Os dias passaram tão rápido quanto folhas ao vento. A princesa de Sahran aprendia tudo o que podia de todos cujo sangue agora possuía. Manipulou as sombras com as fadas negras, a natureza com os elfos, a força com os orcs, a velocidade e ferocidade com os lobos, a magia com o velho, e a espada com o guerreiro.
Pouco antes do amanhecer, mantinha-se sentada sobre uma pedra, molhando os pés descalços na água gelada do riacho, próximo do que sobrara da matilha do grande lobo. Mais uma vez, o guerreiro aproximou-se dela em silêncio, mas Celise havia progredido significativamente em suas habilidades, e o sentiu mesmo que não houvesse indicação de sua presença.
-Perdeu o sono, soldado?
-Como soube? – perguntou sentando ao seu lado.
-Sei quando se aproxima. É tudo o que sei de você.
Não respondeu. Ela fez um floreio com a mão e o elmo dele saiu, revelando olhos castanhos e cansados. Passou a mão no rosto dele. A pele dela era áspera como a casca de uma árvore.
-Qual o seu nome, guerreiro?
-Duncan.
Retirou a mão do rosto e se virou. A fada negra de asa partida se aproximava, os olhos brancos brilhando na escuridão.
-Está na hora – disse.
Celise pôs-se de pé, todos os lobos se ergueram no ato e a seguiram para a clareira. Todos os presentes no dia em que renascera estavam ali de volta. Agora, ao invés do medo, seus olhos demostravam bravura e determinação. As mãos traziam armas adequadas a cada espécie: tacapes, espadas, garras, sombras.
Com o rosto sereno ela se posicionou em frente ao povo refugiado.
-Hoje a Rainha Negra pagará por seus crimes. Cada vida perdida será vingada, e nenhuma gota de sangue será derramada novamente. Mantenham-se firmes, pois vocês são o meu povo, e hoje eu vivo para libertá-los!
Gritos de aprovação ecoaram pela clareira, acompanhados do tinir de metais e rosnados. Celise se virou e marchou em direção ao castelo, o soldado ao seu lado e o povo devoto atrás de si. O sol nascia por detrás da montanha, e naquele dia, Muriel deveria morrer.
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Magia de Sangue
FantasySahran vivia seus melhores dias, até que uma tirana feiticeira assume o trono. As criaturas existentes no reino sofrem com a sede de sangue da monarca. Os sobreviventes depositam suas esperanças nas promessas de um velho feiticeiro, num ato desesper...