Quando Albert Einstein morreu aos 76 anos, em 1955, houve uma enorme
curiosidade sobre o cérebro mais famoso do século XX.Supondo que algum aspecto
físico deveria ter criado tal gênio, foi realizada uma autópsia. Contrariando as
expectativas de que grandes ideias requeriam um grande cérebro, o cérebro de
Einstein na verdade pesava 10 por cento menos que a média. A medicina estava
apenas no início da exploração genética, e teorias avançadas sobre como as
conexões sinápticas se formam seriam formuladas décadas depois. Tanto as
pesquisas genéticas quanto as teorias sobre o funcionamento do cérebro
representam drásticos avanços no conhecimento. Não podemos ver os genes em
funcionamento, mas podemos observar os neurônios criando novos axônios e
dendritos até os últimos anos de vida, o que nos dá enorme esperança na
prevenção da senilidade, por exemplo, e na preservação indefinida de nossa
capacidade mental. (A capacidade do cérebro de fazer novas conexões é tão
incrível que um feto prestes a nascer forma 250.000 novas células cerebrais por
minuto, gerando milhões de novas conexões sinápticas a cada sessenta segundos.)
No entanto, ainda somos tão ingênuos quanto os jornalistas que aguardavam
ansiosamente para dizer ao mundo que Einstein possuía um cérebro fantástico –
ainda enfatizamos o físico.
Não se dá a devida importância à maneira como uma pessoa se relaciona com o
cérebro. Sentimos que, sem desenvolver um novo relacionamento, o cérebro não
pode ser solicitado a fazer coisas novas e inesperadas. Vamos pensar em crianças
desestimuladas na escola. Esse tipo de aluno existia em todas as classes que
frequentamos e geralmente se sentava nas últimas fileiras. Seu comportamento
obedece a um triste padrão.
Primeiro a criança tenta acompanhar os colegas. Quando não consegue,
qualquer que seja a razão, o desânimo se instala. A criança deixa de se esforçar
tanto quanto os colegas que alcançam sucesso. A próxima fase é tumultuar a aula
com brincadeiras para chamar a atenção. Toda criança precisa de atenção, mesmo
que negativa. Esse tumulto pode ser agressivo, mas depois a criança percebe que
nada de bom está acontecendo e que seu comportamento gera desaprovação e
castigo. Então ela entra na fase final, que é a do silêncio triste. Não faz mais
nenhum esforço para acompanhar a classe. Os colegas a classificam como lenta ou
burra, uma excluída. A escola se transforma numa prisão, em vez de ser um lugar
de enriquecimento.
Não é difícil entender como esse ciclo comportamental afeta o cérebro. Hoje
sabemos que os bebês nascem com 90 por cento do cérebro formado e milhões de
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SUPER CÉREBRO
AcakQuando o mundo estiver unido na busca do conhecimento, e não mais lutando por dinheiro e poder, então nossa sociedade poderá enfim evoluir a um novo nível.