Estrelas Cadentes

III:Tarefas.

Courtney abriu os olhos, fechou-os, abriu-os novamente.

Olhou pela fresta da janela: O céu estava repleto de tons de roxo e rosa, não havia amanhecido, mas Courtney levantou-se da cama mesmo assim.

Pés gelados no chão. Courtney pegou sua capa para se aquecer e, calçou os sapatinhos de couro.

Silêncio, além dos roncos preguiçosos de seu pai.

Abriu a porta da frente. Respirou o ar gelado, sentiu o cheiro das flores que brotariam em breve.

Andou sobre as folhas coloridas e molhadas com o orvalho.

- Bom dia, amiguinhos. - Courtney entrou no celeiro comprido e, abrindo as portas para os cavalos alegres, pensou em todas as suas tarefas. - Acordei mais cedo hoje, então terão mais tempo fora.

- Bom dia, Courtney! - Disse a voz fininha.

- Ah, não! - Murmurou Courtney.

- Não está feliz em me ver?

- Eu nem ao menos a vi! - Courtney abriu a porta larga, libertando todos os cavalos. - Você é tão pequenininha, Bubuly! - Exclamou Courtney.

- Aqui entre o feno! - Gritou o inseto brilhante e comunicativo.

Courtney parou perto do feno, olhou para o inseto saltitante e sorriu. 

- Oi, Bubuly! - Acenou e estendeu o dedo delicado. - Veio sozinha? - Perguntou a menina com o inseto verde e, agora com tons de roxo, em seu dedo.

- Bulgy está rabugento hoje. 

Courtney colocou o inseto sobre seu ombro, e continuou libertando os outros animais.

- Ah! - Gritou Bubuly. 

- O que foi? 

- Ovelhas... Não gosto de ovelhas. - Disse o inseto enquanto Courtney abria as portinhas baixas e libertava as ovelhas para um pasto separado dos cavalos. 

- Por quê? - Perguntou a menina curiosa.

- Fiquei presa nos pelos delas uma vez.

Courtney deu uma gargalhada.

- Tenho muitas tarefas. - Disse a menina soltando as galinhas que estavam presas em um galinheiro ali dentro. - Por que veio até aqui? - Perguntou a garota, que andava de um lado ao outro dentro do celeiro.

- Sasha mandou-me.

- Por quê? - A menina olhava para seu ombro, observando o inseto cada vez mais brilhante.

- Sundelly Feraly desapareceu, Sasha e a rainha acreditam que alguma bruxa a levou.

- Quem é Sundelly? - Perguntou a garota, que agora parecia indiferente enquanto ia até o recinto dos porcos.

- A princesa caçula.

- Por que uma bruxa iria querê-la?

- Sundelly é tão bela que todos a querem. - Disse o inseto preocupado no ombro de Courtney.

- Eles a querem apenas por que ela é bela? - Courtney parecia não acreditar.

Ashlee sempre dizia a Corra que a beleza não importava desde que fosse cortês. Courtney acreditava em outras coisas.

- Sundelly pode congelar homens, em consequência, exércitos inteiros, apenas com sua beleza.

- Então ela é uma sereia? - Disse Courtney, lembrando-se das histórias que havia lido.

Sereias hipnotizavam os marinheiros que estavam há muito nos mares turbulentos, eles caíam nas águas geladas e congelavam, sendo impedidos de invadirem os reinos.

- Não, Courtney! - O bichinho parecia estar perdendo a paciência. - Mas as coisas estão tomando formas misteriosas em Feraly. As fazendas não são tão férteis, árvores não dão frutos, flores não florescem e o gelo está enchendo os bosques, e estamos no outono! 

- Não posso ajudar, Bubuly. Tenho muitas tarefas e sou apenas uma garota.

- É isso que disseram a você, Courtney? - Perguntou o inseto vibrante e desafiador.

Courtney lembrou-se de todas as vezes que disseram a ela que não poderia aventurar-se e viver uma viva diferente de todos os camponeses de Rivercrossing. Sentiu-se sozinha e sem esperanças.

- Por que eu? - Perguntou a garota, parando em meio ao pasto verde onde ficavam as vacas.

- Você é a herdeira, Courtney. Herdeira da legítima de Cora Corra.