Capitulo 3

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Sirvo o café calada e séria enquanto Marta e seus filhos tagarelavam sobre alguma coisa, Luís tinha o jornal sobre o rosto, mas podia sentir seu olhar maldoso sobre mim, ao servir todos saio dali indo para cozinha, lavo a louça distraída quando sinto um abraço sufocante ao redor da minha cintura, me viro e arregalo os olhos, lá estava ele para mais uma tentativa do dia, nunca me deixaria em paz, era terrível.

- por favor, pare.

Digo ao sentir sua barba roçar por meu pescoço, no qual ele beijava, apertava os olhos de nojo e repulsa, as lágrimas já saiam descontroladamente.

- Oh não seja tão difícil, vamos pro quarto.

Ele me arrasta pela cintura, me debato entre o caminho, sua mão cala-me a boca e eu sinto o suor frio descer por meu rosto, tentava arquitetar um plano em minha mente para escapar das mãos daquele velho nojento, mas o medo consumia cada vez mais o meu extinto de defesa. Abro os olhos quando vejo o quarto, precisava fugir, não seria agora. Não! Sou jogada na cama como uma boneca de pano e logo ele estava em cima de mim prendendo meus pulsos acima da cabeça, sua mão livre rasgava meu vestido na parte dos seios enquanto sua boca abocanhava um deles, eu gritava implorando por ajuda, mas era como se ninguém me escutasse, como se meus gritos saissem como sussurros, as mãos dele deciam mais rasgando o fino pano de tecido branco, até que eu senti minhas pernas livres, sim. Minha válvula de escape, em um movimento certeiro meu joelho bate contra o saco escrotal de Luís o fazendo gritar de dor e cair para o lado com as mãos entre suas pernas, levanto segurando o resto de roupa que tinha contra o corpo e o olho cuspindo em seu rosto.

- VOCÊ ME PAGA, VIVIAN!

Ele grita e toda adrenalina que corre por meu corpo me faz ter uma coragem absurda, coragem de abrir as grades da minha gaiola e fugir, enfrentar um dos meus maiores medos. Quando cheguei aqui lembro-me bem das palavras de Luís sobre fulga.

- me escute aqui sua pirralhinha, se caso, uma vez tentar fugir, irei arrancar todos os seus dedos, um por um, pois não adianta pequena Vivian, você é minha! Te caço até no inferno, um inferno onde eu sou o diabo.

Ele disse com um sorriso macabro nos lábios e os olhos arregalados, vermelhos com as pupilas pretas, olhos que me causavam calafrios. De início achei que fosse apenas para me assustar, tinha 9 anos,mas não era qualquer coisa que me assustava, até ver com meus próprios olhos, Craw, meu melhor amigo ali, sim eu havia feito um amigo, ele trabalhava na fazenda cuidando dos animais, conversamos a noite antes de dormir, já que dormiamos no mesmo " quarto " ele tentou fugir após receber uma surra por ter feito algo errado no trabalho, acharam ele um tempo depois e no meio de todo pátio, na presença de todos, ele foi cortado, várias partes de sua pele ficando em carne viva, depois jogaram álcool, Craw gritava e se jogava no chão pedindo por água, eu podia sentir a dor dele e não pude fazer nada para ajudar, simplesmente assistir o meu amigo ter sua pele corroída. Anos mais tarde ele fugiu, e nunca mais foi encontrado.

Mas, eu tinha que experimentar, correr esse risco, eu não pensava em mais nada e quando dei por mim já pulava pela janela que por Deus, estava o aberta. A janela não era muito alta já que o quarto ficava no 3• andar, acabei ralando o joelho, mas só senti depois, me recuperei da queda e tudo que o fiz foi correr, corria floresta adentro, corria com toda força que minhas pernas poderiam aguentar e usando todo ar dos meus pulmões, estava fugindo do meu inferno em busca de um paraíso..

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