Festival de sons

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Com as batidas furiosas na porta me fazendo ir ainda mais rápido, começo a tirar os cacos de vidro da janela para que pudesse passar. Acabo machucando um pouco minha mão, mas consigo terminar de tirar os estilhaços e começo a subir com certa dificuldade. Quando já tinha passado até minha cintura para fora, escuto um estrondo violento vindo da porta e consigo ver meu pai furioso correndo em minha direção. Me apresso para terminar de sair, mas ele consegue segurar meu tornozelo quando já estava quase fora. Ele começa a me puxar para dentro e eu me debato, tentando a todo custo me soltar, não pararia agora que estava tão perto. Em um ato desesperado eu o chuto no rosto, fazendo ele cair, e consigo tempo para conseguir terminar de sair, ficando rapidamente em pé. Recuo alguns passos da janela e fico perdida, quase sem folego. Eu consegui sair, estava do lado de fora. Sorrio muito animada e eufórica, chegando a ficar sem folego com tanta adrenalina. Nossa, eu realmente tinha saído, mal podia acreditar. Olho ao meu redor, ainda estasiada, observando tudo. Percebo outras casas além da cerca de madeira, e uma passagem pelo lado, qual comecei a me dirigir para ver aonde levava.

  — Marina Silverfox! Sua criatura estupida! Melhor voltar agora ou vai se arrepender muito! — Escuto meu pai gritar furioso de dentro do porão, em seguida o vejo começar a se dirigir até as escadas. 

Sem pensar duas vezes começo a correr pela passagem qual tinha visto, passando pelo lado da casa e chegando em uma rua em frente a ela. Sem saber para onde ir, e sem pensar muito, começo a correr em frente sem saber aonde estava indo ou o que ia fazer. Sem olhar por onde ia, atravesso uma rua e vejo duas luzes vindo em minha direção, quase sendo atropelada por um carro caso o mesmo não tivesse freado bruscamente. Peço uma desculpa rápida e continuo a correr, olhando para trás as vezes e torcendo para que meu pai não estivesse vindo, mas estava. Rapidamente com o carro ele me alcançou e começou a andar bem próximo de mim na rua, teria ficado quase me atropelando se eu não estivesse na calçada. Mesmo comigo correndo com toda minha velocidade não adiantava, o carro era mais rápido, fazendo com que ele conseguisse ficar sempre do meu lado. Viro em uma rua aleatória e dou a sorte dele não poder passar nela, ainda continuando a correr até que chego em uma outra rua. Diferente das que tinha passado, essa tinha muitas pessoas andando para todos os lados, muitos carros passando e muitas luzes de lojas e casas. Começo a observar tudo enquanto continuo correndo entre as pessoas, que pareciam aparecer cada vez mais. Tudo naquele lugar fazia barulho. As pessoas falando, os carros, as lojas, as casas e tudo isso misturado com as luzes me deixava perdida. Olhava para os lados sem saber para onde ir, nem direito para onde olhar, mas sempre olhava ao redor para ver se meu pai estava me seguindo ainda, porém não o via entre as varias pessoas. Todos passavam por mim e nem me olhavam, não sabia o que fazer no meio daquele barulho e daquela multidão, eu realmente estava perdida. 

  — Por favor, eu... Ei, por favor... Com licença eu.... — Tentava chamar por alguém, tentando conseguir ajuda, mas ninguém respondia, só passavam reto por mim. Eu andava cada vez mais e mais, sem saber onde estava ou para onde ia, enquanto as luzes pareciam ficar cada vez mais fortes e minha curiosidade diminuía, sendo substituída aos poucos por medo. 

Eu começo a chorar assustada, procurando por ajuda, mas nem sequer olhavam para mim, o que me agoniava mais. Volto a correr, tentando encontrar algum lugar onde tivesse alguém que me ajudasse, porém diminuo o passo quando escuto um barulho diferente. Não era desagradável e nem perturbador, era algo alegre e me deixava animada de certa forma. Começo a seguir em direção dele, tentando descobrir o que é e acabo chegando em uma espece de tenda enorme e colorida, cheia de luzes e pessoas andando por todos os lados. Consegui ler algo como "Arca" mas eu era arrastada pelas pessoas, sem saber o que estava fazendo. Começo a passar pelo meio delas, até conseguir sair da multidão. Acabo chegando em um lugar diferente, mais na parte de trás da tenta, menos iluminado, com um algumas caixas e quase sem pessoas andando. Mais ao fundo tinham umas coisas cheias de vagões, parecidas com um trem, mas não tinham trilhos e sim rodas, além de serem todas coloridas e enfeitadas. Tinham duas, cada uma com cinco vagões, além de caminhões decorados do mesmo jeito. Estavam acesas, eu peno em ir ver o que eram e dou alguns passos na direção, mas acabo ficando com receio de me aproximar mais. 

Recuo alguns passos andando de costas e fico olhando para aquilo, ainda com medo e chorando um pouco. Apesar da aura boa do lugar, eu ainda estava perdida e sem saber que aquilo tudo era. Me viro para voltar junto das pessoas e tentar achar alguém que pudesse me ajudar, quando, literalmente, dou de cara em alguém.

Feita de Porcelana e Flores BrancasOnde histórias criam vida. Descubra agora