Agosto de 2027 arredores de São Gabriel da cachoeira AM
Joaquim questionava se tinha feito uma escolha sábia em vir para o Amazonas tentar a sorte, o calor e os mosquitos incomodavam, porém o isolamento era o pior. Joaquim encontrava-se em uma área de floresta distante de qualquer cidade, sua missão era localizar "trabalhadores" para uma carvoaria.
"Essa porra de lugar parece um inferno verde! Já gastei 3 frascos de repelente e esse calor parece que vai derreter minha pele. Às vezes eu penso se valeu a pena ter saído do Ceará... Lá não era grande coisa, mas pelo menos eu vendia uns baratos, comia umas putas, tinha um motor da hora."
Joaquim estava acampado em baixo de um imenso Jequitibá, seu rifle de caça descansava ao lado apoiado no tronco da árvore, na cintura portava uma faca de lâmina longa e serrilhada próxima ao cabo. Nas mãos segurava uma marmita contendo farofa de pato que comia distraidamente, a cada duas ou três colheradas era necessário tomar um gole d'água devido a secura do alimento. O dia estava quase no seu fim e Joaquim esperava que assim o calor desse uma trégua, ele passaria a noite ali em sua rede já devidamente armada, presa em duas pequenas árvores.
— Amanhã com certeza eu vou achar! — Pensou Joaquim em voz alta —
Joaquim foi despertado pelo som de macacos que faziam uma algazarra pulando de galho em galho no alto das árvores. Desceu da rede e tirou um cigarro do bolso da camisa de mangas longas, acendeu e tragou a fumaça saboreando-o sem presa, em seguida desarmou a rede, apagou a fogueira e recolheu o restante de seus pertences. Ele já estava naquela empreitada há quase uma semana e já estava na hora de obter resultado.
"Ontem antes de chegar aqui eu vi uns rastros de pés descalços, com certeza estou no caminho certo."
O caçador cuspiu a bituca de cigarro no chão e esfregou o pé em cima dela, não que ele se preocupasse com a floresta ou animais, só não queria chamar a atenção para si. Ele devia ser ágil e discreto em sua busca evitando ao máximo contratempos desnecessários, afinal estava buscando indivíduos acostumados a vida selvagem. Apesar de ainda ser cedo o calor já castigava a selva amazônica, as frondosas copas das árvores formavam uma cobertura natural que gerava uma enorme sombra fragmentada no chão da floresta. Joaquim caminhava cautelosamente tomando um gole de água de vez em quando.
"Que vontade de foder! Não aguento mais bater punheta. Preciso de uma buceta apertadinha..."
Joaquim era um homem viciado em sexo, no entanto era igualmente viciado em dinheiro o que o levou a embarcar nessa jornada para localizar "trabalhadores" para uma carvoaria ilegal no AM. Ele não gostava de fumar, porém aquele era o único meio de aliviar o horrível tédio que sentia naquele local deserto. De repente o caçador ouviu um barulho de algo se mexendo nas folhagens atrás de si, ele rapidamente apontou seu rifle na direção de onde o som tinha vindo... Suor escorria por seu rosto, não por medo, apenas por causa do calor mesmo. Depois de mais alguns segundos houve uma nova movimentação nas folhagens e o que estava oculto se revelou.
"Era só uma porra de uma cobra."
Após isso Joaquim continuou seguindo a trilha.
Depois de caminhar quase o dia todo desviando de árvores, saltando riachos e lamaçais Joaquim finalmente encontrou uma evidência de que estava no caminho certo.
"A aldeia deve estar próxima."
O objeto encontrado era um colar indígena feito com sementes e penas de aves, com o ornamento em mãos Joaquim seguiu com um ânimo renovado. Num determinado ponto do caminho Joaquim começou a ouvir alguns sons que pareciam de várias vozes, com cautela ele esgueirou-se por entre as árvore para poder ver de onde vinha esse som.
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O legado de Caim
General FictionCaim Fonseca ficou nacionalmente conhecido após seu diário ter sido encontrado. Esse diário relatava uma grande série de assassinatos cometidos pelo mesmo inclusive o do próprio pai, na época a polícia com ajuda do mesmo consegui encontrar os restos...