VII:As três estrelas cadentes.

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Courtney estava dormindo em sua cama quente e dura quando um brilho, tão brilhante quanto a luz do sol, passou pelos seus olhos, incomodando-a.

A menina sonolenta abriu seus olhos morosamente, com os olhos crispados, incomodada pela luminosidade intensa.

O céu estava estrelado, mas tão estrelado que Courtney quase não via o típico azul-marinho.

O céu estava com a cor da prata, as estrelas giravam em círculos perfeitos. 

- O que está acontecendo? - Perguntou-se Courtney enquanto sentava-se na cama com as pernas para trás do corpo e apoiava sua barriga contra o parapeito da janela.

De repente, a luminosidade intensificou-se, as estrelas brilhavam como o porta joias de uma rainha e, repentinamente apagaram-se, deixando o céu com sua típica cor obscura.

Courtney pegou o amuleto de bronze, agarrou-o com toda a força até seus dedos delicados de menina ficarem brancos.

Então Courtney viu três estrelas passarem por ela.

As três estrelas iluminaram o quarto da garota com suas caldas flamejantes cor de prata. Os livros antigos e mal conservados da prateleira da garota pareciam brilhar, a lamparina parecia estar acesa e as bonecas de porcelana de Courtney reluziam com o brilho prata.

O brilho prata refletiu-se nos olhos verdes da garota.

Courtney olhou para o amuleto em sua mão: As estrelas entalhadas brilhavam e aqueciam a mão da garota.

Courtney pulou pela janela, sem hesitar.

Siga as estrelas Courtney. 

Estrelas cadentes passaram por cima da garota que corria rumo ao bosque, iluminando os cabelos claros da menina e seu amuleto de bronze, ainda pousado na mão delicada de criança.

Courtney pulava as pedras acinzentadas no caminho, corria entre a plantação sem se importar com as plantas que arranhavam suas pernas e braços delicados.

Courtney seguia a estrela que corria sobre sua cabeça, iluminando tudo em sua volta, inclusive o bosque escuro e assustador.

Courtney atravessou as colinas altas de grama bem verde e, onde estava, já havia arbustos mais altos, flores mais coloridas e cheias de espinhos e, a velha ponte de madeira. 

A estrela corria, afastando-se de Courtney.

Tenho que atravessar. Pensou a garota olhando para a ponte precária.

Courtney pousou um dos pés sobre a madeira podre, pensava que iria cair, mas continuou.

Pé ante pé, cautelosamente, andava a garota sobre a velha ponte das bruxas.

As árvores ali tinham o tronco mais acinzentado do que as de onde Courtney vivia, - Árvores que pegaram fogo, diziam as lendas. - porém suas folhas eram tão verdes quanto as luzes dos vaga-lumes.

A garota continuou a correr atrás das caldas flamejantes das três estrelas cadentes, até que avistou os tijolos alaranjados que formavam uma única parede com um único espaço reservado para uma porta já ausente.

A garota passou por debaixo do portal coberto de musgo e flores pequenas, estranhando o formato anormal da floresta.

A floresta a sua frente era como um túnel redondo, o solo estava coberto de folhas alaranjadas e vermelhas, e as árvores eram inclinadas para o centro do túnel, formando um teto vermelho

- Que lugar estranho. - Comentou a garota para si mesma enquanto olhava para o teto abobadado.

Courtney seguiu correndo pelo túnel de árvores inclinadas, folhas e musgo, ainda vendo a luminosidade das estrelas cadentes que corriam por cima do túnel.

Alguns minutos se passaram até Courtney chegar em um espaço aberto entre as árvores.

O lugar era coberto por uma grama tão verde quantos os olhos da própria garota, flores coloridas cresciam em volta da grande e larga árvore que estava situada no centro daquele espaço.

Courtney olhou para cima. As três estrelas brilhavam sobre a árvore de longos galhos.

Courtney caminhou até a árvore e tocou o tronco acinzentado.

- É liso. - Comentou a garota estranhando a superfície.

- Bem-vinda, Courtney Corra! - Disse uma voz rouca e grave.

Courtney seguiu a voz com o olhar curioso, ali pousava uma bela coruja azul de olhos vermelhos vibrante.

A coruja voou até o outro lado da árvore e, Courtney, que era muito curiosa, seguiu o animal de penugem azul clara.

Courtney assustou-se quando viu a imensa moldura pousada na árvore acinzentada - uma moldura também acinzentada, brilhante como parecia prata, porém suja com musgo e já envelhecida.

- Olhe mais de perto. - Aconselhou a coruja que pousava sobre um galho mais baixo.

- Você não é uma coruja normal, não é mesmo? - Perguntou a garota observando o animal esquisito.

A coruja era repleta de pequenas pedras brilhantes e coloridas, - Como pedras preciosas. - e seus olhos grandes com cor de sangue tinham um brilho incomum.

Courtney olhou a moldura gigantesca e entalhada, tocou a moldura com o dedo.

A moldura refletiu uma luz prateada como as caldas das estrelas que havia seguido.

Estrelas CadentesOnde histórias criam vida. Descubra agora