nada. Não vou...- não consigo ficar calada. Pego o celular da mão de Islla e encosto no meu ouvido.
- Aqui é Luanne. Veja bem, homem sem cérebro. Não estou afim de falar com você...  Nem um pouco. Agora se gosta do Dylan mesmo sugiro que escute o que Islla tem a dizer e pare de bancar o durão.
- E porque acho que eu faria isso?- ele pergunta com uma risada sarcástica.
- Jamais falaria com você se não fosse importante.
- Nisso... Tenho que... Concordar. - Guilhermina fala pausadamente.
- Ótimo. Chego em sua casa em vinte minutos. Tchau! - encerro a ligação.
Ligação OFF

Entrego o celular para Islla que me olha perplexa pela forma que falei com o Guilherme. A vejo mexer os dedos, enquanto me encara.
- Precisava ter sido tão brusca com ele?- ela pergunta medindo as palavras. Bufo.
- Deveria ter sido pior, mas peguei leve. - murmuro passando a mão no rosto.
- Quero uma ajuda dele e não afasta-lo, amiga. - Islla exclama apreensiva. Passo a língua nos lábios. Levanto do sofá e pego a chave do meu carro.
- Fique aqui. - aviso.
- Onde vai?
- Conversar com o idiota. Enquanto isso se arrume. - aconselho dando uma piscada de olho.
- Calma... E o local? O que faremos?
- Deixe essa parte com Lorrany. - falo me aproximando da porta.
- Não falei com ela. - Islla avisa preocupada.
- Apenas relaxe. Tudo está sob controle. - tento tranquiliza-la antes de sair da sua casa.
°°°°°
Toco a campainha apenas uma vez para não demonstrar desespero. Até porque não estou desesperada para falar com o idiota. Encosto-me na parede e observo a vizinhança. Calma, silenciosa e vazia. Escuto passos de alguém se aproximar. Olho para a maçaneta assim que a vejo girar.
- Você realmente veio, pensei que fosse brincadeira. - Guilherme avisa ao abrir a porta.
- Queria que fosse brincadeira. - rebato. Entro na sua casa e observo o cômodo em silêncio.
- O que veio fazer aqui? Pensei que a minha conversa seria com Islla.
- Bem, na verdade essa conversa é entre você e eu. Serei bem direta.
- Estou ouvindo. - ele cruza os braços.
- Tudo não passou de um mal entendido e...
- Sério? Mal entendido? Acha que Dylan tem quantos anos? - Guilherme indaga com a testa franzida.
- Com toda certeza, ele tem mais maturidade do que você. Eu sei que se ele ouvi-la as coisas podem se resolver. Vai ajudar ou não? - pergunto, impaciente.
- Se o Dylan não quer ouvi-la é o direito dele. Não vou obriga-lo, Luanne.
- Meu filho... O que estou perguntando é se você quer ajudar ou não. Se Dylan vai ouvir, não sei. Dane-se!  - exalto-me.
- Não vou agir pelas costas dele. Somos amigos e...
- Não venha com esse papo, Guilherme. Quando a louca da Alysson se deitou na cama do Dylan para fazer Islla pensar que foi uma traição, quem vocês pediram ajuda?
Você veio diretamente falar comigo para que eu te ajudasse, porque o Dylan precisava conversar com ela que a mesma estava o ignorando. E sabe o porquê eu te ajudei? Acreditei em você. Esperava que agora me desse um ponto de credibilidade e acreditasse em mim. - falo apressadamente percebendo suas sobrancelhas se erguerem.
- Calma! Suas palavras me comoveram. - ele responde com um semblante sério.
- Idiota. - reviro os olhos dando-lhe as costas. Sigo para a porta. Giro a maçaneta, porém não abre. Está trancado. Olho na sua direção.
- Não precisa ter pressa. - Guilherme fala se aproximando.
- Que chatice. Eu vim para pedir sua infeliz ajuda. Se não quer ajuda, então não atrapalhe. Abra a porra da porta.- retruco. Um sorriso brota dos seus lábios.
- Brava como sempre. Não se preocupe. Te devo essa... Me ajudou quando precisei... E... Acredito em você. - suas palavras atraem minha atenção. O encaro sentindo meu coração acelerar. Seu corpo se aproxima do meu aos poucos. Nos olhamos e percebo algo acontecer entre nós, mas não posso perder o foco.
- Bem... Preciso que faça uma coisa.- aviso me desviando dele para aumentar o espaço entre nós. Se eu ficar nessa posição a tensão entre nós seria palpável.
- O que preciso fazer? - Guilherme pergunta concentrado.
- Ligue para o Dylan, por favor. - sugiro.
- Só ligar? - ele indaga.
- Sim, liga logo.
- E o que vou dizer? - Guilherme pergunta.
- Diz que transou com uma mulher em um hotel e ela te dopou, roubou o  deixando completamente pelado no terraço, simples assim. - falo batendo palmas pela minha brilhante ideia.
- Que porra é essa? Está brincando, não é? - ele fica surpreso.
- Não! Essa é a sua cara, combina muito com você e o Dylan cairá perfeitamente. - Digo como se já fosse óbvio - o que no caso é. Sento no sofá.
- O que pensa que sou? 
- Descarado, safado, beijoqueiro, um pouco sexy, tentador... Talvez. Tem outra palavra melhor para defini-lo? - Pergunto, abrindo um sorriso discreto. O vejo se jogar no sofá fazendo uma careta.
- Você quer acabar comigo, mulher.
- Adoraria, mas agora não posso. Tenho uma missão.
- Vou ignora-la. - ele murmura ao pegar seu celular.
- Acha que ele está no hospital? - Pergunto.
- Não sei, acho que não. Vou ligar e te aviso. - Guilherme diz indo para o corredor para efetuar a sua parte do plano. Inclino a cabeça para trás e deito-me no sofá para aguarda-lo. Mordo os lábios. Encaro o teto. Respiro tranquilamente ouvindo sua voz. Reprimo uma risada ao ouvir um pouco da conversa. Enquanto isso mando uma mensagem para Islla pelo WhatsApp para avisá-la que a parte do Guilherme está sendo concluída.
- Pronto, já falei com Dylan. - ele surge dando de ombros.
- Obrigada.- Digo.
- Espero de verdade que ela não tenha o traído. - Guilherme fala seriamente.
- Acha que se tivesse eu viria até aqui? Faça me um favor. - bufo indo em direção a porta.
- Onde vai?
- Para casa.
- Como assim? Vem aqui me pedir ajuda e pronto? - ele me vira segurando os meus ombros. Sorrio.
- Já está com saudade de mim? Oh... Que fofo. - sussurro com ironia.
- Poderíamos... Fazer alguma coisa. Sair para beber, comer ou...
- Transar? - indago.
- Não disse isso. - Guilherme rebate com um sorriso torto.
- Não precisa dizer. - mordo os lábios.
- Qual é, Luanne. Somos... Amigos ainda.
- Você sumiu quando Dylan e Islla pararam de se falar. Não, não somos amigos. - rebato, revirando os olhos.
- Você fez a mesma coisa comigo, mas eu ainda te considero. Você não? - Guilherme fala erguendo as sobrancelhas conseguindo arrancar um sorriso meu. Inclino a cabeça para trás. Suspiro. O encaro e estendo a mão para aceitar seu convite.
- Fechado! Venha comigo, deixaremos Islla no hotel e de lá... Fazemos algo.- aviso ao vê-lo tocar na minha mão.
- Então vamos. Não podemos perder tempo.
°°°°°
       Encaro Guilherme que está sentado na mesa do restaurante segurando um copo de whisky na mão. Seus olhos azuis estão fixos nos meus e a cada respiração sua meu corpo clama pelo seu toque. Confesso que a vontade de beija-lo aumenta. Eu o quero. Isso é forte que não dá para segurar, mas não posso demonstrar. No quero ceder. Dou um gole na cerveja e encaro a janela vendo o mar agitado. O restaurante fica localizado próximo a praia.
- Você é uma mulher diferente, Luanne.
- Diferente como? - deposito o copo na mesa.
- É uma pessoa difícil de ser esquecida. Tem um jeito único. É marrenta, mas ao mesmo tempo é meiga.- ele fala com um semblante sério. Começo a rir.
- Acho melhor você parar de beber. O álcool já está fazendo efeito.- aviso.
- Estou sendo sincero. - Ele desfaz o sorriso e da um gole da sua bebida. Assinto.
- E sabe o que eu acho de você?- Pergunto, pensativa.
- Estou curioso.
- Além de ser safado...
- Começou. - ele revira os olhos se encostando na cadeira abrindo um sorriso lindo. Dou mais um gole na bebida e me aproximo da mesa mais ainda. 
- Tem um coração enorme... Se... Preocupa com o próximo além de você mesmo. Sabe amar, cuidar... Sabe ser um parceiro e...- minha voz falha ao perceber o rumo que essa conversa está levando. Desvio o olhar do seu lembrando do dia que me ajudou sem ao menos me conhecer. O jeito que ficou comigo mesmo sabendo o que penso sobre ele.
- Continue. - Guilherme pede tocando na minha mão. Afasto de imediato e me recomponho. Não vou fraquejar agora.
- É...  Só deveria usar mais a cabeça de cima do que a de baixo.- falo tentando disfarçar o quanto esse momento mexeu comigo.
- Uso a de cima quando é necessário, mas a de baixo tem boas utilidades. Muito boa. - ele responde erguendo seu copo no ar antes de beber. Sorrio.
- Idiota. - murmuro, admirando-o disfarçadamente.
°°°°°

🌼Meu Milagre é Você - REVISÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora