Depois De Dormir...

Lembranças

Abri meus olhos e me deparei com o reflexo perfeito de uma parede coberta por um espelho gigante. Admirei aquele anjo vestida de noiva em minha frente. O vestido longo e branco delicado mas com bastante volume ,e uma calda grande e pesada. Tinha detalhes de pérolas nos ombros e um desenho maravilhoso no torso me deixando com um peito que não tenho. Minha cintura ficou tão bem desenhada em uma grande curva violão. Como um vestido podia fazer isso?!

Me desconcentrei um pouco do vestido e olhei ao lado onde estava minha mãe chorando. Ela estava linda, seus 45 anos nunca pareciam se revelar, com um vestido longo e liso, cor de lavanda e um penteado de coque caído para o lado. Sem cabelos brancos. Apenas algumas mexas com um loiro caramelado.

Suas lágrimas não borravam a maquiagem leve que ela estava usando. Seu rosto parecia mais jovem que o meu. Sua pouca altura também influenciava isso, todos sempre acharam quê por ela ser mais baixa e mais bonita, era minha irmã ou minha filha.

- você está linda. - ela sussurrou limpando as lágrimas.

Concordei com a cabeça a olhando. Não a via a tanto tempo que nasceu em mim uma força para abraçá-la. E fiz. Saí da frente do espelho

e a Fechei em um abraço apertado, mesmo que o seu pescoço ficasse na altura dos meus antebraços, tive cuidado para não machucá-la e muito menos rasgar o vestido de anjo que eu estava usando.

- que saudade de você Mãe! - eu disse afundando meus braços em seu pescoço.

Ela não se moveu. Estava com alguma coisa nas mãos que não á deixava retribuir meu abraço. Me afastei para olhar o que era. Uma caixa azul, aveludada daquele tipo que você se vicia só de tocar.

- o que é isso Mãe? - falei com uma delicadeza que uma professora etiqueta falaria.

Ela sorriu e limpou as últimas lágrimas, abrindo a caixa que ,em seguida, brilharam uma travessa de ouro branco coberta por diamantes em flores delicadas e incrivelmente pequenas. Ela tirou da caixa e me entregou. Aquilo era tão delicado e caro que tinha medo de tocar e ele se degenerar na ponta dos meus dedos.

- é lindo.- eu disse passando minha mão esquerda pelo braço direito.

Só nesse movimento pude perceber que usava luvas que saiam do centro de meu terceiro dedo e passavam pelo cotovelo em um branco perolado e macio. Era seda pura. Nunca tinha sentindo tanto a suavidade disso como estou sentindo agora. Parece que estou tocando em uma nuvem.

- Sergay já está chegando para fazer o penteado. - ela disse guardando a tiara novamente e indo até a porta.

Obviamente eu estou vestida de noiva e vou me casar, mas como?! Voltei a me olhar e dei um close em meu rosto, que não parecia meu. A maquiagem leve e um pouco cintilante combinava com o vestido e realçava meus olhos verdes e mesmo com meu cabelo preso em arcos grandes, ficava perfeito.

- finalmente! - desabafou minha mãe abrindo a porta.

Um ser passou por aquela porta, só não consigo descrever exatamente o que era. Um homem baixo e magro com braços definidos usando uma calça preta e uma camisa regata nas cores do arcos - íris com um unicórnio no centro. Ele era branco, como eu, e tinha cabelos negros e lisos. Trazia consigo, uma maleta cinza que tentava imitar o ferro. Ele a deixou em cima de uma penteadeira de madeira clara que eu não tinha nem notado que estava lá. O lugar não tinha janela, era só quanto paredes brancas e uma com um espelho coberto.

- desculpe minha amore. Você sabe como é o trânsito de New York. - ele falou abrindo a maleta que se dividiu em vinte pedaços cheios de acessórios que eu não sabia nem que existia.