Meus tratamentos

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Recebo a mensagem de Keira na saída da aula. Não entendi o motivo de ela se sentir culpada... Mas depois falo com ela pelo Skyper.
A universidade ficava vazia aos poucos. Alguns alunos que viviam aqui foram para seus quartos e os outros,como eu, saíam pela porta da frente calados. Ou pelo menos pareciam calados.

Eu não dava atenção aos ruídos do mundo exterior. Minha mente se ocupava com a minha pequena lista de compras. Coca-cola,Energético e vitaminas,só tenho um pequeno problema: não vou ter dinheiro para voltar pra casa depois que comprar meus "remédios". Esse pensamento me fez parar no meio do estacionamento e ficar  olhando o nada como uma sonsa(a que realmente sou).

Quando minha cabeça pareceu voltar a funcionar,buzinas e ameaças de atropelamento soavam ao meu redor junto com xingamentos não muito agradáveis...

Voltei a andar,fui até um ponto de ônibus do outro lado do campus e fiquei lá esperando um que me levasse para o Brooklyn. Mas acho que os ônibus dessa linha devessem ter explodido,pois não davam sinal de existência.

Esperei mais meia hora,já era 18:40 e já estava ficando escuro. Eu devo ter cochilado e perdido a droga do ônibus! O pior é que já estou ficando com sono,mas não posso dormi!

Explodi em minha mente e levei o rosto até as mãos em sinal de puro desespero. O vento gélido passou e levou meu cabelo ruivo,fazendo uma cortina laranja se expandir a 15 cm de meu ombro. Um tipo de cena de clip musical.

Mas um carro vermelho parou em minha frente - Um daqueles tão caros que valem mais do que você mesmo - o vidro preto mostrava o reflexo perfeito do que imaginava ser eu,uma pálida,descabelada,apavorada. Não... mudando de idéia,sou eu mesmo.

O vidro abaixou fazendo um pequeno ruído automático,mas era um ruído tão elegante e tecnológico que você se imaginaria em uma nave espacial.

— quer carona? — perguntou uma voz masculina.

O rosto do homem surgia conforme o vidro iria desaparecendo. A feição conhecida surgiu me recebendo com um sorriso simpático. Era Ed.

Arqueei uma de minhas sobrancelhas ao vê-lo. Ou pela pergunta,talvez a resposta fosse óbvia. E eu nunca percebi como o sorriso dele era bonito, mesmo no escuro os detalhes do rosto de beleza clássica apareciam como em um quadro.

— não sabia que crianças podiam dirigir. — disse o encarando com os braços cruzados.

Ele estava com um dos braços na janela e com o outro no volante, depois de ouvir o que eu disse ele olhou para cima e suspirou uma pequena gargalhada.

Não aguentei e rir também. Mas abaixei o rosto e neguei com a cabeça durante o ato. Meus longos cabelos escorreram por meu rosto e formaram nuvens ruivas em minhas bochechas.

— Srt. Soherphe, eu não sou tão novo. Diria que temos a mesma idade.— ele disse por fim,querendo encontrar meus olhos.

A expressão em seu rosto dizia que ele estava pronto para um desafio. Um desafio comigo. Um desafio pra mim. Uma expressão dizendo: mostre suas armas.

Levantei o rosto,mas meu cabelo ainda ficou em frente a um dos olhos, olhei para ele prendendo um sorriso bobo.

— eu tenho vinte. — sussurrei.

— você tem idade pra ser minha...— ele colocou as mãos no queixo e olhou para cima.

— nada muito velho,eu não participei da segunda guerra mundial. — resmumgeui revirando os olhos.

— iria dizer minha irmã gêmia. — ele disse fingindo estar desapontado.

A expressão de criança perdida que ele fez me fez cair na risada. Nunca rir tanto na frente de alguem que eu conheço a menos de algumas horas.

Depois De Dormir...Onde histórias criam vida. Descubra agora