Prólogo

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Ela tem oito anos e oito meses e fazia questão dos oito meses. Ela mora em uma casa no campo -afastada da pequena vila - e não sabe exatamente aonde, mas sabe que aquela casinha e aqueles animais são muito importantes para os pais dela.

O campo é imenso e, é cercado por uma cerca velha. Plantas altas e flores, acompanham o caminho até a casa de tijolos brancos. 

Em uma das árvores existe um balanço de madeira que fora esculpido por seu pai há muito tempo atrás. Bem perto da casinha há um celeiro comprido, feito tijolos brancos e telhado de madeira. Naquele celeiro estão todos os cavalos, algumas vacas, ovelhas, porcos, patos e galinhas da família Corra.

Na mesma propriedade há uma casa minúscula - Bem menor do que a dos Corra - É ali que mora a família Cross.

Tudo isso era próximo de um bosque isolado, ninguém ia até ali, pois para chegar até ali era preciso descer a colina e atravessar a velha - E precária - ponte de madeira. Além de ter que passar por uma cordilheira no lado sul e pela fazenda dos Corra no lado norte. Naquele bosque era onde as flores floresciam.

A rotina da garota era cheia de tarefas: Ajudava a lavar roupa no riacho perto da vila Bubarry, varria a sacada da casa em que vivia, escovava os pelos dos cavalos e pegava os ovos das galinhas, além de fazer as lições com dedicação.

Gostava muito de aprender línguas, pois naquela pequena vila - E na cidade - cada um falava uma língua. Línguas de lugares que ela nunca havia escutado falar e línguas de vilas afastadas e diferentes da que ela estava acostumada - Ela adoraria saber um pouco mais sobre a cidade.

Ah, a cidade! Sonhava com a cidade todas as noites, quando não sonhava acordada.

Alguns diziam que era um lugar perigoso, outros que era um lugar grotesco, mas poucos diziam ser um lugar fascinante ou maravilhoso, por isso a garota queria conhecer: Para tirar suas próprias conclusões. Não tinha medo do que pudesse encontrar lá, queria ver as casas de tijolos escuros, as feiras de antiguidades e verduras, as pessoas de diferentes culturas e o castelo Rivercrossing.

Estava cansada da vila Woodland, com todas aquelas fazendas maiores, casas de artesanato, pessoas medrosas e das crianças sujas e sem educação.

Todos os dias eram iguais. Acordava cedo - Quando o sol nem ao menos havia nascido - e ia até o galinheiro. Voltava com duas cestas cheias de ovos. Tomava café da manhã com seus pais e ia andando até a Woodland, onde as flores nunca floresciam e onde todos viam tudo como perfeito. Lá ela vendia os ovos frescos, junto com o leite que seu pai havia ordenhado. Voltava rápido para concluir as suas tarefas.

Depois das suas tarefas estarem concluídas, aprendia com sua mãe: história, poções de cura, culinária, geografia, linguagens e artesanato. Nunca soube onde sua mãe havia aprendido todas essas coisas, camponeses não tinham o direito de terem conhecimento.

Pior do que as aulas de história eram as crianças da vila e, os defensores da caça às bruxas imundos.

Todas as crianças da vila e das fazendas próximas apoiavam a caça às bruxas, mesmo sem nunca terem sido ameaçados por elas ou de terem presenciado alguma bruxaria. Claro que ela acreditava, Sr. Ashlee - Sua mãe. - contava histórias sobre as bruxas do bem e do mal o tempo inteiro, apenas achava estúpido uma caça por uma espécie que não interferia na vida de ninguém.

Tudo era monótono e pacato para ela, tudo era cansativo.

Queria viver uma aventura e conhecer o mundo, mas todos diziam a mesma coisa: "Você é nova demais e, apenas uma garota, para fazer todas essas coisas, Courtney Corra!"

Até que ela viu uma estrela, através da janela de seu quarto.

A estrela fazia um caminho, até o meio do bosque isolado, calculou Courtney. 

"Eu desejo..."  murmurou ela.

Estrelas CadentesOnde histórias criam vida. Descubra agora