MINHA ENORME CASA

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Finalmente- Pensei - um quarto só pra mim!

-Julia! A mainha disse que ficaremos no quarto entre o banheiro sócial e o suíte!- falou meu irmão animado, interrompendo meus belos pensamentos de liberdade e consumo próprio.

-Eu e tu de novo?- falei desanimada.

-Claro né! E na verdade a vóinha também. É muita gente pra cinco quartos. E além do mais, você tem medo de escuro! - insinuou meu irmão esperando que eu revidasse.

De fato eu revidei- O único que tem medo de escuro aqui é você seu medroso!- Eu sabia que era mentira, eu me fazia de forte mas morria de medo de a noite encontrar alguma coisa sobrenatural ao meu redor e não ter ninguém para dividir o medo comigo e me proteger.

Meus pais nos viam como irmãos que brigavam feito gato e cachorro, é claro eu era o cachorro, o mais forte e malvado da história, meu irmão sempre visto como o gatinho indefeso e bobo.Mal sabiam eles que quando não estavam ele era o gato mais briguento em pessoa. Okey, eu admito, eu batia muito nele mas, porque ele era muito chato. No fim da história nós erámos e somos até hoje do tipo de irmãos que se bate mas não permite que qualquer outra pessoa bata, somos parceiros até o fim, com ecxeção na questão de dedurar algo de errado feito por um de nós para os pais é claro.

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Após termos nos instalado cada um com seus companheiros de quarto, me sentei na cama, tranquila e calma.
Minha avó Maura veio em seguida, e instantes depois, meu irmão.
Nos instalamos os três no quarto menor da casa. Não era tão ruim assim, quanto mais pessoas no quarto, mais proteção.

Deitei-me aconchegando-me no colchão macio da beliche.

-Ufa! Agora posso descansar- Pensei.

Parei por alguns segundos com os olhos fechados. Um frio percorreu meu corpo que ficou suando frio em segundos.
-Droga!- Pensei decepcionada- esqueci a cerimônia de casa nova! -Eu não podia ignorar aquilo, não era simplesmente fechar os olhos, pensar em outras coisas e tudo passaria. Não, era como se aquilo fosse necessário, como um ritual.

-Vó!- Gelei ao ouvir o som da minha voz- Vó? Está acordada?- não obtive resposta dela, nem ao menos do meu irmão. Mas já era de se esperar, meu irmão era sempre o primeiro a pegar no sono e o único a dormir feito pedra.

Respirei fundo e intensamente, nesses três segundos eu já havia gasto quase toda a coragem de chamar por alguém.

-Ai meu Deus- suspirei- vóinha?

-Oi? O quê? O que foi?- Ela finalmente acordou.

Obrigada Deus!- pensei aliviada- Não é que...eu não estou conseguindo dormir. A senhora pode ascender a luz, por favor?

-Oxe pensei que era outra coisa!- levantou-se de imediato e sem exitar ascendeu a luz e deitou-se novamente.- Está bom assim?

-Está.

Em seguida tampei meus ouvidos com as duas mãos ao ve-la virar para o outro lado. Sabia que o "ritual" iria começar.

*vamos separar seus pais*
*Não adianta tentar fingir que não me escuta!*
*Abra os olhos*

Me sufocava ao ouvir cada palavra, cada murmúrio, cada imagem.
Abri os olhos, as imagens já estavam lá, destorcidas, como um quebra-cabeça que eu montava automaticamente.
As imagens emitiam sons, era como o som que acompanha um video, o próprio som das imagens e ao mesmo tempo as vozes aleatórias de repressão e agônia.

Tempos depois tudo, mas tudo havia passado, até o medo.Dormi tranquila novamente, eu já sabia que o resto da noite não haveria mais coisas desse tipo.

Meu Passado Ainda ViveOnde histórias criam vida. Descubra agora