Olhei para o lado e tudo que conseguia ver eram aquelas imagens horríveis se manifestando novamente.
-Mas que droga!!- Não conseguia parar de ignorar aquilo.- O que é que está acontecendo? - pensei - porque comigo Deus?-Julia?-olhei imediatente- A Lídia está chamando.
-Já vou.- Preciso ignorar isso, vamos lá é simples, só... pense em outra coisa.- eu repetia para mim mesma em pensamento.
-Eaí? Vamos brincar de quê hoje?- Perguntava Lídia com um sorriso no rosto.
- Sei lá, diz você.- falei forçando um tom animado em minha voz.
-Vamos brincar de escolinha agora e depois de compras, okay?- Sugeriu Lidia.
-Tá, okay.- concordei.
Entrei em sua casa e o Julio, chamado por nós familíares de Julinho, veio logo atrás de mim. Tudo parecia tranquilo, então fui até a cozinha acompanhada por Lídia, bebi alguma coisa e fomos diretamente para o seu quarto.
O ambiente me deixava um pouco desconfortável, no momento não era algo com que se preocupar, eu só não sabia muito bem como me sentir a vontade na casa de amigos.
Depois que perdi a vergpnha e o desconforto, passei horas brincando, não só na casa dela mas com algumas outras crianças vizinhas. No fim da tarde voltamos para casa exaustos.
Daí, começei a sentir uma sensação estranha, mas familiar.
A partir dessas sensações nem um pouco boas acontecendo com mais frequência, começei a perceber quando ela estava vindo, os tipos de barulhos ambiente que eram como imãs para essas vozes que sussurravam em minha mente e ouvidos, junto com essas imagens que cegavam minha vista da vida real, e o momento em que elas iam embora. Até mesmo aprendi a como conviver com elas.
No ínicio tudo era mais assustador, mas depois, bem, não deixou de ser, mas pelo menos eu sabia quando começariam e teria tempo para me preparar. Voltei pra casa e segui os procedimentos daquela situação desnecessária.
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Isso durou anos e anos, eu nunca soube ao certo se isso seria para a vida inteira ou passageiro. Me mudei quatorze vezes em dezesseis anos, e em todas as quatorzes vezes eu já sabia quando começaria, quanto tempo duraria e quando iria terminar.
Não era conhecidência, eram todas as vezes sem ecxeção, só bastava nós nos mudarmos que tudo iniciava, sempre do dia em que chegavamos até um mês depois ou um mês e meio. Dependendo de como eu reagia a cada vez, o tempo mudava, talvez para mais, talvez para menos.
XxxxxxxxxxxxxxxxxxXAbro os olhos devagar. Tudo o que enxergo são criaturas submundanas. "Ah droga! Vocês não! Abre os olhos, Julia! abre os olhos, abre os olhos!! Meu Deus eu ainda estou aqui, isso é um sonho, eu sei que é. Deus me ajuda, me dá coragem pra gritar, eu preciso de um impulso. Só de um impulso e está feito.
Abro os olhos de verdade agora, olho ao redor, sinto uma grande presença maligna e imediatamente um grande arrepio percorrer em meu corpo, subindo lentamente da ponta dos pés até a ponta do meu último fio de cabelo.
Puxo o cobertor com rapidez e tento enrola-lo em meu corpo, mas o medo é tanto que...- Droga!
Puxei o cobertor com força, o qual estava embaixo do meu corpo que agora parecia que estava numa poça d'água de tão molhado de suor."Pensa rápido!! É agora ou nunca."
Finalmente me cobri quase que por inteira, menos a cabeça e os pés.
Eu sei, por que não os pés? Porque eu me sentia bem assim. Por incrível que pareça eu não tinha medo de puxarem meu pé...""Deus o impulso ,Deus o impulso!"- Súplicava em pensamentos.
-Manhêeeeeeee!!!- Gritei.
"Ah meu Deus! Eu consegui, agora só mais uma vez!" -pensei.-Manhêeeeeeee!! - Gritei novamente.
"Ah meu Deus mãe! Alguém me ajuda!"-pensei novamente.-Julia!- minha mãe aproximou-se de mim, ainda com cara de sono e perturbadoramente assustada.- O que foi?
- Eu tive um pesadelo...
- Ah... foi isso?- agora estava com o semblante menos assustado- Venha pra minha cama.
- Mas e o painho? Não vai ficar apertado não?
-Não vai não, venha.
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Mais uma mudança, e com ela eu sempre levava sem querer minha caixa velha de perturbações. Não havia um jeito, acho que nem um psicólogo ajudaria, porque no fim não era de mim que aquelas coisas se alimentavam, pelo menos eu acho que não, era como se eu fosse a escolhida para se encarregar de coisas desse tipo.
Enfim, nós nos mudamos pela nona vez, para uma casa enorme, linda e cheia de coisas antigas e ao mesmo tempo modernas para eu e meu irmão brincarmos. Um exemplo bem legal é um cofre na parede de um dos quartos, onde tratei logo de descobrir a senha para usufrir de imediato.
A casa além de ser bonita por fora era também por dentro. Em seu interior, mantia uma imagem meio rústica, principalmente pela cor do ambiente que era de uma cor escura deixando a casa por parte sombria.
De ínicio meus pais fizeram um tipo de acordo com alguns parentes nossos, para morarmos todos juntos contanto que houvesse a divisão do aluguel, somando assim oito pessoas na casa, fora os 3 cachorros que timínhamos.
A casa obtinha cinco quartos, sala de visitas e sala de vídeo, três banheiros sendo um deles suíte, a área de lazer, a área de trabalho, o quintal e a garagem.
A casa tinha espaço suficiente para todas essas pessoas que vinham morar conosco, que por sinal eram mais que bem-vindas por serem da família e tão íntimas.
Meu bisavô Argenor, minha avó Maura , minha bisavó Maria e minha tia Júliana vieram então morar com a gente, e tudo rolou tranquilamnete, pelo menos pra mim que tinha apenas 9 anos e era uma criança que não via problemas em quase nada.
Já instalados todos os oito, minha rotina anual começou, pesadelos, vozes em sussurros e imagens horripilantes por alguns meses. Como se já não bastasse, o sonambulismo veio com força total desde a última vez, sonambulismo esse que todos achavam normal... até coisas estranhas começarem a acontecer.
Meu sonambulismo, minhas conversas noturnas e meu desespero solitário e singular que eu fazia questão de não demonstra-lo ao anoitecer.
Quando isso iria acabar finalmente? Por quanto tempo iria continuar perturbada? Será que é passageiro? Será que é para a minha morte?
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Meu Passado Ainda Vive
HorrorHoje,apesar de ter apenas 16 anos,acho que pareço mais uma velhinha com um passado cheio de histórias que o fazem parecer longo. Viver o que eu e minha família viveu não foi fácil. Encarar o sobrenatural não é fácil nem nunca vai ser. Apesar de ter...