4 dias antes...

97 11 1
                                    

4 dias antes...

Terça-feira

Quando me levantei a minha mãe não estava em casa e o meu pai já tinha ido trabalhar. Talvez assim fosse melhor. Não teria de lhe dizer que ia num encontro com o Justin.

Ontem adormeci muito tarde. Se o Valetes tinha estado no meu quarto, quem é que me garante que ele não continua lá? Não tinha coragem de procurar. Portanto, fiquei quase duas horas a olhar em volta. Cada vez que ouvia um barulho, dava um guincho.

E agora ainda sabia mais: foi o Valetes que fez com que a minha mãe descobrisse o caso do meu pai com a ruiva.

A manhã passou rápido. Recebi o teste de Ciências. Tive 15. Pelo menos isso...

Eu e o Justin fomos almoçar juntos. Eu trazia o meu triquini na mochila e imenso auto-bronzeador. Tinha um pressentimento que ele me ia levar à praia.

Entrámos dentro do carro.

-Preparada? -perguntou ele. Acenei e sorri em resposta.

Passámos a viagem a ouvir Shawn Mendes. Tenho granda crush nele e não parava de o comentar durante a viagem.

-Tens de admitir que eu sou muito mais giro do que o Shawn Vozinha Fina. -disse o Justin, um pouco irritado, no bom sentido.

Ignorei e continuei a cantar.

You know I can treat you better
Than he can
And any girl like you deserves a
Gentleman...

...

A uma dada altura do caminho, o Justin pediu-me para pôr uma venda nos olhos. Sorri e fiz o que me pediu.

Passados uns minutos o carro parou. O Justin ajudou-me a sair do carro. Mal saí senti o aroma da maresia. O Justin conduziu-me até sentir areia fina a tocar--me nos pés. Finalmente tirei a venda. À minha frente encontrava-se um mar azul. Mas não só azul, um azul especial.

- É aqui onde tu levas todas as tuas namoradas? -questionei, apercebendo que esta era a pergunta mais estúpida do século (tirando aquela do teste de FQ) dado que fui a sua única namorada durante 2 anos.

- Não, apenas as mais especiais.

Olhei para ele a sorrir. Virei a cabeça, fitando o mar. De repente, deixei de sentir o chão, quando dois braços fortes me ergueram no ar. O Justin correu para água comigo ao colo. Eu guinchava e dava-lhe murros nas costas.

-Para Justin! Para!

Ele ignorou-me e continuou a correr, agora mais rápido.

-PARA! -gritei, antes de ele me atirar ao ar. Durante alguns momentos, senti que estava a voar. Só me apercebi do quão perto estávamos da água quando o meu corpo ficou completamente gelado. Senti água a entrar na boca e em todos os orifícios da minha roupa. Rezei a Deus por o meu telemóvel não estar no bolso.

De seguida, vi o Justin, ainda fora de água, a tirar a T-shirt. Depois, ainda com as calças de ganga, saltou para dentro de água e abraçou-me enquanto se ria.

- És um estúpido. -ele continuava a rir. Estávamos todos molhados e as outras poucas pessoas na praia olhavam para nós. - Mas eu adoro-te.

Beijei-o e ficámos assim, agarrados um ao outro e cheios de frio.

...

Não nos largámos no resto da tarde, menos quando me mudei para o triquini. Ou íamos à água ou ficávamos a apanhar banhos de sol, com as mãos dadas.

Por volta das sete da tarde, quando a praia já estava completamente vazia e o sol quase a pôr-se, o Justin abriu o cesto que trazera e tirou de lá de dentro comida.

Ficámos a conversar, sentados um ao lado do outro.

-Justin? -perguntei. Ia-lhe contar acerca da pessoa que me tem andado a ameaçar. Quem sabe o que o Valetes pode fazer ao Justin.

-Sim?

-Tenho uma coisa para te contar.

Ele olhou para mim, com uma expressão divertida e, ao mesmo tempo, confusa.

-O que foi, Car?

-Eu tenho... tenho... -comecei, olhando o mar.

Finalmente, fitei-o e disse:

-Eu tenho sido ameaçada.

Ele olhou não parou de olhar para mim, e a sua expressão divertida desapareceu. Perguntou:

-Por quem?

-Não sei. -voltei a fitar o mar- É anónimo.

-E já falaste com os teus pais?

-Achas? Eles estão demasiado.  ocupados com uma... uma cena.

-O quê?

-Estão a lidar com... uns problemas.

-Como assim? -agora parecia mais preocupado.

Respirei fundo antes de responder:

-O meu pai traiu a minha mãe. -ele ergueu as sobrancelhas- E a minha mãe descobriu... que eu sabia antes dela.

Comecei a sentir vontade de chorar, e o Justin reparou.

-Pronto. -disse ele, aproximando-me de mim e abraçando-me- Não penses nisso.

Ficámos abraçados, a olhar para o mar, com a praia vazia e com o sol a pôr-se.

Lacrimejei. Não por tristeza. Não por medo.

Foi por causa do Justin. Por estar completamente apaixonada por ele e, ao mesmo tempo, saber que, por isso, ele está em perigo.

***

Olá toda a gente! Espero que estejam a gostar do livro. Só para avisar que o proximo vai ser MUITO pequeno. Tipo, mesmo MUITO MUITO MUITO pequeno.

Ok?

Ok.

Death Call #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora